quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Diário da Manhã

Opinião

Iris e o funcionalismo: história de descompromisso

Coitado do deputado José Nelto. Inteligente e perspicaz como é, acabou entrando em uma verdadeira fria, ao escrever (ou escreveram para ele) um artigo tentando limpar a imagem do prefeito Iris Rezende quanto ao tratamento que dedicou ao funcionalismo público em todas as vezes que exerceu o poder em Goiás.

De tão risível, o artigo de José Nelto deveria ter sido publicado na seção de humor Parachoque, do Diário da Manhã. Nenhum argumento foi apresentado – e aí também seria exigir demais, já que provar que Iris sempre deu o melhor de si para valorizar e prestigiar o funcionalismo público é uma tarefa que somente Hércules poderia realizar. Mas o esforço de José Nelto chegou a ser comovente.

Iris sempre pagou o servidor com pelo menos 20 dias de atraso no mês subsequente. E pior ainda: havia inflação galopante nas duas vezes em que Iris foi governador e ele nunca se condoeu ou se sensibilizou. Enquanto a inflação comia os salários, Iris aplicava o dinheiro no mercado financeiro e usava os lucros para construir obras. Ele mesmo já jactou-se dessa estratégia até em entrevista aos jornais.

No seu primeiro governo, demitiu 30 mil funcionários e congelou os salários, enquanto a inflação devorava vorazmente os salários dos servidores. Atualmente, como prefeito, apenas segue – sem alternativas – a política de pagar dentro do mês iniciada por Nion Albernaz. Mesmo assim, enfrentou greves (ao contrário do que afirma José Nelto), continuou a desprezar as reivindicações dos trabalhadores municipais e concedeu sob pressão recentemente um reajuste de 5%, ainda assim parcelado. Vejam só: 5% e parcelado.

Maguito Vilela, discípulo de Iris, manteve a perseguição ao funcionalismo quando foi governador e entrou para a história por frases como “investir em funcionário público corresponde a salgar carne podre”, justificativa que deu certa vez ao negar o aumento reivindicado pela Polícia Civil. E seguiu em frente com demissões, corte de benefícios, achatamento salarial e tudo de ruim que podia ser feito contra a sofrida classe dos servidores públicos.

Em 1990, veio Marconi Perillo, recebendo o governo com folhas atrasadas, o BEG quebrado, finanças do Estado esfrangalhadas e Celg esvaziada pela criminosa privatização de Cachoeira Dourada. Mesmo diante desses obstáculos, Marconi tratou bem o servidor público, pagou antes de vencido o mês, concedeu aumentos, foi o grande mentor dos planos de cargos e salários, reformou o Centro Administrativo, deu dignidade ao servidor e ainda fez programas sociais e cinco mil obras.

Depois de 16 anos de desmandos de Iris e Maguito contra o servidor público, Marconi valorizou e prestigiou a classe, reconhecendo a sua importância para a prestação dos serviços de responsabilidade do Estado e mesmo o seu papel estratégico no desenvolvimento de Goiás.

Tudo isso foi feito com absoluto respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, de modo que, ao vencer o seu segundo mandato, Marconi entregou o governo em março de 2006 com todas as contas em dia, como atestam os jornais da época e os balanços aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado.

O artigo do deputado José Nelto só tem um pequeno trecho em que fica em paz com a verdade: é quando ele elogia rasgadamente o presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, pela vitória contra a inflação e por colocar o Brasil nos trilhos do crescimento. Parabéns pela grandeza de reconhecer o trabalho de FHC, deputado!

Quanto a Iris Rezende, o que o prefeito quer é confundir e iludir o funcionalismo público. Mas não adianta! Volto a insistir, o povo não é bobo e não tem memória curta. E funcionalismo deve ser respeitado.

Nilo Resende é deputado estadual

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