segunda-feira, 14 de junho de 2010

Marconi: Face a Face!







POLÍTICA


Marconi: "Buscamos uma gestão que de novo surpreenda"

FACE A FACE / MARCONI PERILLO

Propostas para Goiás - Na busca de um terceiro mandato no governo, o senador Marconi Perillo (PSDB) propõe importar modelo de Minas Gerais e estabelecer contrato de gestão entre o governo e servidores para reduzir gastos e garantir eficiência.


PERFIL

Marconi Ferreira Perillo Júnior
47 Anos
Casado, pai de duas filhas, Marconi Perillo foi governador por dois mandatos (1999-2006), deputado federal e deputado estadual. Estudante de Direito na Faculdades Alfa (conclui o curso este ano), é vice-presidente do Senado. Nasceu em Goiânia, mas passou a infância em Palmeiras de Goiás.


O senador Marconi Perillo busca firmar sua imagem como a de um gestor moderno, que vai cobrar realização de metas. Para isso, ele cita como exemplo o contrato de gestão adotado pelo governo de Minas Gerais, e diz que firmará uma espécie de pacto entre o governador, secretarias e funcionários para aferir os resultados em relação à diminuição das chamadas receitas correntes do Estado e os níveis de eficiência de governo. Neste Face a Face, o candidato promete um programa de desenvolvimento sustentado em três vertentes: infraestrutura econômica, desenvolvimento social e infraestrutura digital.

Ao ser questionado sobre seu rompimento com o governador Alcides Rodrigues, Marconi disse que o "que aconteceu em Goiás foi uma excrescência do ponto de vista de descumprimento de compromissos, não com um grupo, mas com toda a sociedade." Ele disse que não elegeu o governador, apenas deu a sua "colaboração". O senador também criticou o transporte e o trânsito de Goiânia, uma referência ao seu principal adversário, Iris Rezende (PMDB), e afirmou que a solução para o problema da Celg passará por "parcerias" entre o Estado e a União. "Não dá para ter hipocrisia nessa área. Não tem recursos depois desses problemas sofridos ao longo dos anos e, principalmente, agora nesse período de governo. É necessária a união de todos."

(Gilvan Alysson Sobrinho) - O senhor foi responsável direto pela eleição do governador Alcides Rodrigues. Atualmente Goiás passa por sérios problemas que, de acordo com o governador, foram causados por suas administrações e dele próprio, como seu vice. Então como o sr. vê a questão da fidelidade política no Brasil?

Marconi Perillo - O Brasil precisa de uma reforma política radical, que elimine uma série de excessos partidários, as infrações de ilegalidades, de imoralidade, de corrupção. A reforma política começou a ser realizada no Brasil agora, na minha opinião, com o Ficha Limpa. Mas o instituto da fidelidade partidária é indispensável. Em relação a esse episódio, eu diria que não elegi o governador. Eu dei a minha colaboração. Muitas foram as forças que ajudaram na eleição do governador. Ele próprio fez a sua parte, mas vários foram os atores que colaboraram. Eu dei a minha cota de contribuição, modestamente falando. Mas, na minha opinião, o que ocorreu foi que o governador se comprometeu a realizar apenas duas obras desse período em que ficou à frente do governo. O primeiro grande programa dele foi a falácia sobre o déficit, a mentira sobre o déficit. E o segundo grande projeto foi trabalhar a desconstrução da minha imagem, infelizmente. Nós enfrentamos dificuldades de toda ordem quando chegamos ao governo, em 1999. Procuramos olhar pra frente, vencer os desafios, os problemas, as demandas, e fomos virando a página, vencendo um a um esses problemas. Tínhamos um déficit enorme na administração pública quando chegamos ao governo. Déficit é dado de administrações anteriores. Imagine um governo que herda duas folhas e meia em atraso. Isso em valor atual significaria cerca de R$ 1,5 bilhão. Tínhamos dívidas em várias outras áreas. Procuramos atualizar o que havia de passivo, de restos a pagar. Trouxemos o pagamento da folha para o mês trabalhado. Já no primeiro ano, começamos a pagar o décimo terceiro no mês do aniversário dos funcionários. Pouco a pouco, fomos resgatando um a um os compromissos de campanha, fomos criando programas de inclusão social, de desenvolvimento e de infraestrutura.


