segunda-feira, 14 de junho de 2010

REPORTAGEM







Anápolis


POLÍTICA

A (grande) responsabilidade dos políticos anapolinos
Terceira maior cidade do Estado, com cerca de 225 mil eleitores, e segundo maior PIB?goiano, nos últimos anos Anápolis tem carecido de maior representatividade no cenário estadual

Sem nome no Senado, com um representante na Câmara dos Deputados (Rubens Otoni-PT), e apenas um na Assembleia Legislativa (Frei Valdair-PTB), claro está que é muito pouco para a importância econômica e eleitoral da cidade. A bem da verdade, o deputado Ronaldo Caiado é filho da terra, mas tem tocado sua carreira política de forma mais distanciada de Anápolis.

Em passado não tão recente, Anápolis chegou a ter quatro deputados estaduais. Teve senador. Por isso mesmo, a atual geração de políticos anapolinos tem uma responsabilidade muito grande. Cabe a eles, alguns bastante jovens e outros veteranos, fazer uma renovação de ideias e de práticas, levando aos eleitores mensagens pertinentes.

Outro fator que tem contribuído para a perda de expressão político-eleitoral do município é a divisão de votos. Anápolis tem se tornado um território livre em que candidatos de outras regiões chegam, pedem e levam votos. Reflexo do sistema de voto não-distrital.

Cidade próxima da Capital e terceiro maior colégio eleitoral do Estado, Anápolis é um chamariz para todo candidato. Muitos políticos da cidade, depois da eleição, constatada a derrota, costumam imputar ao eleitor da cidade a culpa por essa fuga de votos. Para esses políticos, o anapolino vota errado em gente de fora, o que é um equívoco. O eleitor não tem essa visão bairrista e vota em quem lhe acena com propostas melhores.

A verdade é que a maioria dos políticos anapolinos não tem sabido encantar o seu eleitor. Quando a mensagem é pertinente, o anapolino corresponde. A eleição do deputado Rubens Otoni é uma prova dessa tese. Em 2006, ele saiu com mais de 38 mil sufrágios de Anápolis, praticamente se elegendo com os votos do município.

Na eleição de outubro, o município pode eleger três deputados estaduais e dar um colega para Otoni, que certamente continuará representando Anápolis na Câmara dos Deputados. Bons nomes a cidade tem para apresentar aos eleitores anapolinos, como se verá a seguir.

Mas não basta ser bom em tese, tem de substancializar isso em propostas coerentes e trabalho, muito trabalho, para fazer chegar sua mensagem ao eleitor. Anápolis só terá a ganhar com representatividade mais efetiva nas instâncias legislativas.


Bons nomes para escolha dos eleitores

A fase é de articulação e os partidos estão tricotando politicamente, com o objetivo de formar suas coligações. A partir daí, estabelecem as chapas majoritárias (governador, vice e duas vagas para o Senado) e as proporcionais (deputados estaduais e federais).

Em Anápolis, como em todo lugar no Brasil, o tricô segue em ritmo frenético, apesar do compasso de espera por conta das articulações em torno dos três principais candidatos ao governo — Iris Rezende (PMDB), Marconi Perillo (PSDB) e Vanderlan Cardoso (PR).

Independentemente das chapas que serão formadas, alguns nomes já estão definidos para candidatura à Assembleia e, por enquanto, apenas um à Câmara Federal. São nomes representativos e que poderão representar bem o município.

Talvez a grande surpresa desta eleição seja a vereadora Dinamélia Rabêlo (PT), de 54 anos. Anapolina de nascimento, casada, mãe de três filhos, no segundo mandato na Câmara de Anápolis, a médica obstetra é líder do prefeito Antônio Gomide (PT). Pela própria natureza de sua atividade profissional, tem um trabalho interessante que a aproxima das pessoas. Calcula ter feito mais de 15 mil partos.

Dinamélia começou a atuar politicamente ainda na juventude, no PCdoB. Há cerca de oito anos filiou-se ao PT. Está fazendo dobradinha com o deputado federal Rubens Otoni. Nesta semana eles fecharam um ciclo de reuniões em todas as 31 regiões da cidade e iniciam agora os encontros com sindicatos, empresários e outras entidades.

"É preciso reforçar a representatividade de Anápolis na Assembleia, para trazermos mais recursos para a cidade. Agora, com a administração do PT, o povo anapolino vê que seu impostos retornam em forma de benefícios. Precisamos dar continuidade a isso", afirma Dinamélia Rabêlo.

