segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Popular
14/11/2009

Alcides inicia escolha de candidato
Governador reúne partidos aliados para discutir nome e proposta de campanha para eleição de 2010

Carlos Eduardo Reche

Apesar das repetidas declarações de que é cedo para tratar de sua sucessão, o governador Alcides Rodrigues (PP) deu na quinta-feira o primeiro passo concreto em direção ao lançamento de um candidato de sua base de apoio para corrida ao Palácio das Esmeraldas. O pepista promoveu duas reuniões para discutir a sucessão, a principal delas realizada à noite com os presidentes do PP, DEM, PSB e PR (leia mais ao lado), em que ele reafirmou a intenção de lançar nome do grupo à disputa.

Na tarde de quinta, Alcides se reuniu com os presidentes do PTN e do PT do B. Os dois encontros ocorreram no gabinete do governador no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Os dirigentes das cinco legendas, disse Alcides ontem, foram unânimes em afiançar a proposta do pepista de abertura das discussões em torno da definição do projeto de governo e da escolha do candidato a governador.

“São partidos que têm praticamente o mesmo pensamento”, de “um projeto para Goiás e não individual”, disse Alcides. O governador mais uma vez deixou claro que a proposta não prevê a participação do PSDB do senador Marconi Perillo e, a princípio, não leva em conta aproximação imediata com o PMDB do prefeito de Goiânia, Iris Rezende.

“Tem determinados partidos que são fortes junto com outros partidos. Em Goiás não temos nenhum partido hegemônico”, disse Alcides em entrevista após encontro com o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, no Palácio das Esmeraldas.

Na entrevista (leia íntegra ao lado), Alcides afirmou que os partidos do grupo, notadamente o PP, têm tradição política no Estado e, portanto, condições de emplacar o candidato ao governo. O governador disse que a proposta da coalizão para o Estado estará focada no “desenvolvimento” e na “responsabilidade”.

A ofensiva de Alcides em prol da chapa própria ao governo vem após a filiação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, no PMDB, o que frustrou os pepistas. O PP esperava ter o titular do BC em seus quadros na disputa para governador de Goiás no ano que vem.

ENTREVISTA/ALCIDES RODRIGUES


“Eu pergunto se o PSDB seria forte sem o PP”

O senhor se reuniu ontem (quinta-feira) com partidos da sua base para discutir a sucessão. O que ficou acertado no encontro?


Ontem eu me reuni com alguns presidentes de partidos aqui (à noite) e também à tarde. À noite reunimos o DEM, o PR, o PP e o PSB e ficou evidente a vontade desses partidos – assim como (entre) os outros partidos com os quais eu me reuni na tarde de ontem – de caminharem unidos numa direção defendendo um projeto para Goiás, não um projeto individual, mas um projeto coletivo. Então, fizemos essa discussão, que envolveu esses partidos que têm praticamente o mesmo pensamento (sobre a sucessão ao governo).

Os partidos já têm um pré-candidato definido?

Não, a principal condição é essa, que não tenha nenhum candidato pré-definido. Nós vamos definir um projeto e, nesse projeto, temos de definir várias coisas, dentre as quais o próprio candidato que estará defendendo esse projeto.

É possível fugir da polarização entre PMDB e PSDB, que são tidas como forças hegemônicas, polarizantes, da política do Estado?

Tem de determinados partidos que são fortes junto com outros partidos. Em Goiás não temos nenhum partido hegemônico. O que torna forte um projeto é a contemplação de forças políticas representativas de partidos também importantes aqui em Goiás. Nesse sentido, estamos à frente, porque temos partidos já fortes em Goiás e que têm o mesmo pensamento. Eu não vejo ninguém com hegemonia eleitoral. Estamos numa fase preliminar de campanha. Sempre digo que, numa campanha para governador, o que vale são os momentos finais de uma eleição, depois das convenções, iniciadas as escolhas dos candidatos e postas as candidaturas para a apreciação do eleitorado. Ninguém ganha política por antecipação, isso aí já é por demais conhecido em Goiás. O que está sendo feito agora não tem valor nenhum. O que vai valer são os projetos a serem apresentados, os nomes dos candidatos e das forças políticas que discutirão o projeto na hora oportuna.

Qual é o projeto desse grupo político?