(Roema Batista) - O que eu, cidadã, possa esperar de cada um dos srs. candidatos? Tentem me surpreender.

Marconi Perillo - Olha, primeiro, da minha parte, absoluta sinceridade em relação ao que pretendo fazer, ao que apresentarei de projetos e, principalmente, a disposição enorme de dedicar mais quatro anos da minha vida ao serviço público, aos interesses dos goianos, ao ser humano. Vamos focar o nosso projeto de governo, e esse será o grande diferencial, na família, no indivíduo, na promoção do ser humano. Vamos trabalhar o desenvolvimento pensando em três vertentes. A primeira, a infraestrutura econômica, focada na industrialização, nas estradas, nas ferrovias, nas obras de uma maneira geral. Depois, o desenvolvimento social, focado no saneamento, na habitação e nas demais políticas de inclusão social e humana. E, por último, a infraestrutura digital, com a estruturação de banda larga em todo o Estado; acesso a todas as esc olas de ensino fundamental, médio e superior; inclusão digital universalizada; construção de pelo menos uma cidade digital como plataforma de desenvolvimento de toda uma política nessa área de tecnologia. Por outro lado, vamos ancorar o nosso projeto de governo no planejamento estratégico, voltado para eficiência, modernidade, o profissionalismo na gestão e, principalmente, para a meritocracia. Essa vai ser a palavra-chave. Vamos estabelecer uma série de pactuações entre o governo e todos os funcionários para alcançarmos bons resultados. Há uma diferença entre esforço e resultados. No governo, o esforço é muito válido, mas é preciso se definir algumas pactuações para se chegue a eficientes resultados. Eu não sei se conseguiria surpreender esta internauta, mas o fato é que o meu grande objetivo é p riorizar todas as áreas de atuação no Estado com ênfase para a inclusão e a geração de oportunidades. Na minha opinião, o grande fator de exclusão do século 21, do terceiro milênio, não será mais o analfabetismo convencional, mas a exclusão digital consequência do analfabetismo digital. Portanto, universalizar o acesso à educação e à inclusão digital, às redes sociais, será uma prioridade no governo e, na minha opinião, é um dos grandes diferenciais que vão transformar Goiás em um Estado ainda mais eficiente e moderno.


(Sérgio Vieira Costa) - O que realmente aconteceu entre o sr. e o governador que provocou este rompimento? Somente déficit milionário nas contas do governo como motivo do fim de uma aliança política vitoriosa entre PSDB-PP não convence muito.

Marconi Perillo - Olha, você tem muitas respostas. Uma ampla, baseada no fato ou na versão. Na falácia ou na verdade. A versão é o déficit. O fato é que quando você quer conhecer alguém efetivamente você precisa dar a ele dinheiro ou poder. O que aconteceu em Goiás foi uma excrescência do ponto de vista de descumprimento de compromissos, não com o grupo, mas com toda a sociedade. Eu daria apenas um exemplo. Cumprir o compromisso de distribuir os cargos entre homens e mulheres, 50% para cada, não dependeria de nenhum esforço de déficit, de regularidades de contas, de nada, de nenhuma falácia. Dependeria apenas da vontade política. Se esse compromisso não foi cumprido e os outros não foram cumpridos foi por rigorosa inação e vontade política.


(Chico da Balcão) - Sr. candidato, quais as ações propostas para reduzir os gastos com a máquina administrativa?

