quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Chegou a hora de Lula respeitar Goiás!




Opinião

Mais uma vez, Lula decepciona os goianos

Larissa Oliveira Costa

Preciso admitir de novo que, infelizmente, há momentos em que fico profundamente decepcionada com a política e especialmente com o que alguns homens que fazem dessa mesma política e do poder, do qual usufruem temporariamente, transformando o que deveria ser um exercício de cidadania em arma para atingir pessoas que consideram opositoras ao seu estilo de governar ou ao seu partido. E o mais triste de tudo isso é ver um presidente da República que, todas as vezes em que se dignou a vir a Goiás, agredir gratuitamente os representantes do povo, demonstrando uma completa ausência do pudor e da educação que deveriam ser próprios de um governante que tem o dever de ser um exemplo para o seu povo.
“Está na hora de Goiás ser respeitado”, como disse Lula, mas por ele mesmo, que esquece sua posição de mandatário maior do Brasil e vem ao nosso Estado para descer o nível bem abaixo da tolerância. E vem para agredir aquele que o povo elegeu com centenas de milhares de votos. Pobre de nós, goianos e brasileiros! Mal posso acreditar que o palco armado em Valparaíso, com o dinheiro do suor dos goianos, foi usado para abrigar a autoridade máxima do Brasil, que veio aqui para defender, na raça e no gogó, uma candidatura anacrônica gritando ideias e palavras que jamais poderiam passar pela cabeça de um governante brasileiro, cuja obrigação é a de tratar a todos muito bem, porque ele é o presidente de todos os brasileiros, não apenas daqueles que o apóiam.

Eleito pela maioria dos votos, o presidente Lula precisa respeitar as opiniões contrárias e, mais ainda, respeitar a democracia que sempre defendeu na época da ditadura militar. Lula deveria, pelo menos, tentar mostrar sabedoria para governar com justiça, ética, respeito e tolerância.

Mas não foi isso o que vimos em Goiás nesta segunda-feira, 6, vésperas do dia da independência brasileira, um dia que significa, no mínimo, democracia e pluralidade de ideias, opiniões, cor partidária, situação ou oposição. Diante de uma plateia ansiosa por ouvir notícias que trouxessem alívio todos nós, anunciando mais recursos para investir em programas sociais e obras para atender as necessidades dos goianos, o presidente da República se comportou como um pessoa comum, sem qualquer compromisso com a posição de um estadista.

Agrediu não apenas ao senador Marconi Perillo, pelo qual nutre um ódio próprio de um cidadão amargo e ignorante. Lula subiu ao palanque de uma campanha eleitoral, trazendo à tiracolo um candidato que nem sequer se dignou dirigir um olhar à massa ali presente, em sua maioria constituída por beneficiários de programas das prefeituras e do Estado que, segundo os jornais, foram obrigados a comparecer à solenidade. Lula vociferou irado atacando o ausente de seu palanque, portanto, sem condições para se defender.

Foi uma tremenda grosseria com todos nós, goianos. Acho que, no mínimo, devem ter ficado envergonhados. Alguns, penso eu, até indignados. Porque é assim mesmo que me sinto: indignada. Ninguém tem o direito de vir ao nosso Estado, para agredir nossos políticos, quaisquer que sejam.

A um presidente brasileiro, que se alia hoje com as personagens menos corretas da política nacional, deveria sobrar argumentos para derrotar nas urnas os seus opositores. É assim que nós jovens raciocinamos. E ter respeito pelos seus anfitriões, que somos nós, goianos. Lula foi recebido de braços abertos, mas em sua ânsia de recitar seus impropérios, acabou por atingir a todos nós. A nós, a maioria, que escolhemos Marconi e também àqueles que preferiram a oposição. Porque é assim que reconheço a democracia, um regime onde cada um escolhe o que melhor lhe convier.

Que decepção. E a troco de quê? Tudo o que o presidente Lula diz que fez por Goiás, todos os elogios aos seus companheiros de agora, caíram por terra fragorosamente. E imagino que o presidente nem se tocou que deixou tantas marcas, tantos rastros negativos em Goiás, nas poucas horas que por aqui passou. Mas os milhares de apoiadores do senador Marconi Perillo e de suas obras e programas, que tanto beneficiaram o Estado, não se recolheram silenciosamente. Pelas ruas de Goiânia, o assunto era um só: o presidente do Brasil agrediu um dos políticos mais queridos de Goiás e, acima de tudo, agrediu a todos nós goianos que o recebemos tão bem.

Tomara que Lula reconheça que nos últimos tempos, além de andar em péssimas companhias no plano nacional, começou a desandar também em sua maneira pouco educada de tratar os adversários. E tomara que comece a pensar que a consciência crítica de seus atos pode lhe fazer muito bem. É o que espero, sinceramente. Não quero sentir vergonha de ter um presidente que vai muito bem na mídia estrangeira, mas que deixa muito a desejar em terras brasileiras, especialmente nos Estados para os quais tem dado atenção numa medida bem abaixo do necessário, quase na estaca zero. Infelizmente!


Larissa Oliveira Costa é advogada e professora da graduação em Direito da PUC/GO, Fasam e Aphonsiano

Nenhum comentário:

Postar um comentário