Onaide Santillo, do PMDB, é uma veterana política anapolina, de uma estirpe nobre da política goiana, os Santillo. Mulher do ex-prefeito Adhemar Santillo, já foi deputada estadual por dois mandatos. Foi candidata a prefeita em 2008, além de ter sido vice na chapa de Maguito Vilela (PMDB) ao governo, em 2006. Professora e empresária do ramo de comunicação, tem experiência e, sem dúvida, reúne cacife para ser bem votada em Anápolis, com a vantagem de ser conhecida em outras regiões.

Outro político jovem, o peemedebista Wesley Clayton da Silva, cumpre seu mandato de estreia na Câmara de Anápolis. Ousado, já quer passar à Assembleia. Muitos veem Wesley Silva como um saudabilíssimo sopro de renovação no PMDB anapolino, dominado há muitos anos pelo clã Santillo. Consideram que o jovem vereador seria uma prova de que o partido não se resume aos Santillo e pode sim apresentar alternativas interessantes.

Ele faz oposição ao prefeito Antônio Gomide, mas nem por isso deixa de ser um dos destaques na Câmara de Anápolis. Trata-se do vereador Fernando de Almeida Cunha, de uma estirpe política que fez e continua fazendo história na cidade.

Ele também é chamada de Fernando Cunha Neto por ser neto do ex-senador e atual secretário extraordinário do governo estadual Fernando Cunha. Aos 28 anos, estudante de Direito, cumpre seu primeiro mandato como vereador (teve 2.462 votos) e já se arrisca na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Além do avô, um ícone da política anapolina, terá também o senador Marconi Perillo como fortíssimo cabo eleitoral. O imenso prestígio que Marconi tem na cidade certamente vai beneficiar Fernando Cunha Neto, que está trabalhando duro. Na semana que passou ele se encontrou com prefeitos da região, angariando apoios.

“Desde já estamos fazendo um trabalho forte para que os anapolinos percebam que nosso nome é bom para nossa cidade. Com isso, não vamos perder votos para candidatos de fora”, diz Neto. Juventude e boa articulação são suas credenciais mais evidentes na caminhada à Assembleia.

Outro tucano com boas possibilidades de eleição é o ex-secretário estadual de Indústria e Comércio Ridoval Chiareloto. Gaúcho, Ridoval chegou a Anápolis em 1970. Experiente na lida da representação classista, foi presidente da Acia por quatro vezes, entre outras entidades. Empresário de sucesso, foi candidato a prefeito em 2006. Com boa penetração junto ao empresariado, Ridoval pode ter boa votação em Anápolis, com a vantagem de também ter boa articulação em outras regiões do Estado, graças ao bom trabalho que exerceu nos governos de Marconi Perillo.

O deputado estadual Frei Valdair (PTB) será candidato à reeleição. Valdair de Jesus Costa tem trabalhado bem na Assembleia Legislativa, sem se desconectar de sua base anapolina. Padre da Ordem dos Franciscanos, atua na política partidária desde 2001, quando se filiou ao PPS. Disputou a Prefeitura de Anápolis em 2004 e 2008. Na eleição de 2006 foi eleito deputado estadual com 26.463 votos. Nas primeiras pesquisas de opinião para a Assembleia tem aparecido com um dos nomes com fortes possibilidades de sucesso.

O presidente da Câmara de Anápolis, Sírio Miguel (PSB), é outro vereador que dá um salto nas pretensões eleitorais. Em seu segundo mandato na Casa, político jovem, de caráter conciliador, de trato afável, Sírio Miguel tem grandes possibilidades para obter sucesso na empreitada de mudar de casa legislativa. Ele aposta no anseio de renovação por parte do eleitorado anapolino e se apresenta como alternativa num momento de “entressafra política”, como ele diz, para fortalecer a representatividade anapolina na Assembleia.

O ex-prefeito Pedro Sahium (DEM) é outro bom nome de Anápolis na disputa pela Assembleia. Mesmo sem ter realizado uma gestão aprovada, muitos consideram que Sahium recebeu uma prefeitura em situação bastante complicada de administrações anteriores, o que lhe dificultou um melhor desempenho. De qualquer forma, é um político experiente, culto, oriundo do meio acadêmico, e que qualifica o debate político. Há um movimento no comando de seu partido com a pretensão de apresentá-lo como opção para vice de Iris Rezende ou de Vanderlan Cardoso.