Marconi Perillo - Nós vamos dar muita ênfase a essa tecnologia, a esse instrumento novo de gestão, que foi aplicado pela primeira vez no Brasil no governo de Minas Gerais. Foi o chamado Contrato de Gestão entre o governador e a equipe central de governo com todas as demais secretarias, com todos os departamentos e com os funcionários de uma maneira geral. Através dessa pactuação, o governo pode aferir mensalmente, bimestralmente ou trimestralmente todos os resultados em relação à diminuição das chamadas receitas correntes e dos níveis de eficiência do governo. Eu já estou com essa equipe que colaborou com o governador Aécio (Neves, PSDB), comandada pelo atual governador (Antonio) Anastasia (PSDB), colaborando com o nosso plano de governo. Essa mesma equipe também está colaborando com os governo de Pernambuco e do Rio de Janeiro e, segundo o empresário Jorge Gerdau, que é quem iniciou esse processo no Brasil, esses dois Estados ao lado de Minas Gerais são as principais vitrines em relação a operacionalização desse projeto. Portanto, acho que esse será um diferencial em relação a diminuição de despesas correntes, diminuição dos gastos com relação a materiais, em relação a custeio, manutenção e também em relação a pessoal. É possível valorizar o funcionalismo levando em conta uma série de fatores, dentre eles o da eficiência na prestação de serviços. Efetivamente, Goiás vai precisar de uma gestão que leve em consideração a eficiência, o que há de melhor do ponto de vista de profissionalismo no País, de assessoramento técnico. Vamos nos preparar para fazer u ma gestão que de novo surpreenda não só a Goiás como o Brasil. Nossas gestões potencializaram a criatividade de toda a equipe, dos goianos. Criamos programas que foram exemplares para o País. Adotamos programas que deram certo em outros Estados, como o Vapt-Vupt, que em São Paulo tinha o nome de Poupa-Tempo, na Bahia, de Rapidinho. Ou seja, importamos soluções criativas, que deram certos em outros Estados, mas ao mesmo tempo também felizmente conseguimos exportar algumas ideias, alguns projetos que deram certos aqui em Goiás. O Banco do Povo, por exemplo, foi uma ideia que nós importamos e demos ênfase, prioridade total aqui no Estado.


(Thiago Peixoto) - Sabemos da força do setor de TI em Goiás e do potencial de crescimento, principalmente, se for incentivado pelo governo. Entretanto, em seus mandatos, o projeto do Teleporto da Serrinha nem saiu do papel. Então, Tecnologia da Informação é, de fato, um setor prioritário em seu plano de governo?

Marconi Perillo - O Thiago sabe que é um setor prioritário no meu projeto de governo. Ele me conhece bem. Ele está tão conectado às redes sociais, ao Twitter, à internet quanto eu. Ele sabe também que o candidato que ele apoia tentou criar uma base digital, o Teleporto em Goiânia e também teve que enfrentar dificuldades. No meu caso, eu procurei ser ousado, criativo, muito determinado em relação a implantação do Teleporto. Pedi ao Xibiu (Luiz Fernando Cruvinel Teixeira), que é um dos maiores arquitetos do Brasil nas soluções urbanas, que preparasse um belíssimo projeto para a viabilização do Teleporto aqui na Serrinha. Fizemos o projeto, belo, grandioso, seria certamente o principal cartão de visitas do nosso Estado, mas infelizmente nos esbarramos em duas grandes barreiras. Uma foi a Prefeitura de Goiânia e a Câmara, que demoraram demais para liberar a licença do uso do solo. Eu tive de fazer inúmeras incursões à Prefeitura, à Câmara, para conseguir finalmente a aprovação, depois de cinco anos de trabalho, da autorização legislativa para a utilização do uso do solo. O outro problema enfrentado foi com o Ministério Público, que entrou com uma ação e infelizmente não nos permitiu levar adiante o projeto. A diferença do Teleporto é que o governo do Estado não investiria um centavo na construção dessa bela obra. Iríamos começar com o Teleporto a primeira parceria pública privada em Goiás. O Estado adquiriu os terrenos que ainda faltavam, fizemos uma permuta com a Saneago. Então, o Estado entraria com o terreno e com o projeto e a iniciativa privada entraria com a construção e depois com a utilização dos serviços que seriam prestados, incluindo a lucratividade que decorreria da implantação do projeto numa área nobre de Goiânia. Eu acho que o Teleporto continua um projeto vivo. O projeto está pronto. É claro que depois de dez anos precisa sofrer adaptações que possam melhorá-lo, até mesmo porque o mundo mudou muito nessa área de tecnologia de dez anos pra cá. Tudo que temos em termos de ferramentas de internet, de tecnologia de informação, será obsoletos daqui a cinco anos. Imagine o que acontecia há dez anos. O projeto terá de ser aprimorado, mas é um projeto que terá de ser vendido, no bom sentido, à iniciativa privada.


