quarta-feira, 16 de junho de 2010

Felizberto!






POLÍTICA & JUSTIÇA


“Braga e Sérgio Caiado perderam a racionalidade”
Militante histórico do PP condena processo de “destruição” do partido Jácomo diz que o presidente do PP tem “medo” de reunir a executiva

O pepista vê o ex-secretário como culpado por defeitos da gestão Alcides

Warlem Sabino

Cunhado do deputado federal Roberto Balestra e um dos militantes históricos com maior tradição no PP, Felisberto Jácomo Filho resolveu rasgar o verbo, denuncia a “destruição” do partido e os prejuízos impostos ao governador Alcides Rodrigues pelos erros e equívocos cometidos pelo ex-secretário da Fazenda, Jorcelino Braga e pelo presidente da agremiação, Sérgio Caiado. Em entrevista aos jornalistas Jerônimo Rodrigues e Ivan Mendonça, âncoras do programa Falando Francamente, da Rádio Mil, Felisberto defende a volta do PP para a base aliada do senador Marconi Perillo, diz que o projeto administrativo comandado por Braga não deu certo e chama de “monstro imaginário” o suposto déficit de R$ 100 milhões que o atual governo teria herdado do seu antecessor: “O deficit é um monstro imaginário, para o qual foi criado um herói de fantasia que era o secretário da Fazenda. Ele, Braga, e o presidente do partido, Sérgio Caiado, perderam toda racionalidade no enfrentamento e no olhar da cena política”. A seguir, veja a entrevista de Felisberto à Rádio Mil.


O que de errado está acontecendo na base de apoio de Alcides Rodrigues?

Felisberto Jácomo – O que acontece na base é um distanciamento entre a formulação política da cúpula e a chamada alma do PP, ou seja, a sua base, que deseja seguir um caminho diferente. E eu estou adotando uma posição de confronto com a direção do partido, para que possa prevalacer a vontade da maioria esmagadora do PP e a base aliada seja mantida.

Mas o PP mudou de rumo e abandonou, há tempos, o barco do Tempo Novo?

Felisberto – O PP não abandonou as teses renovadoras do Tempo Novo. A direção do PP é que adotou um caminho distanciado do espírito e da base do partido. Há hoje um claro conflito entre a cúpula e as bases do PP.

O secretário geral do PP, Sérgio Lucas, disse que “Sérgio Caiado está afundando o PP”. O senhor concorda?

Felisberto – Vou além: Sérgio Caiado já afundou o PP. A minha luta é tentar revitalizar o partido e tentar retirá-lo da agonia quase mortal a que está submetido hoje.

Qual a origem das desavenças entre Alcides Rodrigues e Marconi Perillo?

Felisberto – Essa cizânia só tem uma explicação: o ódio do ex-secretário Jorcelino Braga e do presidente do partido Sérgio Caiado. Eles perderam qualquer noção de racionalidade no enfrentamento e no olhar da cena política.

O governo Alcides Rodrigues fez de um suposto déficit herdado do seu antecessor um verdadeiro cavalo de batalha. Qual a verdade sobre essa questão?

Felisberto – Se existiu algum deficit , ele não foi herdado do governo de Marconi Perillo. Alcides Rodrigues foi vice quatro anos, no primeiro mandato, três anos e pouco no segundo e sucedeu Marconi. Foi interventor em Anápolis, e essa interventoria valorizou muito o PP, porque deu oportunidade a Alcides para mostrar a sua capacidade administrativa a Goiás. O que houve foi um impacto sobre as contas do Estado causado pelo aumento de 22% ao funcionalismo, em duas parcelas, que foram honradas pelo governo Alcides. Esse aumento foi aprovado pela Assembleia e teve o consenso de todos os partidos da base aliada, que queriam valorizar o funcionalismo. Então, não foi um déficit indevido, mas uma necessidade momentânea que caberia ao gestor das finanças administrar – o que foi feito pelo secretário Oton Nascimento. Tanto que quando Jorcelino Braga substituiu Oton, não havia mais déficit nenhum. Esse déficit é uma espécie de mula sem cabeça, que nunca existiu.

