06/12/2009
Marconi evita polêmica com pepistas
Em Trindade, senador pede debate de ideias em 2010 e diz que governo do PP deve decidir se vai tratar bem PSDB
O senador Marconi Perillo (PSDB) prefere evitar polêmica sobre o possível embate entre o PP do governador Alcides Rodrigues e membros do partido tucano. “O governo é que vai decidir se vai tratar bem o PSDB ou não”, frisou Marconi, ontem. Na quarta-feira (2) houve confraternização entre o senador e deputados federais e estaduais do PSDB. A ala mais radical defende o rompimento com o partido de Alcides, mas há os mais moderados que preferem esperar o andamento natural da situação.
A declaração de Marconi ressalta a postura que ele vem adotando como pré-candidato ao governo do Estado em 2010. O senador tenta ao máximo evitar discussões polêmicas e sempre aponta para o debate de ideias e projetos. “As pessoas não querem política para a guerra. Querem propostas”, disse ontem, em Trindade. Ele esteve no município pela manhã para visitar as novas benfeitorias da Vila São Cottolengo e doar uma tonelada de carne para alimentação dos 365 internos da instituição. Ainda no âmbito político, afirmou que o escândalo do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), não influenciará nas eleições de Goiás. “O caso Arruda é um problema do DF e não interfere em nada em Goiás.”
Marconi chegou na Vila às 10h20 e foi recebido pelo presidente da instituição, padre Éverson de Faria Mello, e pela diretoria administrativa, Vanyr Martins de Souza, que considera o tucano um amigo da casa. “Esta visita significa a reiteração de compromisso de fé, de vida, de solidariedade e de amor aos que mais precisam. É um compromisso com uma instituição que presta um serviço de alta qualidade e muito amor ao próximo. Quando venho aqui, renovo minhas energias, minha visão de mundo e de vida”, disse o senador na chegada.
Antes de visitar as instalações da Vila São Cottolengo, Marconi, mais uma vez, destacou o carinho que tem pela instituição e o espírito de fé. “É uma visita de coração, de fraternidade. Eu gosto muito de lembrar uma música da Igreja Católica: ‘Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas. Nas mãos que sabem ser generosas’”, diz.
Para ele, as visitas têm valor quando não possuem caráter político e são realizadas de forma rotineira. “É um compromisso de vida e não político. Eu mesmo colaboro com essa obra há muitos anos e acho que meu exemplo serviu para que outros pudessem colaborar.” Marconi garantiu que doará uma tonelada de carne por mês no próximo ano.
Ao saudar Marconi como benfeitor da instituição, padre Everson contou que, na época em que o tucano era governador, encontrou-se com ele em Paris. Contou que Marconi foi pego de surpresa pelo frio parisiense e correu para comprar um casaco. Depois, quando chegou a um restaurante climatizado, Marconi teve a ideia – prontamente relatada a ele, Everson – de promover um leilão da peça e que os recursos fossem destinados à Vila. E assim foi feito. O paletó pode ser visto na vitrine no hall de entrada do prédio principal da instituição. Padre Everson disse, ainda, que a visita de Marconi foi mais um “motivo de esperança” para a Vila São Cottolengo, porque o senador é um dos mais ativos colaboradores da instituição.
Emoção
Marconi não conteve as lágrimas durante apresentação da Banda Luar, formada por internos da Vila São Cottolengo. O ápice foi quando o interno Diogo pegou o microfone e cantou um trecho da canção “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. Enquanto Diogo cantava os versos, Marconi retirou o lenço do bolso da calça e enxugou as lágrimas. “Foi a homenagem mais marcante e verdadeira das diversas que recebi.” O tucano ainda foi presenteado com a declaração, ao final, de Diogo. Após encerrar a cantoria, ele abraçou Marconi e disse: “Esse cara aqui é homem sincero.”
A Banda Luar ainda tocou mais três músicas oferecidas ao ilustre visitante. Como não poderia faltar, a canção “Mãos que oferecem rosas” foi apresentada e acompanhada por Marconi, que cantava junto. No discurso após o fim do repertório musical, o senador voltou a destacar o espírito de fé e, emocionado, agradeceu as homenagens. “Basta fazer o bem para chegar ao paraíso. Isso aqui é colaboração não de um político, mas de um ser humano. Obrigado”, disse.
