segunda-feira, 21 de junho de 2010

Anápolis: Fernando Cunha fala!





POLÍTICA

"Nossa vice está reservada ao PP"
Em entrevista Fernando Cunha, coordenador da campanha de Marconi Perillo, diz que tucanos aguardam decisão de Roberto Balestra, deputado federal do PP

Marcos Vieira

O ex-deputado federal Fernando Cunha deixou o Governo de Goiás essa semana para assumir de vez a campanha do senador Marconi Perillo. Um dos principais nomes do PSDB no Estado, o anapolino coordenou as eleições de Marconi em 1998 e 2002 e também a de Alcides Rodrigues, em 2006. Diz que entra nessa nova disputa como um soldado, disposto a resolver os problemas “à medida que forem surgindo”. Cunha mantém o perfil de falar sobre todos os assuntos – espinhosos ou não – com a tranquilidade que 65 anos de vida pública lhe conferiram. Ele afirma que tem um bom relacionamento com o governador, mas classifica a gestão de Alcides como regular. Acredita que não existe espaço para uma terceira via e, por este motivo, o adversário é mesmo Iris Rezende (PMDB). Fernando Cunha promete uma campanha aguerrida, chama os fabricantes de dossiês de “bobos” e acredita que o presidente Lula não conseguirá uma transferência de voto expressiva, mesmo porque, afirma o tucano, o petista está interessado mesmo em Estados maiores, como São Paulo. A entrevista a seguir foi concedida na redação do JE, na quinta-feira (17).


JE - O que representou essa saída do governo de Alcides Rodrigues?

Fernando Cunha - Eu estive até anteontem [15/6] participando do governo. Sai com muita tranquilidade, da mesma forma como entrei. Estive com o governador há dez dias, comuniquei a ele que estávamos em vésperas de convenção, sou um homem partidário – ele sabe disso, fui inclusive coordenador-geral da campanha dele – e que naquele momento comunicava minha saída para poder participar efetivamente e em tempo integral da campanha do Marconi Perillo.

JE - Tucanos foram demitidos do governo?

Fernando Cunha - Acho que ninguém foi demitido. Todo mundo está saindo de comum acordo, todos tem procurado o governador e pedido demissão.


JE - O que essa campanha vai diferir das anteriores?

Fernando Cunha - É um pouco diferente porque na eleição de 1998, Marconi era um jovem desconhecido, tinha um mandato de deputado estadual e um mandato de deputado federal. Então ele era conhecido apenas na região onde ele atuava eleitoralmente. Agora ele é o homem que mudou a fisionomia de Goiás. É o homem que nos 246 municípios de Goiás tem uma liderança muito forte, uma marca profunda em cada região, pois ele mudou completamente o Estado. Goiás era um e hoje tem o tríplice ou mais do PIB, todo desenvolvimento goiano é às vezes muito maior do que o resto do país. E tudo isso foi determinado pelos governos Marconi Perillo, que soube fazer uma revolução político-administrativa no Estado de Goiás.


JE - Neste período que o senhor esteve como secretário, o que foi possível fazer neste governo rompido com o PSDB?

Fernando Cunha - Na verdade a minha função de secretário de Governo, que posteriormente passou a se chamar Articulação Política, era e sempre foi essencialmente político e administrativa. A parte de administração, logo nos primeiros meses, ela passou para o comitê de reforma com a Secretaria da Fazenda. E a parte política pouco a pouco foi saindo, passando para outros gestores. Isso fez com que minha secretaria ficasse de certa maneira esvaziada. Mas eu sempre achei que nós que participamos efetivamente de uma eleição, nós construímos a eleição do governador Alcides, de modo que tínhamos não só a obrigação como o dever de estar ali participando. Por conta disso eu resolvi ficar até agora, até as vésperas da convenção. Sem nenhum tipo de problema, sem dor de consciência ou achar que estava havendo qualquer tipo de humilhação. Aliás, no meu vocabulário não existe o termo humilhação. Fiquei lá com toda tranquilidade e, ao mesmo tempo, como sou animal partidário, fiz política partidária.


JE - Esse esvaziamento o deixou chateado?

Fernando Cunha - De forma alguma. Eu tenho 75 anos de idade e faço política há 60 anos. Eu conheço a vida, sei quando você está por baixo e quando você está por cima. Para mim todo dia é igual e a luta é do mesmo jeito. Depois desse tempo todo eu fiquei cada dia mais entusiasmado porque vi que a candidatura Marconi cresce de forma espetacular. Cada ataque de adversário é um crescimento na candidatura. Hoje Marconi ganha em praticamente todos os municípios de Goiás. Ele ganha no 1º turno sem problema nenhum.


JE - Essa falta de problemas na secretaria que o senhor fala seria muito mais pelo respeito que as pessoas têm com o senhor como homem público do que o relacionamento entre pepistas e tucanos.

Fernando Cunha - É possível porque, eu repito, tenho 75 anos de idade e cinco mandatos de deputado federal, fui candidato a senador em 1998, fui coordenador da campanha em 1998, 2002 e 2006, elegendo Alcides. Fui advogado o tempo inteiro na Justiça Eleitoral. Na verdade há um respeito sim e eu tenho, inclusive, uma boa convivência com o governo Alcides. Nossa convivência pessoal não alterou em nada – e ele também me respeita muito.

JE - Por que houve rompimento entre Marconi e Alcides?

Fernando Cunha - Eu gostaria de ter a resposta, mas não tenho. Eu já conversei muitas vezes com o doutor Alcides sobre isso e na verdade não obtive resposta dele. Mas o fato é que isso é normal. Aconteceu, aconteceu. E vamos tranquilamente caminhando para outra eleição, para outra vitória que será mais forte que as demais.


JE - O senhor será o coordenador geral da campanha de Marconi?

Fernando Cunha - Posso ser. Ou ser um soldado. Estou junto do Marconi resolvendo os problemas à medida que eles forem aparecendo.

JE - A respeito de coligações. O senhor pretende articular a vinda de mais partidos? Como está a situação do DEM?

Fernando Cunha - Em matéria de coligação falta acertar a situação do DEM. É uma situação um pouco complicada, mas ela está sendo trabalhada e discutida diretamente pelo Marconi. Praticamente só falta isso, mas numa posição muito tranquila de acerto. As pesquisas demonstram que a candidatura do senador empolga o Estado de Goiás de todas as maneiras possíveis. Eu gostaria de recordar que em 2002 o Iris Rezende e o Mauro Miranda eram senadores e buscavam a reeleição. E nós lançamos a Lúcia Vânia e o Demóstenes Torres – ela era deputada e ele não tinha mandato nenhum até então. O Marconi era candidato a governador e comandou a campanha, coordenou a eleição da Lúcia e do Demóstenes e ele foi eleito no 1º turno e os dois conseguiram as vagas de senadores.

JE - Qual será o tratamento que os tucanos pretendem dar ao governo Alcides na campanha?

Fernando Cunha - Não há preocupação. Eu defendo a tese que o adversário é o Iris. E Vanderlan não tem aparecido nas pesquisas. Acho que em política você tem que brigar com o adversário, que para nós é o Iris, que ainda tem uma votação expressiva. Também não estamos preocupados com adversário. Estamos preocupados com o futuro, nossa campanha mira isso. Como em 1998 fizemos uma campanha que invadiu Goiás, e tudo aquilo que falamos que iríamos fazer no Estado nós fizemos em termos de progresso, já estamos planejando o Estado para o futuro. Queremos um futuro melhor para Goiás e já estamos com ele todo planejado e encaminhado e toda a perspectiva de conseguir. Na verdade Goiás precisa de muita coisa, mas não é difícil de fazer. O Estado é pequeno e essa infraestrutura toda que já foi feita precisa ser melhorada. Fazer foi mais difícil quando assumimos o governo em 1998. Agora as coisas já estão mais encaminhadas. E Goiás tem um futuro magnífico. Anápolis, então, nem se fala. Nossa cidade cresce muito e aqui passou a ser ponto de concentração de todo setor importante para a atividade econômica. Seremos possivelmente o maior polo farmacêutico do Brasil. Passamos a ser um polo automobilístico. Temos a Hyundai montado o HR, o Tucson e vai fabricar esse ano ainda caminhões e o i35, um carro de luxo espetacular. Além disso, vai montar uma fábrica de autopeças.