Jorcelino Braga também foi responsável pela política de comunicação do governo, mas a aprovação do governo, hoje, não é alta. Onde ele errou?

Felisberto – Braga errou feio na comunicação. O que houve foi uma absoluta falta de comunicação, embora não faltasse comunicação para criar e enfatizar um déficit que não passou de um monstro imaginário, justificando o surgimento de um herói de fantasia, que era o senhor Braga, para combatê-lo. Em vez de mostrar o trabalho do governador Alcides, Braga concentrou a comunicação do governo em si próprio, e na tentativa de destruir o senador Marconi Perillo.

Mas Braga também foi denunciado, como naquele momento em que a filha dele foi acusada de receber propina. Isso foi uma injustiça com ele?

Felisberto – Foi, porque Braga não é homem de submeter-se a pequenas maracutaias.

Qual sua avaliação do ponto de vista politico e administrativo, do ex-secretário Jorcelino Braga?

Felisberto – Digo que ele é extremamente trabalhador, operoso, corajoso. Mas não foi criativo na Sefaz. Ele destruiu o que o governo poderia ter de bom, que é o espírito conciliador e democrático do governador Alcides. A marca de Alcides é levar para a política os valores humanos que presidem as relações pessoais dos homens de bem. Isso é algo que um homem como Jorcelino Braga não entende.

O governo Alcides acumulou em quatro anos muitas manchetes negativas, como, por exemplo, a reforma administrativa, crise no Ipasgo, a questão da UEG, o afastamento da mídia e a falta de reajuste para servidores. Quem é o responsável?

Felisberto – Todos esses erros foram oriundos da ação do secretário da Fazenda, que travestiu-se de articulador e formulador político do Estado sem estar preparado para isso.

Como é possível falar em manutenção da base aliada, se o governador Alcides já lançou um candidato, Vanderlan Cardoso?

Felisberto – O governador não lançou Vanderlan Cardoso. A candidatura de Vanderlan é fruto de uma articulação lateral e o governador de forma legítima, correta e inatacável, manifestou sua simpatia e a apoio a essa candidatura, mas sem falar em nome do PP. Alcides expressou apoio em seu nome próprio e da sua esposa, a prefeita de Santa Helena, Raquel Rodrigues. A posição do governador é legítima, mas o PP não é obrigado a seguí-la.

O PP foi ouvido sobre a candidatura Vanderlan?

Felisberto – Não. O presidente do partido nunca se reuniu nem conversou com ninguém da base. Ele usa o seu cargo de presidente indevidamente, para dizer que o PP está com Vanderlan, mas essa não é a verdade. Digo mais: o presidente tem medo de reunir o partido porque tem medo. Ele sabe que a base do PP repudia a sua atitude.

Como o senhor, que é histórico no PP, recebeu a nomeação de Jorcelino Braga para a vice-presidência do partido?

Felisberto – A nomeação de Jorcelino Braga para a terceira vice-presidência do PP não vale nada, não tem nenhum valor.

Que cenário que o senhor vislumbra pra eleição deste ano?

Felisberto - Primeiro de tudo, o PP tem que se reunir para deliberar internamente. As forças vivas do partido têm que participar da decisão, inclusive para que possamos recuperar o respeito do diretório nacional – coisa que hoje o PP perdeu em função dos desmandos praticados pelo presidente Sérgio Caiado.

Ainda há tempo para se pensar na unidade da base aliada tão defendida pelo próprio Roberto Balestra?

Felisberto – O desejo de ver a base unida não é só do deputado Balestra, mas sim de todo o PP, com exceção da sua cúpula.

O que vai ficar do governo de Alcides Rodrigues?

Felisberto – Vai ficar a imagem de um governo que tem aspectos muitos positivos e outros nem tanto. Infelizmente, o governo ficou encoberto por uma má divulgação de seus atos. A comunicação social do governo teve um viés que não atendeu às necessidades nem do governo e nem da comunidade, mas apenas aos interesses de algumas pessoas que se instalaram ao redor dele.

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