(David Faria) - Goiás tem de crescer. Mas não consegue produzir energia para tal, o que terá de ser feito? E o problema da Celg, como fica? Todos os governos passados têm culpa mas nenhum assume. Ou a culpa é da população?

Marconi Perillo - A culpa definitivamente não é da população. Alguns governos têm maior parcela de culpa, outros menos. Eu diria que muitos fizeram esforços para que a Celg pudesse contar com a estrutura que conta hoje. Eu procurei fazer da minha parte para superar o maior desafio da Celg, que foi a manutenção, a continuidade da distribuição da energia, a manutenção das vias de transmissão, construção de novas subestações de rede e energia rural - fizemos quase 50 mil ligações em propriedades pequenas, médias, principalmente no Norte e Nordeste. Enfim, enfrentei com altivez esse problema no pós-privatização de Cachoeira Dourada. Acho que o maior desafio da Celg foi o pós-privatização da usina. A empresa perdeu grande parte do seu ativo e principalmente das suas receitas. Eu diria que as receitas mais líquidas que a Celg tinha eram as receitas provenientes da geração de energia em Cachoeira Dourada. Eu faço um cálculo por alto, mas imagino que a Celg teria hoje algumas centenas de milhões de reais disponíveis todos os meses no caixa da empresa com a venda da energia gerada pela usina. É algo muito lucrativo. Para se ter uma ideia a Endesa, que é o grupo que arrematou em leilão a usina, já obteve até o final do ano passado, mais de R$ 3 bilhões apenas de lucros e dividendos em 13 anos após a privatização. Mas eu diria que a Celg tem solução. Vai precisar de um choque brutal de gestão. Precisará buscar uma solução híbrida para equacionar os seus problemas de fluxos de caixa até porque não tem receita. Híbrida seria participação privada ou participação do governo federal, ou a Eletrobrás, ou a venda de partes das ações para o setor privado para que a empresa se capitalize novamente e tenha condições de investir em mais subestações de energia para melhorar a qualidade da energia ofertada ao consumidor residencial e ao consumidor comercial, investimentos em linhas de transmissão, distribuição, energia rural para as famílias que ainda não têm - não são tantas hoje, mas ainda temos muitas propriedades rurais que necessitam de energia - e principalmente na geração de energia. A Cemig é hoje a maior potência brasileira porque o governo Itamar (Cardoso) se recusou a privatizá-la e principalmente se recusou a privatizar as usinas geradoras de energia. Não há nada mais barato do que a manutenção de uma usina geradora de energia. O caro é construir a usina. E hoje se constrói usina geradora com recursos provenientes de empréstimos internacionais e principalmente com recursos do BNDES. O difícil, portanto, é construir. A manutenção é muito fácil. Usina como de Cachoeira Dourada requer pouco mais de 20 funcionários para a sua manutenção permanente.


(Cileide) - Híbrido seria vendas das ações para Eletrobrás ou federalização?