O projeto vai ser apresentado oportunamente. Mas é um projeto sólido, que olhe o futuro, olhe para Goiás, olhe para os goianos com um olhar desenvolvimentista, um olhar de austeridade, de responsabilidade, de responsabilidade econômica, social, enfim, é isso que queremos: um Estado sólido, respeitado nacionalmente. E é neste rumo que trabalhamos.

O senhor falou em forças (políticas). O PP é forte sem o PSDB?

Eu pergunto se o PSDB seria forte sem o PP. Essa pergunta cabe, porque o PP é um partido que tem estado presente em todas as lutas aqui em Goiás, em todas as disputas, todos os anos. Não é um partido de agora, é um partido que sempre teve posição em Goiás. Quando o PMDB estava há 16 anos no poder, o PP já era oposição naquela oportunidade. Então, é um partido que tem história, que tem lideranças em todos os lugares de Goiás e, portanto, é um partido forte e sobretudo um partido que tem história em Goiás.

Mas não foi o PP que propôs a ruptura?

Nós não propusemos ruptura hora nenhuma. O que o PP não aceita é prato pronto. O PP quer discutir, não aceita prato pronto. É isso que o PP se propõe a discutir e é isso que DEM, PR e PSB se propõem. Então, nós temos de discutir. Não podemos ser levados a reboque de ninguém. Esses partidos não aceitam. É o que ficou evidenciado na reunião. (C.E.R.)


Para dirigentes, candidatura agora deslancha

Bruno Rocha Lima

A reunião com o governador Alcides Rodrigues (PP) animou os presidentes dos partidos que articulam a formação de uma candidatura alternativa ao governo do Estado. O clima no grupo é de “agora vai” e uma nova reunião já foi agendada para a próxima segunda-feira.

“O governador entrou no processo sucessório com disposição total”, afirmou ontem um animado Sandro Mabel, presidente do PR. “Vejo com alegria a presença do governador no processo político-eleitoral. Vamos preparar para botar em breve o time em campo”, afirma o presidente da Goiás Turismo, Barbosa Neto, presidente do PSB.

Também participaram da reunião na noite de quinta-feira no Palácio das Esmeraldas o deputado federal Ronaldo Caiado, presidente do DEM, e o secretário de Infraestrutura, Sérgio Caiado, presidente do PP. Na tarde de quinta-feira Alcides recebeu em seu gabinete os presidentes do PT do B, Edivaldo Cardoso, e do PTN, Francisco Gedda. O grupo governista ainda espera atrair o PDT para aliança, através da secretária estadual de Cidadania, Flávia Morais, que se filiou à sigla. O discurso dos partidos governistas é de formar um novo projeto de desenvolvimento para Goiás, fugindo da polarização entre PMDB e PSDB, que, argumentam, trata-se basicamente de uma disputa de nomes – entre o prefeito Iris Rezende e o senador Marconi Perillo. O que seria esse novo projeto, no entanto, o grupo ainda não sabe explicar.

Por enquanto, o consenso é apenas em torno do discurso de renovação política e austeridade fiscal adotado pelo governo pepista. “O governador pegou o Estado numa situação lastimável e, agora que está conseguindo arrumar, não que ver esse esforço retroceder”, diz Mabel. “Não podemos mais ficar presos nesse debate do ontem, apenas na comparação entre governos da década de 80 e de 90”, defende Edivaldo Cardoso.

A tendência será definir o candidato a governador em março, após delineado o projeto. Os mais cotados hoje são os deputados Mabel e Caiado. O secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), também é lembrado como opção.

O novo bloco político ainda tem que contornar as dissidências expressivas que existem dentro dos partidos que o compõem. DEM, PR, PP e PT do B têm grande parte de seus deputados e prefeitos ligados a Marconi. Além disso, têm como obstáculo o distanciamento político de Alcides com algumas lideranças do interior e os desgastes de seu governo.

O governador se comprometeu nas reuniões com os aliados a intensificar sua ação política junto aos prefeitos e deputados. Aposta na consolidação do ajuste financeiro da Celg para fortalecer o projeto político. Além de servir como bandeira administrativa, o acerto daria uma folga aos cofres do Estado, possibilitando mais investimentos em obras e programas sociais.

Outra aposta da base governista é com a chapa proporcional. Acreditam que o chapão seria atraente para os candidatos proporcionais pela quantidade de deputados que poderia eleger. Teriam também um tempo de TV expressivo, o que fortaleceria as candidaturas ao Senado e governador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário