terça-feira, 24 de novembro de 2009

Marconi: a Base Aliada fica unida pela base!

Diário da Manhã

Warlem Sabino

Divisão interna mina partidos da terceira via
Cúpulas articulam candidatura própria, mas bases trabalham por Marconi

Uma característica comum pode ser encontrada nos principais partidos que os jornais noticiam como envolvidos no projeto da terceira via: enquanto suas cúpulas agem contra o senador Marconi Perillo (PSDB), as bases majoritariamente não escondem o desejo de apoiar o senador como candidato em 2010.

Um projeto eleitoral viável deve ser composto por partidos políticos com unidade no conjunto. Mas DEM, PP, PR e PSB, que estariam na terceira via, ao menos por enquanto, estão divididos internamente. Pelo Estado, as bases dessas quatro agremiações estão próximas de Marconi e desconfiam da viabilidade do projeto alimentado pelos dois Caiados (Ronaldo, deputado federal pelo DEM, e Sérgio, secretário de Infraestrutura do PP), pelo governador Alcides Rodrigues (PP), o deputado Sandro Mabel (PR) e o presidente da Agência Goiana de Turismo (Agetur), Barbosa Neto (PSB).

Há mesmo quem avalie que DEM, PP, PR e PSB, em Goiás, só conseguirão deixar de apoiar Marconi se as suas respectivas cúpulas estaduais deflagrarem um processo maciço de intervenções nos diretórios municipais, com a nomeação de comissões provisórias – e assim forçando o apoio a uma candidatura que não a do senador tucano.

Partidos como o DEM e o PP, sob o comando de Ronaldo e Sérgio Caiado, têm como tradição subjugar com intervenções os diretórios. Mas daí a transformar essa prática em regra geral, pelos quatro cantos do Estado, vai uma distância muito grande. Seria um trauma que criaria uma base artificial, sem nenhuma representatividade eleitoral real, condenando à morte, no berço, o projeto da terceira via.

Exemplo ocorreu em 2006. Ronaldo Caiado mandou intervir nos diretórios do DEM que não queriam apoiar a fracassada candidatura do senador Demóstenes Torres ao governo. De nada adiantou, pois parte dos democratas não trabalhou por Demóstenes e ajudou a eleição de Alcides.

Ninguém tem dúvidas: caso seja levada para as convenções do DEM, PP, PR e PSB a tese de apoio a Marconi, ela seria recebida com facilidade e poderia até ser aprovada – a não ser que as cúpulas promovam a cassação da vontade das bases por meio de medidas de força.

O custo de arriscar uma candidatura de terceira via, sem a unidade interna dos partidos que a sustentam e ancorada na decisão pessoal dos seus dirigentes, pode acabar inviabilizando a articulação – que já foi até chamada de “canoa furada” por um dirigente do PSB, Jeovalter Correia.

Espaço para quebrar polarização é pequeno

Segundo cientistas políticos, como o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Luiz Signates, as pesquisas mostram que não existe espaço para a quebra da polarização entre o PSDB e o PMDB.

O governador Alcides Rodrigues (PP) e o deputado federal Sandro Mabel (PR) costumam argumentar que há espaço, sim, para a terceira via, com base nos 70% de indecisos que aparecem nas pesquisas espontâneas. É verdade. Mas as pesquisas espontâneas são mero indicativo de popularidade dos nomes citados. O que vale mesmo são as pesquisas estimuladas, que reproduzem o modo real pelo qual o eleitor vota, ou seja, os nomes são apresentados e o entrevistado escolhe aquele que deseja, tal como acontece no dia da eleição.

Nas pesquisas estimuladas, o senador Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito Iris Rezende (PMDB) somam entre 75% e 85% das intenções de votos, o que é um dado fenomenal, uma vez que estamos a um ano das eleições e o número comprova desenfreada tendência de antecipação da definição do eleitor.

Em outras palavras: a polarização é tão forte que poderia condenar ao fracasso qualquer tentativa de inserção de um terceiro nome, mesmo porque nem Marconi nem Iris mostram, ao menos por enquanto, sinais de desgaste. Ambos repetem, pesquisa após pesquisa, seus índices e até mesmo aumentando-os.

Via de dificuldades
O caminho da terceira via, em Goiás, é íngreme e repleto de obstáculos

Tradição

A história das eleições para governador, em Goiás, mostra que sempre houve polarização entre dois candidatos. Não há nenhuma exceção.

Divisão interna

Os quatro partidos da terceira via (PP, DEM, PR e PSB) são iguais em um ponto: suas cúpulas divergem nas bases, que preferem apoiar a candidatura de Marconi.

Pesquisas

Não há espaço para uma terceira candidatura porque Marconi e Iris estão disparados nas pesquisas. Os dois, juntos, têm entre 75% e 85% das intenções de voto.

Falta nome

Os partidos que falam em terceira via já se reuniram por várias vezes, mas até hoje não chegaram nem perto de definir um nome para assumir a candidatura.

Sem propostas

A terceira via ainda não formulou um projeto para Goiás. Até agora, único fio condutor do movimento é o desejo de atrapalhar a eleição de Marconi. Pelo menos é o que parece.

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