quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão do Lula!

O Popular

Os nossos vários apagões

Pedro Bittar

Comentários, artigos, estudos virão para dissecar o apagão de terça-feira à noite. Vai ser interessante acompanhar o debate. Mesmo que se justifique ter sido o apagão provocado por problemas climáticos, teremos as teses que defendem a insegurança na área energética, uma das mais importantes e estratégicas do País. Mas depois, com dias ou semanas, o tema vai ser amenizado, denúncia de novo escândalo político ou mais uma injustiça logo vai tomar o noticiário e o apagão e seus motivos serão apagados. Vai parecer que nem existiu essa cara e traumática interrupção de energia. Claro, sem antes termos uma solução, mas, no máximo, mais um remendo.

Nossa infraestrutura é de remendo. Asfalto de remendos. Energia de improvisos. Aviação e logísticas limitadas à baixa eficiência e alto risco. A verdade é que vários apagões ocorrem diariamente no Brasil, mas não são percebidos. Temos os apagões dos portos e da qualificação da mão-de-obra – que são muito menos impactantes na sociedade.

O grande diferencial do gestor público no Brasil é que ele se contenta com pouco. Temos potencial para alçar voos muito maiores e expandir nossa economia explorando realmente nossa potencialidade. Mas, não temos visão de longo prazo.

Durante a crise mundial, como política anticíclica, o Brasil colocou dinheiro na economia para a economia não estagnar. Colocou dinheiro, entre outras formas, aumentando as despesas com salários e contratado novos funcionários públicos. A China, no mesmo momento, ampliou os investimentos em infraestrutura, com obras em transporte, principalmente, ferrovia. Quem usou melhor o dinheiro público?

Em pouco tempo, vamos descobrir. Enquanto os produtos brasileiros vão ficar mais caros, no mercado interno e externo, porque o governo vai ampliar o déficit fiscal e terá de elevar os juros e arrecadar mais impostos, os chineses vão ficar ainda mais baratos, pois o seu governo preocupa-se mais com competitividade e o futuro do mercado internacional do que com ações políticas e sem efeito prático para o crescimento sustentável do País. Muito pelo contrário. O País paga um preço caro por ter políticos que só enxergam o mundo político, seus partidos e suas eleições, sem dar um verdadeiro valor às necessidades das famílias e empresas.

E assim será. Enquanto tivermos políticos com esse pensamento atrasado, viveremos de apagões em apagões.

Pedro Bittar é empresário e presidente da Acieg e do MGC

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