segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sudoeste Goiano sofre com desleixo!






"O apagão logístico do Sudoeste Goiano" 

Artigo

Professor Paulo Eustáquio
4/6/2010 

Um milhão de toneladas de grãos em Jataí. Em Rio Verde, são mais de 1,2 milhão de toneladas. Falar em agronegócio nestas duas cidades é falar de grandeza. Juntos, os dois municípios são responsáveis por mais de 2% da produção nacional de grãos!

Números impressionantes, comparáveis a de países como os Estados Unidos e conquistados graças à nossa valorosa classe agricultora.

Isso, sem falar na Cosan e em outras usinas que estão se instalando na região, estabelecendo aqui um dos mais importantes polos sucroalcooleiros do País. Um resultado fantástico, mas que parece não sensibilizar nossos governantes. Campeão estadual na produção de grãos, o Sudoeste Goiano também é campeão em estradas ruins. Parece até brincadeira, mas apesar das riquezas e de ser a região com mais rodovias federais e estaduais, é a que mais está descuidada. Isso acarreta imensos problemas, não só para os motoristas, mas também e principalmente, para os nossos produtores.

As perdas acumuladas com a dificuldade de transporte de insumos, e no escoamento da safra, são de desanimar qualquer cidadão. Entra safra, sai safra, e o problema mais e mais se agrava. Todas estão ruins, mas a GO - 206, que liga Jataí a Chapadão do Céu, parece ser uma das piores. Não é de hoje que o presidente do Sindicato Rural de Jataí e vice-presidente da Faeg, Mozart Carvalho, busca uma solução para o problema. A situação da rodovia é tão crítica que é reconhecida até pela Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop), mas que não consegue tornar a via trafegável.

Em se tratando de estradas ruins, Rio Verde não fica atrás. Há pouco tempo, em plena realização da Tecnoshow Comigo, grupo considerável de esposas de produtores rurais fizeram movimento pedindo socorro ao governo estadual para arrumar a GO - 220, que liga Montividiu a Portelândia e a GO - 174, de Rio Verde a Montes Claros. Antes, para chamar a atenção para o problema, elas já haviam organizado um protesto fechando a GO - 174. Outra via que está em estado crítico é a BR - 452, de Rio Verde a Itumbiara, no trecho até Santa Helena.

E olha que tanto os presidentes do Sindicato Rural de Rio Verde, Bairon Araújo, como o da Comigo, Antônio Chavaglia, são incansáveis na busca por melhorias no sistema viário da região. Some-se a terrível situação das nossas rodovias a falta de local para estocar as safras. Nos últimos anos, os investimentos em armazéns foram reduzidos demais. A capacidade caiu para seu menor nível nas duas últimas décadas.

Se nada for feito, esse verdadeiro apagão logístico no Sudoeste Goiano com certeza trará reflexos negativos para nossa economia. É preciso agir agora, ajeitar as rodovias enquanto estamos no período da seca. As safras aqui são grandiosas e contribuem de forma destacada para fortalecer o agronegócio brasileiro.

Lembre-se, a propósito, que o campo teve participação fundamental no sucesso do Plano Real. Tanto é assim que a produção rural foi chamada de âncora verde da estabilização da economia brasileira. Isso precisa ser considerado pelos governos, estadual e federal, e retribuído com ações efetivas, não apenas emergenciais, mas com planejamento, visando a longo prazo.

Ou então, esperar a chuva de novo...


Paulo Eustáquio é professor universitário e engenheiro agrícola (www.pauloeustaquio.com.br) (pauloeus@uol.com.br) (www.twitter.com/pauloeus)

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