Ao sair do salão, Marconi visitou quartos e o novo refeitório da casa, que está em fase final de acabamento. Na saída, ele entrou na Galeria de Políticos Benfeitores (homenagem aos parlamentares goianos em gratidão pelas emendas apresentadas em favor da instituição), que foi inaugurada no dia 30 de novembro deste ano.
2010
Marconi ressalta que entra em 2010 com o espírito desarmado. Para ele, o saldo de 2009 é positivo, principalmente pela atuação no Senado. “Colaborei com o Senado na melhoria da imagem, em busca da ética, e na eliminação de vícios. Também agilizei votação de emendas, projetos e matérias.” O tucano projeta que a área de saúde é a que mais precisa ser debatida durante o processo eleitoral do ano que vem. “Entre os projetos está a saúde e a segurança pública. Há uma sensação de insegurança coletiva. Políticas socias, infraestrutura e emprego também estarão em pauta. O debate deve ser focado em torno de ideias e não no plano pessoal.”
Um dos políticos goianos mais ativos no Twitter, com mais de quatro mil seguidores, Marconi exalta o poder de debate do microblog e disse que a ferramenta provocou grande revolução no debate político. “Neste ano creio que tivemos duas grandes inovações na nossa atuação política. Primeiro, a questão do Twitter. É uma ferramenta fantástica de interação com o cidadão. Eu imagino que, depois do Twitter, nenhum governante, nenhum político, nenhum parlamentar poderá dizer que não sabe de alguma coisa. Pelo Twitter você fica sabendo de tudo.”
Outro meio para saber os anseios da população que Marconi vem usando é a reunião comunitária. Depois que chegou ao Senado, ele incluiu agenda que consta que ele está toda semana em Goiânia. “É ferramenta de aproximação, que eu já faço ao longo da minha vida.”
“Tenho um compromisso de fé, de vida e solidariedade”
A Vila São José Bento Cottolengo é uma instituição beneficente de assistência social, mantida pela Igreja Católica, com atuação nas áreas social, da saúde, educação, cultura e lazer. Presta atendimento integral e permanente a 365 pessoas com deficiências crônicas associadas, pacientes estes que são a razão e missão primeiras da instituição. Com 35.000 m² de área construída e mais de 600 funcionários, é mantenedora do Hospital São Cottolengo – Referência em Medicina Física, Auditiva e Reabilitação. A Vila conta com 23 unidades de serviços onde são realizados diariamente, por meio do SUS, convênios e particulares, cerca de 2.300 atendimentos ambulatoriais.
O que representa visitar instituição como a Vila São Cottolengo?
Marconi – Representa a reiteração de um compromisso de fé, de vida, de amor e de solidariedade com os que mais precisam, de compromisso com uma instituição que, ao longo de décadas, tem prestado um serviço de alta abnegação e de muito amor ao próximo. Quando venho à Vila São Cotolengo, renovo minhas energias, meu compromisso e minha visão de mundo em relação às pessoas mais pobres e aos que precisam do carinho, da atenção e do espírito fraterno daqueles que gostam de, verdadeiramente, fazer o bem.
Visitas como essa são importantes até para uma nova visão de mundo?
Marconi – São importantes quando não têm caráter político, quando são feitas de forma rotineira. Este é um compromisso de vida, não é um compromisso político. Quando as pessoas se comportam assim, certamente fazem o bem. Não venho à Vila São Cotolengo em busca de voto, mas para ajudar e dar exemplo. Eu colaboro com essa obra há muitos anos. Quando cheguei ao Senado, defendi que nós todos (parlamentares goianos) ajudássemos a Vila São Cottolengo.
Os programas sociais dos seus governos foram inspirados em instituições como a Vila São Cottolengo?
Marconi – Sem dúvida, mas também me inspirei em minha história de vida. Ela foi um referencial, farol para que eu pudesse criar os programas sociais.
Essa seria uma visita de coração?
Marconi – Sem dúvida. De coração, de fraternidade, de solidariedade. Gosto muito de lembrar uma música da Igreja Católica, que diz: “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, mãos que sabem ser generosas.” As pessoas precisam aprender de novo a serem generosas.
O senhor chega ao fim do ano com o espírito desarmado?
Marconi – Completamente desarmado.
Para o senhor, quais as grandes questões que deverão estar em debate em 2010?
Marconi – Projetos, mas, dentre os projetos, saúde, segurança pública e políticas sociais, com geração de emprego. Na minha opinião, o debate deverá ser focado em ideias, e não no plano pessoal.
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