JE - O senhor acredita que a campanha do Vanderlan Cardoso não decola?

Fernando Cunha - Tem dois meses que ele é candidato e não há possibilidade dele decolar porque Goiás é polarizado. Lembro que uma vez perguntei ao Henrique Meirelles se ele viria para cá fazer política. Ele me disse que enquanto tivesse Marconi Perillo e Iris Rezende, não existia espaço para um terceiro nome. Na verdade é isso mesmo, as pesquisas apontam Marconi e Iris, evidentemente o senador lá na frente. E o Vanderlan tem uma votação bem pequena. Ele tem 3% a 4% porque em Senador Canedo é unanimidade, como não poderia ser diferente. Não acredito na terceira via e isso não vai acontecer.


JE - Preocupa a presença do presidente Lula no palanque de Iris Rezende?

Fernando Cunha - Essa história de transferência de voto é muito relativa. Na eleição passada o Lula era candidato a reeleição e esteve em Goiás, no palanque do Maguito Vilela. E o Maguito tomou uma surra do tamanho do mundo e o doutor Alcides foi eleito pelo Marconi governador de Goiás. E também o presidente da República está preocupado com Goiás, com 2% a 3% do eleitorado do Brasil? Ele está preocupado com São Paulo.


JE - E o prefeito Antônio Gomide, com alto índice de popularidade, pode interferir de alguma forma?

Fernando Cunha - O Marconi teve 90% dos votos de Anápolis. O Antônio Gomide é um homem inteligente e ele sabe perfeitamente bem que toda essa revolução que mudou a cara de Anápolis e a economia de Goiás foi feita pelo Marconi. Acho inclusive que a convivência do Marconi com o Antônio Gomide será pacífica.


JE - O senador tem buscado apoio das bases, independentemente de o partido do aliado estar ou não na coligação. Esse trabalho continua?

Fernando Cunha - Temos fazendo parte da nossa convenção, que será no dia 30, 11 partidos. E têm alguns outros que podem entrar ainda. É uma força extremamente expressiva.

JE - E os integrantes do PP que estão apoiando o senador?

Fernando Cunha - Na verdade o PP não fez convenção ainda. O Ricardo de Pina, prefeito de Piracanjuba, tem dito que tem 35 prefeitos pepistas – e ele dá os nomes – fechado com a candidatura do Marconi Perillo. Sabemos perfeitamente que a posição do [deputado Roberto] Balestra é essa também. O PP ainda não se definiu em convenção, portanto pode ser que aconteça alguma coisa. Agora a gente não sabe exatamente porque não conhecemos o partido internamente.

JE - O PSDB está disposto a ceder a vice ao DEM?

Fernando Cunha - A vice do PSDB está reservada ao PP, para o Balestra. Ele é o nome preferencial para candidato a vice. Agora se não for possível essa questão, tudo é discutível dentro do partido.

JE - O senhor teme uma campanha de baixo nível, com troca de dossiês?

Fernando Cunha - Esse negócio de dossiê é coisa de bobo, é coisa de gente que não tem o que fazer. A verdade é que temos enfrentado desde 1998 todo tipo de agressão possível e impossível. Já estamos muito calejados com isso, de modo que não tememos. Vamos continuar fazendo uma campanha tranquila, objetiva, propositiva e mostrando como era Goiás ontem, como é hoje e como será amanhã.

JE - A avaliação do senhor do governo Alcides.

Fernando Cunha - É regular.

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