quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Popular

ENTREVISTA/JOSÉ SERRA

“Não vou entrar em campanha eleitoral agora”

Em entrevista ao programa Papo Político, da CBN Goiânia, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), procurou amenizar ontem a inclusão do deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) nas pesquisas para a Presidência, criticou a “antecipação” da campanha e voltou a afirmar que não baterá agora o martelo sobre sua candidatura. “Não vou entrar em campanha agora”, disse o pré-candidato tucano à Presidência. “A campanha foi bastante antecipada, nunca tinha acontecido isso antes.”

Como o senhor avaliou a pesquisa CNT/Sensus, divulgada na segunda, na qual perdeu espaço entre os eleitores?

O que vi é que não perdi espaço nenhum. Você tem de comparar a pesquisa com a pesquisa anterior semelhante. Se mudar os nomes, altera os resultados, é natural. Nesse sentido, não houve perda de espaço, não.

O nome de Ciro Gomes (deputado federal, PSB) na disputa então é a grande diferença?

Não. É que depende quando entra, quando sai. Outra coisa são as interpretações que circulam. Você sabe como é, sai uma pesquisa, aí todo mundo tenta mostrar que a pesquisa foi a seu favor, não do outro, então tem muitas versões contraditórias. Por isso que inclusive eu normalmente não analiso muito pesquisa. Mas ela dá um resultado claro, digamos, de ordenação. E o meu nome, que nem me apresentei como candidato, está folgado na frente. Inclusive, dependendo do quadro, pode ter aumentado ou pode ter diminuído a diferença, dependendo do termo da comparação, da forma como é feita. Pesquisa é útil para político e para jornalista, porque é um quadro de referência, não é resultado de eleição. Ninguém imagina que a eleição do ano que vem vai ser resolvida na base da goleada. Os resultados vão ser sempre apertados.

Que avaliação o senhor faz do fato político que é o nome de Ciro Gomes entrando na disputa. Qual interpretação que faz disso?

Nenhuma. Ele diz várias vezes que quer ser candidato e quando um instituto faz pesquisa uma hora põe o nome, outra hora tira. Naturalmente, tudo isso sempre altera resultados. Não tenho muito o que acrescentar sobre isso, são exercícios, simulações. Na verdade, a campanha eleitoral no Brasil foi muito antecipada, bastante antecipada, nunca tinha acontecido isso antes. A eleição ainda é em outubro do ano que vem, os registros das candidaturas em junho do ano que vem, então tem muito tempo pela frente. Eu, pessoalmente, nesse momento estou concentrado no trabalho de governador de São Paulo. Não vou entrar em campanha eleitoral agora, vou ficar concentrado no meu trabalho de governador. Se eu vier a ser o candidato escolhido pelo PSDB, aí terei de sair do governo em abril por questões legais, e terei seis meses para fazer campanha. Então, tem muito tempo pela frente, para a gente discutir, analisar.

Quais são as linhas mais gerais hoje dessa articulação política que vai definir as candidaturas?

Não é fácil identificar porque o quadro de quem é candidato não está definido no momento pelos nomes apresentados. Eu sempre tenho estado na frente (nas pesquisas), o que para mim é um motivo de satisfação, porque a última eleição nacional que disputei faz sete anos. É interessante ver o pessoal lembrando (do meu nome) na Região Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sul, porque tenho estado nos últimos anos mais fixado apenas em São Paulo, já que fui prefeito da capital e agora sou governador. Acho que essa tendência deve se manter mais adiante. Acho que o candidato do governo tem força, indiscutivelmente, inclusive para crescer. Acho que outros candidatos praticamente certos, como a Marina, que enfatiza muito as questões ambientais – embora eu também considere o meu governo ambientalista. Outras candidaturas não estão definidas. O PMDB discute internamente se deve lançar um candidato. Teve agora uma reunião em Curitiba, promovida pelo Roberto Requião (governador do Paraná), que contou com mais da metade dos diretórios do PMDB no País, onde levantaram a hipótese da candidatura própria. O Ciro Gomes não se sabe o que vai ser (candidato), vai ser uma decisão que vai depender muito do presidente Lula. Como nenhum ex-presidente será candidato, a escolha do eleitor no ano que vem será baseada em duas questões fundamentais: no currículo de cada candidato e nas propostas. Isso a gente viu acontecer em outras eleições.

