quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E-nada

O Popular

Falha expõe fragilidade do Enade
Em 3 unidades da UEG, 211 alunos de curso tecnológico fizeram provas com questões para bacharelado

Ricardo César

Falhas na aplicação da prova do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), em três unidades da Universidade Estadual de Goiás (UEG) colocam em dúvida a logística do certame, realizado em todo o País no último domingo. Foram trocadas provas de 211 alunos do curso de Tecnologia de Gestão de Turismo, que fizeram o exame montado para o curso de bacharelado em Turismo. Problemas no Enade também foram registrados nos Estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco.

Alunos da UEG das unidades de Pirenópolis, cidade de Goiás e Niquelândia se depararam durante o exame com questões elaboradas para estudantes de bacharelado em Turismo – cuja grade curricular se diferencia do curso técnico. Segundo as coordenações dos cursos das três unidades, a prova trazia 30 questões - que representam mais de 75% de todo o certame - que exigiam conhecimentos teóricos não previstos na grade do curso tecnólogo.

“Os alunos podem se sair mal, o que implicaria entrarmos no ranking dos piores cursos do País. Assim, o Ministério da Educação (MEC) poderá pedir o fechamento dos cursos de Gestão em Turismo das três unidades, caso o erro não seja corrigido”, explica a diretora da unidade Cora Coralina, na cidade de Goiás, Maria Elizete Fayad.

Segundo a professora e secretária de Turismo da cidade de Goiás, Mara Veiga Jardim, as questões 22, 27, 30, 34 e 39 da prova , apenas para citar alguns exemplos, expõem o descompasso entre o exigido pelo MEC no certame com o programa curricular do curso técnico. “Temas como tecnologia da informação e estudo de capacidade de carga ambiental não estão na grade dos tecnólogos e foram exigidos dos alunos”, diz.

Estudante do último ano de Gestão em Turismo, Ana Valéria de Oliveira Gomes, de 19 anos, afirma que percebeu a existência de duas provas ao consultar o site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Ela detectou que havia uma para tecnólogo e outra para bacharelado e constatou o erro. “Na hora da prova eu já percebi que tinha algo errado. No site vi que a nossa prova não era a destinada ao curso que fazemos”, comenta.

Gabarito

O equívoco percebido por Ana Valéria foi confirmado pelos colegas ainda na segunda-feira, um dia após a realização da prova. Os alunos conferiram que o gabarito do exame estava destacado na prova de bacharelado em Turismo, de código 5. O exame para técnico em Gestão de Turismo, código 11, não tinha nada a ver com a realizada por ela e pelos demais colegas. “Essa foi a justificativa para o fato de todos termos saído muito mal”, destaca.

A desorganização - que expõe problemas na distribuição e planejamento do certame - fez com que em Pernambuco as provas de Petrolina fossem trocadas, pelas de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. No Rio de Janeiro, a confusão foi com o endereço enviado aos alunos. Muitos receberam endereços trocados e errados, causando tumulto na porta de diversos locais de provas.

Referência a ações do governo federal

Das dez questões de conhecimentos gerais comuns às 27 carreiras avaliadas pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), no último domingo, quatro fazem referência a ações do governo federal. Uma delas - a de número 5 - menciona o impacto do Programa de Aceleração do Conhecimento (PAC) sobre o meio ambiente.

Mídia

Na prova de Comunicação Social tem mais uma questão que cita o governo. A de número 19 trata diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O enunciado começa dizendo que Lula foi criticado por “veículos de mídia” ao afirmar que a crise financeira mundial seria uma “marolinha” no Brasil. Mas, continua, “agora é a imprensa internacional que lembra e confirma a previsão de Lula.”

O gabarito informa que a resposta correta para a questão era a letra C, que diz ter havido, por parte dos críticos, “livre exercício da crítica.” As outras opções eram “atitude preconceituosa”, “irresponsabilidade”, “manipulação política da mídia” e “prejulgamento”.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo Enade, Reynaldo Fernandes, explicou que uma comissão de sete professores definiu as diretrizes das provas, mas coube à empresa Consulplan, contratada para realizar o exame, formular as questões. Ele disse que, se houver queixa formal, submeterá a reclamação à comissão que estabeleceu as diretrizes. A comissão pode pedir a anulação da pergunta.

“Do ponto de vista da resposta, não fala a favor nem contra; nem defende ou critica o presidente Lula. Era uma discussão sobre o direito à crítica”, disse. (Com informações da Agência O Globo)

UEG estuda medidas para corrigir equívoco

A Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Estadual de Goiás (UEG) reuniu-se na tarde de ontem com o conselho jurídico da universidade para analisar medidas a serem adotadas. Segundo o pró-reitor, Roldão Aprígio de Souza, uma professora vai a Brasília (DF) ainda hoje para se informar sobre os motivos do erro da prova. “Depois de o Ministério da Educação (MEC) se explicar, vamos propor ação para corrigir o erro. A UEG reconhece que, de fato, houve erro por parte do MEC”, diz.

O secretário de Ciência e Tecnologia de Goiás, Joel Sant’Anna Braga, por sua vez, afirma que levará o caso ao Conselho Estadual de Educação e ao MEC, solicitando providências e até o cancelamento do certame. “Os cursos não podem ser prejudicados por um erro do MEC, correndo o risco de pontuação baixa no Enade”, afirma.

Procurado pela reportagem do POPULAR ontem, a assessoria do Inep não retornou as ligações e ao e-mail enviado, solicitando uma explicação para o fato de as provas terem sido trocadas.


Orientação deixa alunos confusos em Rio Verde

Kariana Ribeiro - de Rio Verde

“Atenção: Todos devem resolver somente as questões de 26 a 37 e 38 a 40”. Essas foram as instruções escritas pelos fiscais que aplicavam a prova do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), no quadro negro das salas 7 e 8, da Escola Estadual Nildes Furquim, em Rio Verde, na Região Sudoeste do Estado. Os cerca de 40 alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Instituto de Ensino Superior de Rio Verde, ficaram confusos com a instrução nada habitual.

Conforme os estudantes, nenhum documento embasava a normativa. O dilema resultou em vários questionamentos e o coordenador dos fiscais foi convocado e interpelado pelos alunos. Segundo os universitários, ele reafirmou as instruções passadas pelos fiscais de prova. Posteriormente averiguado, a orientação não procedia. As primeiras 25 questões, deixadas erroneamente em branco, são de conhecimentos gerais e comuns a todos os cursos. Elas correspondem a cerca de 50% do total da prova.

A concluinte do curso de Publicidade e Propaganda, Michele Bagestão, de 21 anos, não seguiu as orientações. Ela explica que o coordenador dos fiscais mostrou-se confuso, entretanto, boa parte dos alunos ficou desestabilizada. “Teve muito questionamento e, como não era meu primeiro Enade e recebi orientações e fizemos simulados da prova não acatei a orientação”, diz.

A maioria dos estudantes do 2º período de jornalismo da instituição fizeram apenas o determinado pelos fiscais de prova. Segundo Fábio Trancolin, de 41, os fiscais mostravam-se impacientes após o aparente inconformismo dos alunos. Fábio afirma que imaginou que a orientação viesse do Ministério da Educação (MEC) e deixou as questões em branco.

Para a coordenadora dos cursos de comunicação da instituição, Adriana Souza Campos, a preocupação maior é com o curso de Publicidade e Propaganda que passa pelo procedimento de reconhecimento no Ministério da Educação, além do peso do diploma dos alunos em ambos os cursos.

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