quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Popular

PSDB resiste à crise com PP e prefere falar em unidade
Presidente tucano afirma que críticas de Alcides estão relacionadas à sucessão e não ao governo

Fabiana Pulcineli

Com estratégia de responsabilizar o governador Alcides Rodrigues (PP) pelo racha na base, o PSDB estadual resiste a reagir às declarações do pepista e oficializar o rompimento. Alcides descartou, em entrevista na terça-feira, a participação de tucanos nas reuniões de aliados para discutir a sucessão de 2010.

“Ele (Alcides) falou de conversas relacionadas à próxima eleição. Não disse que não quer o PSDB no governo ou o nosso apoio na Assembleia Legislativa”, disse o presidente estadual do PSDB, deputado federal Leonardo Vilela, descartando a saída voluntária de tucanos do quadro de auxiliares e o rompimento por parte dos deputados.

“Ainda levamos em conta os compromissos que fizemos em 2006 (campanha pela reeleição de Alcides) e nossa responsabilidade com o povo de Goiás”, completou o tucano.

Leonardo ressaltou que a vontade do PSDB é manter a base que venceu as eleições em 1998, 2002 e 2006. “O PP tem o direito de escolher com quem deseja conversar. Mas que fique claro que é uma decisão do PP. Nós esperávamos que fosse considerado o apoio que demos ao partido do governador nas últimas três eleições”, disse.

Apesar da estratégia de não revidar, Leonardo eleva o tom ao dizer que Alcides usa “desculpas” para afastar-se do PSDB. Ao dar cartão vermelho para a presença de tucanos nas articulações, o governador citou os processos movidos pelo partido contra ele. “São dois processos contra mim. Um partido que processa uma pessoa certamente não a quer junto de si.”

Leonardo argumenta que os processos contra o governador foram movidos pelo Diretório Nacional do PSDB, sem a participação da gestão estadual. Questionado se a cúpula do partido no Estado não poderia barrar a iniciativa, o tucano alegou que o diretório nacional tem direito de recorrer à Justiça, se considerar que foi lesado.

“Não é um processo contra o governador Alcides, mas pela vinda do presidente Lula a evento que consideram que teve tom eleitoral. Isso é uma rotina do PSDB nacional. E não havíamos sido comunicados”, afirmou. As ações estão no Tribunal Regional Eleitoral e tem como réus Lula, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), e os prefeitos de Anápolis, Antonio Gomide (PT), e de Goiânia, Iris Rezende (PMDB). Alcides é acusado de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.

Quanto aos processos movidos pelo PSDB contra os recém-filiados ao PP Laudeni Lemes e Evandro Magal, Leonardo disse que qualquer partido faria o mesmo.

O deputado Daniel Goulart disse em entrevista à CBN Goiânia que o PSDB deve se esquecer do “PP palaciano”, mas ter responsabilidade com as bases do partido do governador, que querem apoio ao senador Marconi Perillo (PSDB). Segundo ele, a tese de aliança com tucanos vence nas convenções do PSDB, caso não haja intervenção. Marconi não quis comentar o assunto. Disse que cabe ao presidente do PSDB se manifestar.

Iris diz desistir por “ampla aliança”

Fabiana Pulcineli

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), admitiu ontem abrir mão de disputar o governo do Estado caso o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), consiga aglutinar os partidos da base do governador Alcides Rodrigues (PP).

“Se tiver um candidato com possibilidade de vitória, com propostas que sensibilizem a população, eu continuaria na Prefeitura e esse candidato representaria os partidos aliados nas próximas eleições”, disse Iris no Paço Municipal, após assinar, com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), convênio de R$ 20 milhões para a reurbanização de vales na região da Marginal Botafogo.

“Se o nome dele (Meirelles) unir mais forças ainda, melhor. Porque não (abrir mão da candidatura)? Desde que objetivo seja Goiás”. O peemedebista aproveitou para afirmar novamente que, para aglutinar mais forças políticas ao PMDB, o presidente do BC tem que se colocar como candidato o mais breve possível, ainda que apenas nos bastidores.

“Ele (Meirelles) pode vir para Goiás só em abril, não tem problema. Mas a definição eu entendo que tem de acontecer antes”, ponderou, admitindo, no entanto, a dificuldade do aliado avançar politicamente em virtude de cargo que ocupa. “Mas a estrutura política precisa de uma posição. E o nome dele conta com nossa deferência”, ressalvou.

Enquanto PMDB e PT ainda acreditam na possibilidade de palanque único em Goiás para a candidatura da ministra Dilma Rousseff - embora o Palácio das Esmeraldas trabalhe uma candidatura avulsa – o ministro Geddel descartou a possibilidade de aliança com o PT na Bahia, onde deve disputar contra o governador Jaques Wagner (PT).

“O fato de termos projeto nacional comum não obriga que necessariamente nos Estados se repita essa mesma engenharia”, afirmou, negando que dois palanques atrapalhem Dilma na Bahia.

A deputados, Meirelles volta a citar candidatura

Bruno Rocha Lima

Após passar os últimos dias emitindo sinais de que poderia ficar no comando do Banco Central até o final de 2010, desistindo de disputar as eleições – o que lhe obrigaria a deixar o cargo em março – Henrique Meirelles (PMDB) demonstrou ontem a lideranças do PMDB goiano disposição de se candidatar.

A qual cargo, dizem os peemedebistas, é a incógnita que permanece. “Meirelles mostrou vontade de ser candidato, mas lembrou que tanto um projeto nacional quanto a disputa regional permanecem como possibilidade para ele”, conta o deputado José Nelto.

Além de Nelto, estiveram com o presidente do BC em sua residência no Lago Sul, em Brasília, o deputado Samuel Belchior, o prefeito de Acreúna, Wander Carlos, e o vereador por Aparecida de Goiânia Ezízio Barbosa. A reunião durou uma hora. Meirelles havia adotado a estratégia de se desviar do foco político após a crise no BC que culminou na saída do diretor de Política Monetária, Mário Torós.

Mas ontem o presidente do BC, contam os peemedebistas, mostrou entusiasmo com seu projeto político ao citar que “na fila” do partido para ocupar a vice da chapa presidencial da ministra Dilma Rousseff (PT), apenas o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), estaria na sua frente. “Isso nos faz pensar que talvez esse seja o principal foco dele”, avalia um dos presentes à reunião.

Meirelles descartou acatar a proposta do prefeito Iris Rezende e definir seu projeto político até dezembro, o que, na concepção de Iris, fortaleceria as articulações do PMDB junto a outras siglas. “Ele até admitiu que Iris está certo ao pedir antecipação, mas lembrou o quanto seu cargo exige cautela e a possibilidade de alçar um vôo nacional”, conta Samuel Belchior.

O deputado diz que ainda assim o presidente do BC garantiu que está em sintonia com Iris e descartou um racha interno no partido. “Como ele e Iris estão desprendidos, fica mais fácil chegarmos num consenso sobre o projeto do partido para 2010”, avalia.

O presidente do BC teria admitido que Iris hoje é o nome mais viável para disputar o governo pelo PMDB e também acatado o pedido de intensificar as reuniões com membros do partido para “estreitar” as relações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário