quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Goiânia: aeroporto inferior à rodoviária!!





Opinião

Até quando, Aeroporto Internacional de Goiânia?

Antônio Almeida

A capital goiana notabilizou-se no cenário nacional pelo seu expressivo índice de desenvolvimento humano, grande quantidade de parques e árvores plantadas - cidade com a área urbana mais verde do país - e pela qualidade de vida que proporciona à sua população. Embora não seja uma cidade eminentemente turística, Goiânia encanta os visitantes pela beleza de suas paisagens e a hospitalidade de sua gente.

É muito bem servida em termos de infra-estrutura, nos setores hoteleiro, gastronômico e cultural. Praticamente toda a cidade é pavimentada, o abastecimento de água tratada alcança 92% dos lares e a coleta de esgotos sanitários chega a 80%, segundo a Saneago. Temos na metrópole goiana mais de duas dezenas de instituições de ensino superior em funcionamento, modernos hospitais e laboratórios – a medicina goianiense é referência nacional -, um avançado sistema de telecomunicações, centros comerciais e industriais sofisticados e uma malha viária que nos liga, estrategicamente, aos principais centros consumidores do Brasil.

Porém, a jovem metrópole – completa 77 anos de fundação, no próximo dia 24 de outubro – já convive com alguns problemas de maior gravidade, como a violência e o estrangulamento no trânsito, em decorrência de um transporte público deficiente e um sistema viário bastante limitado para uma cidade que possui o maior número de carros por habitante e a maior frota de motos per capita no país.

Embora muito sérios e preocupantes, nenhum desses problemas urbanos, no entanto, atingiu a dramaticidade em que encontra a questão do Aeroporto Internacional Santa Genoveva. Longe da pretensão de termos em Goiânia um aeroporto como o Singapore Changi Airport, de Singapura; o alemão, Munich Airport, o suíço Zurich Airport ou o Amsterdam Schiphol Airport, da Holanda, que estão entre os melhores do planeta. Mas também nada justifica que a cidade seja penalizada por possuir um dos piores aeroportos do mundo.

Sequer podemos compará-lo a outro similar. No máximo, esse paralelo pode ser feito com o Terminal Rodoviário. Entretanto, as diferenças são tão gritantes a ponto de qualquer cidadão concluir, perplexo que, Goiânia é a única cidade do país, ou talvez do mundo, onde a rodoviária é infinitamente superior ao aeroporto. Em tempo, o novo terminal veio substituir o antigo, que não comportava mais o grande fluxo de passageiros e hoje é um belo cartão postal, que permite fácil acesso dos viajantes a diversos pontos da cidade, possui um shopping qualificado, praças de alimentação, cinemas, grande variedade de lojas, supermercados, uma agência do Vapt-Vupt e um estacionamento com capacidade para mais de 800 automóveis, além de uma rede de táxis.

Já o Aeroporto Santa Genoveva virou sinônimo de precariedade, desconforto, vergonha, atraso, desrespeito e anomalia, completamente diferente do que acontece em outras capitais e cidades pelo mundo. Não surpreende que o candidato à presidência da República, José Serra, tenha dito, durante recente visita à Federação das Indústrias do Estado de Goiás, que “o aeroporto não suporta a demanda goiana, é um absurdo, ele já está estrangulado". Todo turista e cidadão que venha nos visitar por via aérea terá idêntica impressão.

A situação é tão grave e alarmante que, não obstante, os inúmeros fatores favoráveis, como, boa infra-estrutura econômica e social; qualidade de vida que oferece; localização estratégica - a capital do Estado faz parte do eixo econômico Goiânia-Anápolis-Brasília, um mercado consumidor de mais de 4,5 milhões de pessoas, a nossa cidade está perdendo muitos investimentos, por não termos um aeroporto decente. O extraordinário potencial de crescimento econômico de Goiânia está sendo solapado pela mediocridade do nosso aeroporto.

O pior de tudo é a falta de informação e também os solenes descumprimentos de sucessivas promessas e anúncios de reformas. As obras de reforma do aeroporto foram iniciadas em 14 de março de 2005 e até hoje nada foi resolvido. Ao longo desse período, tivemos diversas paralisações. Em 2007, foram paralisadas pela primeira vez. As obras deveriam ter sido concluídas em maio de 2008 a um custo estimado de R$ 257,7 milhões. Mas, o contrato foi anulado por irregularidades apontadas pelo TCU. A data da inauguração foi prorrogada para 2011 e posteriormente para maio de 2012. E pouca gente acredita numa solução definitiva para esse gargalo, que compromete toda a nossa indústria turística, afugenta investimentos e eventos de grande expressão.

Com a anunciada reforma, a área do terminal aeroportuário passaria de 6 mil metros quadrados, com capacidade para 600 mil embarques e desembarques/ano para 28 mil metros quadrados, ampliando a capacidade para o trânsito de cerca de dois milhões de pessoas por ano. Porém, até mesmo essa ampliação já é considerada insuficiente, considerando o crescimento acelerado da capital.

Até quando o aeroporto de Goiânia continuará a ser motivo de vergonha para a nossa capital? Quando deixaremos de ter um aeroporto pior do que a rodoviária da cidade? A sociedade goiana não pode cruzar os braços. Devemos cobrar e exigir com energia das autoridades competentes, a retomada das obras. Goiânia não merece mais ser afrontada, desprezada e castigada por uma situação tão vexatória, humilhante e ridícula, que a coloca na contramão das demais capitais brasileiras e dos maiores centros urbanos do planeta.


Antônio Almeida é presidente do Conselho de Responsabilidade Social da Fieg, conselheiro do Cores da CNI, presidente do Sindicato da Indústria Gráfica do Estado de Goiás (Sigego) e Abigraf/Regional Goiás e diretor-presidente da Editora Kelps

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