Eu diria que seria uma parte de federalização ou venda de ações para Eletrobrás ou venda de ações para iniciativa privada. O fato concreto, e não dá pra ter hipocrisia nessa área, é que não tem recursos hoje depois desses problemas sofridos ao longo dos anos e principalmente agora, nesse período de governo agora, do atual governo, a Celg aumentou em R$ 2,5 bilhões o seu endividamento com os bancos. Isso está no relatório da CPI da Celg. Portanto, a Celg não tem recursos disponíveis no caixa para resolver a questão de novos investimentos. Então, precisa de parceiros. E precisa de uma solução política em relação a esse imbróglio do seu endividamento. A maior parte do endividamento da Celg é com a Eletrobrás e com o sistema federal de distribuição de energia - Furnas, Itaipu. Mas a Celg também tem receitas a receber. Eu reconheci um passivo que o Tesouro do Estado tinha ao longo de mais de 30 anos com a Celg que não tinha pago. O governo do Estado usava veículos da Celg, funcionários da Celg, realizava obras de distribuição de energia nas cidades do interior mas não pagava a Celg. Eu descobri que havia esse passivo todo e reconheci. Isso hoje significa um ativo da Celg num valor aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Mas a Celg tem cerca de R$ 3 bilhões também a receber do governo federal. Talvez o certo seja a realização de um grande encontro de contas levando em consideração o que o Estado pagou de subsídio a Codemin, sendo que quem deveria pagar esse subsídio era o governo federal. Então, acho que é possível esse grande encontro de contas. Mas é necessário a união de todos, um esforço de todos. Eu me propus várias vezes a colaborar como senador, ao lado da senadora Lúcia, ao lado do senador Demóstenes, a buscar uma saída política para a Celg. Eu pelo menos nunca fui requisitado a colaborar nesse sentido. Acho que com a participação dos senadores, de toda a bancada federal, de todos os agentes políticos, de todos os partidos, será possível reverter o problema atual da Celg e buscar recursos novos através de parcerias, de empréstimos, para novos investimentos. O fato é que Goiás cresceu demais nos últimos anos e precisa atender as demandas novas surgidas em função desse crescimento.


(Fernando Magalhães Portella) - O equilíbrio fiscal do Estado implica em: maximizar a arrecadação (receita); minimizar gastos (despesas correntes); e estabelecer um plano de investimento que assegure a sustentabilidade do modelo com endividamento equilibrado. 1) Quais são seus planos em ambos (aumento da arrecadação/redução de gastos)? 2) Quais as prioridades de investimento e de onde virão os recursos para implementá-los? 3) Qual, na sua opinião, é a máxima capacidade de endividamento do Estado e como assegurar o crescimento com endividamento equilibrado?

Marconi Perillo - Ele faz algumas perguntas muito interessantes. O aumento da arrecadação virá naturalmente com o aumento da eficiência em relação a coibição de evasão fiscal, o lacre, eu diria, dos ralos em relação a sonegação fiscal, principalmente. Isso passa pelo estímulo, pelo contrato de gestão com os fiscais em relação a metas que serão estabelecidas para se buscar os melhores resultados, portanto, eliminar alguns gargalhos. Eu trabalho muito com a ideia de se reduzir a carga tributária para aumentar a base de arrecadação. Então, na minha opinião em relação a aumento de arrecadação, é preciso eliminação de gargalhos que permitam uma fiscalização mais eficiente, o cupom fiscal em todos os estabelecimentos comerciais, o combate sistemático a sonegação, e a justiça fiscal. Por justiça fiscal a sonegação diminuiu. Eu experimentei isso no período em que fui governador. Em relação a redução de gastos, já respondi. Vamos estabelecer metas que serão avaliadas permanentemente para todas as secretarias com vistas a redução de gastos dos maiores aos menores, redução de gastos com telefonia, papéis, enfim, com gastos supérfluos. Essas metas serão fundamentais inclusive para pontuação que os servidores e o conjunto das secretarias e dos órgãos terão de observar para atingirem as metas e os resultados que serão propostos. Portanto, uma gestão moderna, eficiente, com a definição de metas e, consequentemente, o alcance de resultados será fundamental para reduzirmos os gastos.


As prioridades de investimentos e de onde virão os recursos para implementá-los.

