sexta-feira, 18 de junho de 2010

Balaio!






POLÍTICA & JUSTIÇA

Aumenta troca de ataques no PP
Sob risco de ser expulso, Sérgio Lucas acusa Sérgio Caiado de perseguição e de atrapalhar candidatura de Vanderlan

José Cácio Júnior

O presidente regional do PP, Sérgio Caiado, e o secretário-geral do partido, Sérgio Lucas, protagonizam verdadeira troca de cotoveladas às vésperas da convenção que vai sacramentar o apoio da legenda à candidatura de Vanderlan Vieira Cardoso (PR) ao governo do Estado. Caiado pediu maiores esclarecimentos a Lucas sobre as queixas que tem recebido em notificação representada no Conselho de Ética da legenda. O conselho, que funcionará como tribunal de júri, pode até sugerir a exclusão do secretário do partido.

Por telefone, Lucas disse ao DM que já está ciente da notificação e que até torce para que aconteça o julgamento. “Será oportunidade para reunir a executiva regional para eles deliberarem alguma coisa. O presidente do partido tem tomado decisões isoladas, sem consultar a diretoria executiva”.

De acordo com Lucas, ele tem sofrido pressão por ter sido um dos primeiros a fazer críticas a Caiado. “Venho sendo perseguido desde o início do governo Alcides Rodrigues (PP). O partido tem sofrido com as ações arbitrárias e coronelistas do presidente.”

Segundo um integrante da legenda, que solicitou sigilo, Lucas deve ser expulso da legenda, e o Conselho de Ética do PP pode tomar uma decisão já na próxima segunda-feira. A informação é negada por um dos diretores do Conselho, Jovenny Cândido. Ele explica que a análise de denúncias por parte do Conselho de Ética é prevista no regimento da legenda, e Lucas tem 15 dias para responder à notificação feita por Sérgio Caiado. “Será um processo em que ouviremos a acusação e a defesa”.

Segundo ele, após ouvir os dois envolvidos, o conselho sugere uma decisão para a diretoria executiva, que pode ser tanto o arquivamento do processo, quanto uma punição para Lucas, como por exemplo, sua expulsão do partido. À decisão, caberá recurso que deve ser apresentado à executiva nacional do PP.

As reclamações de Lucas também são endereçadas ao vice-presidente do partido e ex-secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, um dos articuladores políticos da campanha do ex-prefeito de Senador Canedo. O secretário-geral reclama das decisões que Braga também teria tomado sem consultar os demais integrantes do partido.

“Boa parte dessa situação foi causada pela ‘ingestibilidade’ de Braga e Caiado”, completa Lucas. Entretanto, ele diz que a partir de agora seguirá as orientações de Alcides, e que só dará sua opinião se for convocado. “Não darei mais palpites para a gestão do partido”. É fato que as reclamações de Lucas não são isoladas. Integrantes do PP, como prefeitos e vereadores, já manisfetaram a insatifação com a gestão de Caiado à frente da legenda. Liderados pelo prefeito de Piracanjuba, Ricardo de Pina, prefeitos alegam que a escolha de apoiar Vanderlan foi decisão de cúpula, sem consulta às bases.

Conforme já foi publicado pelo DM, pepistas que declararam apoio ao senador Marconi Perillo (PSDB), que também concorrerá ao Palácio das Esmeraldas, ou que discordam da política de Caiado no PP, tem sido exonerados do governo, ou colocam o cargo à disposição para acabar com pressões sofridas.

Em entrevista ao DM essa semana, um dos militantes mais tradiconais do partido, Felisberto Jácomo Filho – que é cunhado do deputado federal Roberto Balestra (PP) –, também fez coro às reclamações de Lucas. De acordo com Jácomo, Caiado é centralizador, pois “nunca se reuniu nem conversou com ninguém da base do partido”. Para ele, Caiado não se reune com o partido, pois a base “repudia suas atitudes”.

Em relação a Braga, Jácomo explica que o ex-secretário maculou a imagem de Alcides ao “travestir-se de articulador e formatador político do Estado sem estar preparado para isso”. Segundo ele, Braga concentrou a comunicação do governo em suas ações, em vez de mostrar o trabalho de Alcides como governador.

Alianças

Lucas acredita que o trabalho que Braga e Caiado têm realizado à frente do partido tem tido influência direta sobre a pré-campanha de Vanderlan. “Se não fossem os dois, o Vanderlan já teria superado os 10% nas pesquisas”. Segundo ele, Vanderlan tem “pego carona em um desgaste que ele não criou e que com o qual não tem nenhuma relação, mas isso o atrapalha”.

Já em relação às alianças que o PP pode costurar nessa campanha, Lucas diz que ninguém “entra para o barco se ele não estiver sólido e com bons remadores. Temos o melhor capitão, Alcides, mas os remadores não ajudam”, completa Lucas em referência ao trabalho de Braga e Caiado. O PSB, um dos partidos que conclamaram o nome de Vanderlan no início de Abril, já colocou a aliança em dúvidas. A tendência é que a legenda coligue com o PMDB de Iris Rezende, após orientação da executiva nacional de formar alianças com o PT e partidos da base do presidente Lula (PT). “Eleição é agregação, ajuntamento. Caso o PSB realmente saia, o prejuízo é dobrado: perdemos um aliado e o entregamos para o adversário”, completa. A reportagem entrou em contato com Braga e Caiado, mas eles não retornaram as ligações.

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