O presidente Lula tem forçado para que haja uma polarização entre ele e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E, pelas notícias nos jornais de hoje (ontem), vemos que o PSDB decidiu afastar FHC da disputa porque acha que o partido pode perder com isso. Qual a sua opinião sobre essa questão?

Acho bobagem. Porque o Fernando Henrique não vai ser candidato. Já foi presidente há quase oito anos. É como você em Goiás dizer que a disputa vai se fazer entre quem foi governador há 8, há 12 anos. A população não está nem aí para isso. Cada um tem a sua personalidade, tem a sua história e vai ser julgado com base nessa história. Uma coisa interessante: lembra do Fernando Collor (senador pelo PTB)? O Collor está apoiando o governo Lula hoje. O (presidente do Senado) José Sarney está apoiando o governo do Lula. Eles são ex-presidentes, então, na eleição, vamos resolver também se volta o Collor ou não. Por que não? Se for nessa base, volta para isso. Eu acho sinceramente que a eleição não vai andar por esse caminho. Agora, todo mundo é livre para dizer, para fazer e analisar uma pesquisa. Nós estamos em um clima de liberdade e é útil que haja até especulações de toda a natureza. Não tenho dúvida que o povo vai saber filtrar isso.

Íntegra da entrevista

Cileide Alves

Como o senhor avaliou a pesquisa CNT/Sensus, na qual perdeu espaço entre os eleitores?

José Serra – O que vi é que não perdi espaço nenhum. Você tem de comparar a pesquisa com a pesquisa anterior semelhante. Se mudar os nomes, altera resultados, é natural. Nesse sentido, não houve perda de espaço, não.

O nome de Ciro Gomes (deputado federal, PSB) na disputa então é a grande diferença?

Não. É que depende quando entra, quando sai. Outra coisa são as interpretações que circulam. Você sabe como é, sai uma pesquisa, aí todo mundo tenta mostrar que a pesquisa foi a seu favor, não do outro, então tem muitas versões contraditórias. Por isso que inclusive eu normalmente não analiso muito pesquisa. Mas ela dá um resultado claro, digamos, de ordenação. E o meu nome, que nem me apresentei como candidato, incluído na pesquisa está folgado na frente. Inclusive, dependente do quadro, pode ter aumentado ou pode ter diminuído a diferença, dependendo do termo da comparação, da forma como é feita a pesquisa. Eu acho que pesquisa é uma coisa útil para político e para jornalista, porque é um quadro de referência, não é resultado de eleição. E também ninguém imagina que a eleição do ano que vem vai ser resolvida na base da goleada. Os resultados vão ser sempre apertados, disso eu não tenho dúvida nenhuma.

Gostaria de saber a avaliação do sr. desse fato político que é o nome de Ciro Gomes entrando na disputa. Qual a interpretação que faz disso?


José Serra – Nenhuma. Ele diz várias vezes que quer ser candidato e quando um instituto faz pesquisa uma hora põe o nome, outra hora tira. Naturalmente, tudo isso sempre altera resultados. Não tenho muito o que acrescentar sobre isso, são exercícios, simulações. Na verdade, a campanha eleitoral no Brasil foi muito antecipada, bastante antecipada, nunca tinha acontecido isso antes. A eleição ainda é em outubro do ano que vem, os registros das candidaturas em junho do ano que vem, então tem muito tempo pela frente. Eu, pessoalmente, nesse momento estou concentrado no trabalho de governador de São Paulo. Ontem, dei início a uma nova linha de metrô, um monotrilho em direção em bairros mais distantes e populosos da cidade, mais carentes, que soma aí 24 quilômetros de linhas. Estive envolvido no planejamento do ensino técnico, que para mim é a prioridade número um; nós estamos fazendo escola técnica por todo Estado de São Paulo, aumentando 100 mil vagas. Encontrei 70 e poucas mil, estamos fazendo 100 mil a mais, que é para a garotada que está no ensino médio obter uma profissão. A cada cinco que se formam, quatro conseguem empregos na hora. Num programa de treinamento de formação de técnicos em enfermagem, nós vamos formar 100 mil, porque, quem carrega a saúde nas costas não é o médico. O médico é indispensável, mas é a enfermeira, é o auxiliar de enfermagem, é o técnico de enfermagem que dão mais duro. Estou dando como exemplo quais foram as minhas atividades ontem, então, não vou entrar em campanha eleitoral agora, vou ficar concentrado no meu trabalho de governador. Se eu vier a ser o candidato escolhido pelo PSDB, aí terei de sair do governo em abril por questões legais, e terei seis meses para fazer campanha. Então, tem muito tempo pela frente, para a gente discutir, analisar.

