quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Popular

PT nega que blecaute traga desgaste com PMDB
Para Ricardo Berzoini, falha na distribuição de energia na semana passada é “um problema do governo”

Brasília – O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), negou ontem que o apagão energético tenha provocado desgaste na relação do partido com o PMDB. Berzoini disse que as duas legendas criaram uma interlocução “saudável e que a falha na distribuição de energia que atingiu 18 Estados na semana passada é um problema do governo” .

Segundo o presidente petista, o apagão não pode ser contabilizado nem pelo PT – que teve a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e pré-candidata do PT à sucessão presidencial como ministra de Minas e Energia por mais de três anos – nem pelo PMDB, que indicou o atual ministro Edison Lobão e o ex-ministro Silas Rondeau para a pasta.

“Nossa interlocução é direta e saudável. O PT não fez qualquer menção ao PMDB nessa questão. Ninguém fez uma avaliação da gestão dele (Lobão). O governo é um só não é possível ficar dividindo em bons e maus momentos. O nosso governo é solidário e o ministro Lobão conta com o apoio de todos os partidos da base”, disse o deputado.

Berzoini chamou de “factóide a notícia de que, incomodada com a postura de líderes petistas que responsabilizaram o PMDB pelo apagão, parte da cúpula peemedebista ameaça colocar em discussão a possibilidade de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2010.

Para o presidente do PT, o apagão não vai trazer desdobramentos para o pré-acordo fechado para o PMDB apoiar a candidatura da ministra. “Não posso levar a sério essa notícia. Isso é factóide. Tem muita gente que quer ver PT e PMDB brigado”, afirmou.

Nos bastidores, peemedebistas dizem que pretendem usar a candidatura própria para evitar que o partido fique desgastado no episódio. PMDB e PT dividem o controle do setor elétrico.

Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás. A proposta de candidatura própria pode ainda ganhar fôlego com o grupo do presidente do PMDB paulista, ex-governador Orestes Quércia. Aliado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o grupo defende que o PMDB apoie o tucano na disputa ao Planalto.

Setores do PMDB podem utilizar o abandono petista para ampliar o número de diretórios resistentes à aliança com o PT – que envolve além de São Paulo, pelo menos Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia. Os dois partidos ainda enfrentam problemas em alguns Estados para selar a aliança – caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Lima (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.

Desabamento

Depois de passar os últimos dias sob a mira dos tucanos por causa do apagão, o PT quer aproveitar o desabamento de três vigas nas obras do Trecho Sul do Rodoanel para dificultar os planos do PSDB para a corrida presidencial de 2010. A estratégia, aplicada pelo PT paulista com aval do comando nacional da sigla, é evitar que Serra capitalize os dividendos eleitorais da obra.

O PT avalia que, se emplacar pedidos de análise técnica e vistorias, Serra não conseguirá entregar a obra na data prevista, 27 de março, e pode até ter dificuldades para inaugurá-la em 2010. O tucano terá de se desincompatibilizar até abril, se decidir disputar a Presidência. (Folhapress e AE)

FHC não vê diferença de sua gestão com a de Lula

Rio - O ex-presidente Fernando Henrique disse, em entrevista publicada domingo no jornal espanhol El País, que não vê diferenças entre a política econômica de sua gestão e a do governo Lula. “Que diferença há entre o meu governo e o de Lula no modelo econômico? Muito pouca. É basicamente social-democrata, com respeito ao mercado, sabendo que o mercado não é o todo, e políticas sociais eficazes. Todos aprendemos a fazer políticas sociais, o Chile aprendeu, o México aprendeu, o Brasil aprendeu, o Uruguai já tinha...”, disse, em entrevista concedida em 14 de setembro, em São Paulo, mas só publicada agora, após a participação dele na Conferência Anual do Clube de Madri, do qual é membro.

Temas polêmicos ficaram de fora, mas comentários foram registrados: “Cardoso prefere o ‘off the record’ ao falar das, por vezes, complicadas relações de Lula e seu partido com (Hugo) Chávez”, diz o jornal espanhol. FHC tratou ainda da necessidade de que o Brasil “assuma a liderança regional e global que lhe corresponde” e das chances do candidato de seu partido, José Serra, nas eleições de 2010. Ele vê dificuldades da pré-candidata do governo, Dilma Rousseff, para ter a mesma capacidade de mediação de Lula nas correntes do PT. (AG)

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