terça-feira, 1 de junho de 2010

Voando para a agonia!!






CIDADES
                                               Foto: Cristina Cabral
            Saguão de espera, no horário de pico, não garante conforto

Aeroporto recebeu 350 mi em 4 anos
Santa Genoveva foi o terceiro a receber mais recursos de 2004 a 2007. situação no terminal é precária

Adriano Marquez Leite

O aeroporto de Goiânia foi o terceiro que mais recebeu investimentos no País da estatal que o administra, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), entre os anos de 2004 e 2007, apontou pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ainda assim, apresenta infraestrutura inadequada, que reflete em desconforto para os usuários e pode até restringir a implementação de novos voos para a cidade.

Passageiros, funcionários de companhias aéreas e outras empresas que atuam no local sofrem com todo o tipo de problemas, mesmo com os quase R$ 350 milhões aplicados em obras de infraestrutura nos últimos anos - boa parte para a construção de um novo terminal de passageiros (TPS) que nunca ficou pronto, ampliação da pista de pouso e decolagem, e pequenas obras no atual terminal, que continua acanhado e atendendo mal quem chega e sai de avião da capital do Estado.

A pesquisa do Ipea revelou o que o brasileiro já descobriu na prática: os aeroportos do País estão saturados em termos de movimento de aeronaves e, se não houver investimentos maciços nos próximos anos, podem não suportar a demanda crescente de passageiros.

Segundo o presidente do Fórum Estadual de Turismo, Carlos Ronay, o grande gargalo do aeroporto é a infraestrutura inadequada. Ronay afirmou que a posição geográfica de Goiânia, central em relação ao País, coloca a capital em destaque no planejamento de companhias aéreas, que pensam fazer da cidade centro de distribuição de voos. No entanto, a falta de estrutura adequada vai fazer com que essas empresas tenham de se adequar à realidade, concluiu. Ou seja, limitar esses projetos.

Entre as interessadas em ampliar os serviços na capital estão Azul, Passaredo e Sete, disse o presidente do fórum, que acredita ainda que companhias maiores também estejam com planos para aumentar o número de voos para a cidade, mas esbarram sempre no mesmo obstáculo: o pequeno teriminal do Santa Genoveva.

Acanhado

No ranking feito pelo Ipea, Goiânia só fica atrás dos aeroportos de Vitória (ES) e Santos Dumont (RJ), em termos de investimentos durante o período levantado pela pesquisa. Ainda assim, quem chega ao Santa Genoveva percebe que o terminal está longe de se parecer com outros aeroportos administrados pela Infraero no resto do Brasil.

É o caso do microempresário Manoel Leonílson, de 45 anos, que veio de Recife para uma rodada de negócios em Goiânia e ficou surpreso com o tamanho do terminal daqui. Para ele, o porte da cidade e a quantidade de pessoas que mora na região metropolitana, além dos atrativos turísticos e comerciais, justificariam um aeroporto de maior porte. “Aqui é muito acanhado. Cheguei mais cedo para o embarque e vou ficar mais de cinco horas sem ter o que fazer aqui”, afirmou Manoel.

Em entrevista ao POPULAR, diversos passageiros, que partiam e chegavam de Goiânia, relataram as maiores reclamações com relação ao Santa Genoveva. Bebedouro estragado, ar-condicionado funcionando em condições precárias, poucas cadeiras e assentos e encostos de poltronas danificados, são apenas alguns dos itens listados. Um funcionário de uma empresa que opera no terminal lembrou até de um dreno de um aparelho de ar-condicionado no piso superior, que escoa a água por meio de uma mangueira visível no banheiro masculino. “É ‘perfumaria’, mas não vemos essas ‘gambiarras’ em outros aeroportos”, explicou o empregado que não quis se identificar.

Outra passageira, turista da Paraíba, também reclamou da falta de estrutura. “Até em João Pessoa, onde moro, e que só tem 700 mil habitantes o terminal é muito melhor”, afirmou a publicitária Daniela Santiago, de 28.

Brasil

A pesquisa do Ipea aponta ainda que, após 2006, houve uma redução drástica nos investimentos feitos pela Infraero nos terminais de passageiros do País. De acordo com o documento, “a descontinuidade de políticas públicas é evidenciada pelo baixíssimo nível de investimento” e conclui afirmando que a Infraero “não alcança a multiplicidade de obras necessárias para atender ao crescimento da demanda”. Informações do levantamento mostram que os investimentos da estatal chegaram a R$ 1,4 bilhão em 2006 mas caíram para R$ 369 milhões no ano seguinte. A Infraero, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que não se manifestaria com relação ao estudo até que pudesse analisá-lo.

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