Marconi Perillo - Nós temos investimentos em Goiás que demandam recursos federais, como conclusão da Ferrovia Norte-Sul, as construções das reclusas a partir do Porto de São Simão no Rio Paranaíba, na Hidrovia Paranaíba, Tietê-Paraná, a construção do novo terminal do Aeroporto de Goiânia. Recursos privados para a melhoria da ferrovia Centro-Atlântica que demanda Anápolis aos portos do Sul e do Sudeste do País. Recursos para o Anel Viário de Goiânia, que ainda depende também de uma solução ou de um termo de ajustamento de conduta junto ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da União, assim como depende o novo Aeroporto de Goiânia que, na minha opinião, precisa de uma solução rápida através do cancelamento da licitação que foi considerada fraudulenta e a realização de uma nova licitação. No nível dos recursos estaduais, teremos de pensar em algumas soluções, como construção de pontes, estradas, duplicações, melhorias. Uma dessas soluções serão as parcerias públicas privadas. Eu comecei uma parceria na construção da ponte sobre o Rio Araguaia na altura de Cocalinho. Nós fizemos essa experiência, começamos, eu deixei o governo e infelizmente a obra continuou da mesma maneira como deixei há quase cinco anos. Mas foi uma experiência rica, importante. Vamos ter de estudar modelos de concessão em relação a estradas para duplicação, estudar algo que possa ser viável do ponto de vista da melhoria radical da infraestrutura desde que haja demanda e viabilidade econômica. E vamos ter de fazer uma racionalização na utilização dos recursos já existentes através do Fundo de Transportes, que foi criado com base na receita do IPVA, com base na receita da Cide. A Cide tem uma receita anual hoje de cerca de R$ 60 milhões. Mas Fundo de Transportes, Cide, financiamentos internacionais, concessões e parcerias públicas privadas serão algumas das soluções que buscaremos para o setor de infraestrutura. Um outro ponto será a reativação do Pró-Melhor, que era o programa que consistia na reabilitação, na reconstrução, de toda a malha rodoviária. Todos somos testemunhas de que muita pavimentação asfáltica foi feita em Goiás a toque de caixa com asfalto chamado casca de ovo, e com rodovias sem acostamento. Muitas dessas rodovias foram completamente reconstruídas. Eu arranquei inteiro o asfalto e fiz de novo, incluindo sinalização vertical e horizontal e noturna. O outro programa será a reativação para valer do projeto Terceira Via, que tinha como objetivo na época em que criei cuidar permanentemente da manutenção e da conserva das rodovias, dos acostamentos e das margens. E, por fim, a reativação da parceria com as prefeituras através do programa Cimos, que era o Consórcio Intermunicipal dos Municípios. E, é claro, não vamos ter de nos ater apenas a infraestrutura viária. Vamos ter de levar em consideração a necessidade de investimentos de infraestrutura social, especialmente habitação e saneamento. E na infraestrutura digital, com programas desenvolvidos nesta área.


A capacidade máxima de endividamento do Estado, a outra pergunta do Portella.