O empresário Wagner Aidar (PP), do ramo de bebidas e usineiro, também deve sair candidato a deputado estadual, embora ainda não tenha confirmado essa pretensão. Nos últimos meses ele tem se movimentado com bastante desenvoltura no meio político e sabe-se que é bem próximo ao governador Alcides Rodrigues. Wagner é presença constante na recepção ao governador em diversos eventos e conta com a simpatia absoluta do comando de seu partido. A proximidade com o governador sempre ajuda a quem pleiteia cargo eletivo.

Até o momento, antes ainda das convenções, esses são os principais nomes anapolinos na pré-campanha para a Assembleia. Certamente que outros nomes poderão surgir no desenrolar dos acontecimentos.

Para a Câmara dos Deputados, por enquanto, apenas o já deputado federal Rubens Otoni está definido como candidato — outros nomes são citados aqui e ali mais como especulação, para ver se “cola”. Otoni é talvez o principal interlocutor do presidente Lula em Goiás e deve ter uma reeleição tranquila, com amplas possibilidades de ampliar sua votação de 2006, quando obteve mais de 73 mil sufrágios (38 mil votos só em Anápolis, ou seja, 52%). Rubens Otoni vai se beneficiar da alta popularidade de Lula e da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência.

Há alguns meses, Otoni se colocava como alternativa do PT para candidatura ao governo. E até a semana passada, ainda corria o boato de que ele poderia compor a chapa majoritária da coligação PT-PMDB ao governo, como candidato ao Senado ou mesmo vice de Iris Rezende. Mas pessoas muito próximas dele garantem que Otoni já se decidiu e vai mesmo ser candidato à reeleição.


ECONOMIA

Aquisições fortalecem polo farmoquímico

Na quarta-feira, 9, o Conselho de Desenvolvimento do Estado aprovou carta-consulta apresentada pela empresa Hypermarcas, no valor de R$ 98,453 milhões, recursos do FCO que serão utilizados na produção de medicamentos em Anápolis, com geração de 1,2 mil empregos diretos.

O crédito para a Hypermarcas foi liberado exatamente seis meses depois que a empresa adquiriu o Laboratório Neo Química, empresa goiana fabricante de medicamentos genéricos e isentos de prescrição. A transação custou R$ 686,7 milhões. Ao anunciar o negócio, a Hypermarcas informava que a transação criou o terceiro maior laboratório de capital brasileiro e o quarto maior em operação no País.

Outro grande negócio envolvendo um laboratório goiano sediado no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) está correndo nos bastidores. Trata-se do Teuto, que produz genéricos. Há quem diga que parte do negócio já foi concretizado, outros juram que não, mas que está nos finalmentes. O comprador seria o também gigante dos remédios Pfizer.

Nos últimos dias, a imprensa especializada tem divulgado que o Teuto não desperta só o interesse da Pfizer. Pelo menos outros dois laboratórios estão na mesa de negociações: a britânica GlaxoSmithKline e a brasileira Aché. A Glaxo quer entrar na área de genéricos no Brasil, um segmento que cresce 23%, contra 14% do mercado de medicamentos em geral.

Há razões para o Laboratório Teuto despertar cobiça. Para começar, um grupo de cerca de 100 registros de moléculas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — algumas devem se tornar medicamentos nos próximos anos — e um modelo eficiente de distribuição pulverizado entre pequenas farmácias de bairro. Outro atrativo é que o Teuto está prestes a ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produzir o Viagra. A patente do medicamento contra disfunção erétil é da Pfizer, mas está prescrevendo.

Dessa forma, ao adquirir o Teuto, a Pfizer continuará com a melhor estrutura para continuar produzindo o produto mais lucrativo da empresa. A negociação em curso prevê a compra de 40% do laboratório goiano e o fechamento do negócio deve ser anunciado em breve.

A entrada de gigantes farmacêuticos no Daia fortalece a economia goiana e a anapolina em particular. Fortalece ainda mais o município, gerando mais empregos e renda para a população. (Cezar Santos)


Curtas

Teatro — A Prefeitura, através da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, abriu as inscrições para a 19ª Mostra de Teatro edição 2010, que será realizado no Teatro Municipal e em outros espaços de 8 a 14 de julho. Haverá prêmios de até R$ 2 mil. Inscrições podem ser feitas pessoalmente na Diretoria de Cultura (Pr. Bom Jesus, 101, Centro)

Basquete — Na semana que passou Anápolis foi a capital brasileira da bola ao cesto, sediando o Campeonato Brasileiro de Basquete Sub-15 Masculino, que termina neste domingo, 12, no Ginásio Newton de Faria. Organização da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Federação Goiana de Basquete (FGB), com parceria da Prefeitura.

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