quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ney Moura Teles: Íris é atraso!





Política & Justiça

Ney Moura: “Prática política de Iris é arcaica”
Dissidente prevê terceira derrota do PMDB nas eleições para o governo do Estado e critica coronelismo do partido

Alexandre Bittencourt

O advogado Ney Moura Teles, um dos líderes da dissidência peemedebista ao lado do deputado Luiz Bittencourt, afirmou ontem que Iris age como coronel no PMDB e diz que o candidato representa uma visão arcaica de Goiás. Ney Moura participou de videochat transmitido ontem pela TV Marconi, no site do candidato a governador pela coligação Goiás Quer Mais, Marconi Perillo (PSDB). O advogado foi entrevistado pela jornalista Thaís Franco, com participação de internautas de Goiânia e de cidades do interior.

Para Ney Moura, a principal causa da derrota do PMDB em 1998 foi a escolha da chapa majoritária ter sido decidida entre apenas duas pessoas, Iris e Maguito, o que deu margem para a criação do mote da “panelinha”, expressão de efeito devastador na campanha peemedebista. “Foram dois candidatos da mesma cidade e dois candidatos da mesma casa”, reforça o advogado, referindo-se às candidaturas de Maguito Vilela e Romilton Moraes, que são de Jataí, para senador e vice-governador, e de Iris Rezende para governador e Iris de Araújo para suplente de senador.

O advogado lembrou que, em 1998, propôs eleições prévias para a escolha dos nomes majoritários, mas Iris Rezende vetou. Segundo ele, este ano ninguém falou no assunto porque o partido não tinha preparado ninguém para disputar o cargo de governador. A alternativa proposta por sua ala foi uma aliança com o PSDB, por causa das afinidades ideológicas entre os tucanos e o PMDB. “Ninguém pode se esquecer que o PSDB nasceu do PMDB. O senador Marconi tem sua origem no PMDB. Chegou a ser presidente do PMDB jovem. Iris foi ministro do presidente Fernando Henrique Cardoso”, lembrou. Mas, segundo Ney, Iris não só vetou a aliança, como ameaçou expulsá-lo do partido.

Apesar das afinidades partidárias, Ney Moura ressalta que as diferenças entre Iris e Marconi são profundas. “Iris é um líder à moda antiga. Ele não se moderniza. Cumpriu seu papel num determinado tempo e agora só fala do passado. Temos que fazer política olhando para frente e não para trás”, sintetiza.

Para o advogado, um nome do PMDB que se aproxima do estilo de Marconi é o deputado federal Luiz Bittencourt. “É um político moderno, como o senador. Está preocupado com as coisas novas. Mas a cúpula do PMDB não aceita que novos líderes possam ocupar espaço”, alfineta. O advogado afirma, porém, que modernidade não tem nada a ver com idade. “Há pessoas de 80, 90, 100 anos que se atualizam, que se modernizam. Mas o coronelismo do PMDB se reproduz no pensamento de nomes jovens do partido também”.

Para Ney, o PMDB sempre dispôs de muitos nomes para substituir a velha guarda. “Antônio Faleiros podia ter sido candidato, mas foi expurgado. Hoje está no PSDB. Marconi Perillo, se não tivesse saído, nunca seria governador”, analisa.

Segundo o dissidente peemedebista, o DEM de Goiás deu um exemplo de renovação ao indicar o nome de José Eliton para compor a chapa com Marconi. “Eliton é um advogado do primeiro time. E tem história na política. Seu pai foi prefeito de Posse pelo PMDB”, comentou no chat.

Ney Moura revelou ainda que a dissidência dentro do PMDB ganha força a cada dia. A insatisfação com as decisões tomadas pela cúpula estaria provocando uma debandada geral para o lado de Marconi. Um dos últimos nomes a declarar apoio ao candidato tucano é o prefeito de Posse, Paulinho. “Temos outros amigos do PMDB que vão marchar junto com o senador”, adianta.

O advogado diz que não aceita ser criticado pelo ex-prefeito, que o teria chamado de ingrato. “Eu não devo nada a ele nem a nenhum dirigente da cúpula do PMDB. Eles que me devem. Ninguém da direção do partido, particularmente o senhor Iris, tem condições de me pagar o que eu já fiz. Devo sim aos meus companheiros, principalmente aos da base, aos militantes, àqueles que estão ilhados e que não têm voz. Esta história de dizer que é ingrato é típica do coronel que achava que o lavrador, apesar de explorado, tinha de agradecer e lhe beijar os pés”.

O advogado ressalta que não se sente prejudicado e nem traído pela cúpula do PMDB. “Nunca tive nenhuma relação de confiança com eles. Essa cúpula não tem relação de confiança com ninguém. Fiz a proposta de coligar com PSDB e fomos ameaçados de expulsão. Quem é Iris para nos expulsar? Tenho uma história no partido que começou em 1974, quando me filiei”, justifica.


Coveiros do Beg

Ney Moura Teles respondeu também perguntas de internautas sobre o livro Coveiros do Beg, lançado pelo ex-presidente da instituição Walmir Martins, que responsabiliza Iris e Maguito pelo fechamento do banco. Para o advogado, a publicação está recheada de documentos oficiais fornecidos pelo Banco Central que tornam incontestáveis as denúncias apresentadas. “O livro mostra quem são os verdadeiros culpados. É corajoso e, sobretudo, documentado. Contra todos aqueles documentos não há argumentos”, resume. Afirmou ainda aos internautas que não há a menor possibilidade de Marconi boicotar projetos iniciados pelo atual governo. “Impossível. Neste governo atual não existe nenhum projeto em andamento. O pouco que tiver, Marconi vai dar continuidade, com certeza. As cestas básicas deixadas quando ele assumiu em 1999, por exemplo, ele transformou em programas bem mais dignos. Se herdar algum programa da atual gestão, vai melhorá-lo também”, frisou.

Ney Moura Teles foi candidato ao Senado em 2006, mas revela que não pretende disputar mais nenhum cargo. “Tenho 54 anos de idade. Disputei duas eleições, não venci nenhuma delas. Tudo tem seu prazo de validade. O meu, como candidato, já venceu. Mas pretendo continuar no partido para ajudar a modernizá-lo. Não vou sair e não acredito que me expulsarão”.

Garante também que é possível reverter o processo de esvaziamento do partido. “Se eles deixarem de ser ditadores, ninguém precisa sair. Papagaio velho não aprende a falar. Tem gente que vai precisar de uma terceira derrota para aprender. Que aprenda. Que deem espaço. Basta ler o estatuto do partido. O PMDB prega a democracia, assim como fez quando combateu a ditadura militar”, emenda.

Quanto às eleições presidenciais, Ney acha que Dilma vai decepcionar seus eleitores. “A prática política dela não é de democracia e sim de autoritarismo. O primeiro a se decepcionar vai ser Lula. Ele vai se sentir apunhalado pelas costas. Aqui em Goiás temos exemplo disso. A criatura, quando é frágil demais, costuma virar-se contra o criador”.

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