Marconi Perillo - O Estado tinha uma capacidade de endividamento muito pequena há 12 anos, cerca de US$ 200 milhões depois de celebrado o ajuste fiscal, o refinanciamento da dívida pública externa do Estado. Isso aconteceu em 1997, eu não era governador ainda. Coube a mim, já em 99, cumprir o que havia sido pactuado do ponto de vista de ajuste fiscal. Felizmente isso aconteceu. A partir de 98, os governos passaram a ter de trabalhar. Mas principalmente a partir de 2000, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, passaram a ter de cumprir um rigoroso ajuste fiscal para cumprir as metas estabelecidas no refinanciamento do endividamento externo de Goiás. Quando foi feito esse repactuamento Goiás tinha a maior dívida proporcional do Brasil, na época R$ 5,802 bilhões. Isso em 1998. Até 2005, só de atualização monetária essa dívida aumentou em R$ 9,094 bilhões por conta dos contratos que foram feitos com base em indexadores de TR, TJLP, etc. Portanto, a atualização monetária nesse período de 99 até 2005 foi de mais de R$ 9 bilhões. Nós fizemos uma amortização, ano a ano, que somou R$ 5 bilhões, por isso é que a dívida não cresceu mais ainda. Isso se deu graças a este refinanciamento e principalmente do cumprimento das metas e do ajuste fiscal. Agora a capacidade do endividamento do Estado de lá pra cá melhorou porque, ano a ano, no cumprimento do ajuste fiscal e das metas do ajuste fiscal, o Estado foi melhorando a sua posição no ranking nacional e foi chegando muito mais perto de um por um da relação despesa/dívida externa do Estado. Ou seja, um ano de arrecadação total para se pagar a dívida externa. O Estado fez ao longo desse tempo o dever de casa e isso acabou aum entando a nossa capacidade de endividamento sem que o Estado tenha de desembolsar mais. Esse é um fator positivo, ou seja, toda a elevação de endividamento, ou da capacidade de endividamento que o Estado possa ter agora, não vai implicar em desembolsos novos. Isso já está incluído no refinanciamento que foi feito lá atrás. Portanto, se o Estado paga hoje R$ 100 milhões por mês de serviços e juros da dívida externa, ele não precisará pagar um tostão a mais com os novos financiamentos.


(Rafael Martins) - Reportagem do POPULAR de 4 de maio mostrou que o Eixo Anhanguera está a beira do colapso. O que fará, caso eleito, para "salvar" o Eixão?

Marconi Perillo - Olha, nós precisamos salvar não é o Eixão. O Eixão é parte do sistema do transporte da região metropolitana e parte do problema caótico do trânsito de Goiânia. Eu diria que o menor problema existente hoje no transporte coletivo de Goiânia é o Eixão. Porque você tem uma linha definida, um eixo regular, organizado. Não é verdade que não foram feitos investimentos em novos ônibus. Só de uma vez, eu comprei três ônibus triarticulados. Fizemos permanente renovação de frota no tempo em que fui governador e, além disso, eu criei a tarifa social, o subsídio para ajudar o bolso do trabalhador. Tivemos um incremento de 80 para 200 mil usuários naquele período. Mas o problema não diz respeito apenas ao Eixo Anhanguera, isso é uma falácia. O problema é o trânsito que continua ainda caótico, apesar das intervenções que já estão sendo feitas pelo novo prefeito, Paulo Garcia (PT), que no Face a Face aqui no POPULAR e na TV Anhanguera foi alertado, questionado, em relação aos problemas gravíssimos no trânsito e começou a tomar providências. Quem estava no poder até a chegada dele, não tomou providência alguma. O trânsito continuou caótico e assim o transporte piora mais ainda porque o transporte eficiente depende do trânsito de boa qualidade. Mas, em relação ao transporte também, as humilhações aos nossos trabalhadores continuaram, o empurra-empurra, as filas em todos os terminais. Tivemos renovação de uma parte da frota com recursos da iniciativa privada. Eu já conversei com os empresários no setor privado na área de trans porte e todos eles são unânimes em dizer: a gestão da Prefeitura não investiu um tostão em corredores novos, em terminais, em ônibus novos, nenhum tostão. Todos os investimentos foram feitos pela iniciativa privada. O que mudou no transporte em Goiânia de seis anos pra cá foram o preços das passagens e a renovação dos contratos com as mesmas empresas por mais 30 anos. Portanto, o choque que precisa ser dado em relação ao transporte de Goiânia não é só no Eixo Anhanguera. O eixo depende de investimentos do governo estadual. O governo estadual tem de buscar mesmo que seja financiamentos para investir mais um pouco. Mas o problema do transporte é global. E é humilhante. Infelizmente, quem falou que resolveria o problema de transporte em seis meses, não resolveu, não deu conta de resolver, não vai resolver e nós vamos precisar de uma solução dura no futuro que envolva empresas, prefeituras da região metropolitana, e principalmente, o governo do Estado. O governo não pode se esquivar, não pode lavar as mãos em relações a soluções para o transporte de Goiânia.

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