Quais são as linhas mais gerais hoje dessa articulação política que vai definir as candidaturas?


José Serra – Olha, não é fácil identificar porque o quadro de quem é candidato não está definido no momento pelos nomes apresentados. Eu sempre tenho estado na frente (nas pesquisas), o que para mim é um motivo de satisfação, porque a última eleição nacional que disputei faz sete anos. É interessante ver o pessoal lembrando (meu nome) na Região Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sul, porque eu tenho estado nos últimos anos mais fixado apenas em São Paulo, já que fui prefeito da Capital e agora sou governador. Então, eu acho que essa tendência deve se manter mais diante. Acho que o candidato do governo tem força, indiscutivelmente, inclusive para crescer. Acho que outros candidatos praticamente certos, como a Marina, que enfatiza muito as questões ambientais - embora eu também considero o meu governo ambientalista - também têm (força para crescer). Outras candidaturas não estão definidas. O PMDB, por exemplo, discute internamente se deve lançar um candidato. Teve agora uma reunião em Curitiba, promovida pelo Roberto Requião (governador do Paraná), que contou com mais da metade dos diretórios do PMDB no País, onde levantaram a hipótese da candidatura própria. O Ciro Gomes não se sabe o que vai ser (candidato), vai ser uma decisão que vai depender muito do presidente Lula. Como o Lula não vai ser candidato, nenhum ex-presidente será candidato, a escolha do eleitor no ano que vem, acredito eu, será baseada em duas questões fundamentais: no currículo de cada candidato e nas propostas. O povo vai se atentar para o que ele fez, no que demonstrou ser capaz de fazer, nas virtudes e defeitos e também vai prestar atenção nas propostas que tenha para o Brasil. Eu acho que esses vão ser os elementos determinantes. Isso a gente viu acontecer em outras eleições, inclusive locais, estaduais e municipais, e acho que esse vai ser o critério fundamental.

O presidente Lula tem forçado para que haja uma polarização entre ele e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E, pelas notícias nos jornais de hoje (ontem), vemos que o PSDB decidiu afastar Fernando Henrique da disputa porque acha que o partido pode perder com isso. Qual a sua opinião sobre essa questão?


José Serra – Acho bobagem. Porque o Fernando Henrique não vai ser candidato. Já foi presidente há quase oito anos. É como você em Goiás dizer que a disputa vai se fazer entre quem foi governador há 8, há 12 anos. A população não está aí para isso. Cada um tem a sua personalidade, tem a sua história e vai ser julgado com base nessa história. Uma coisa interessante: lembra do Fernando Collor (senador pelo PTB)? O Collor está apoiando o governo Lula hoje. O José Sarney (presidente do Senado, PMDB), está apoiando o governo do Lula. Eles são ex-presidentes, então, na eleição, nós vamos resolver também se volta o Collor ou não. Por que não? Se for nessa base, volta para isso. Eu acho sinceramente que a eleição não vai andar por esse caminho. Agora, todo mundo é livre para dizer, para fazer e analisar uma pesquisa. Nós estamos em um clima de liberdade e é útil que haja até especulações de toda a natureza. Não tenho dúvida que o povo vai saber filtrar isso.

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