domingo, 29 de agosto de 2010

Marconi: Ficha Limpa!!

Diário da Manhã

Política & Justiça

Veja desmonta falso dossiê
Revista traz à tona tentativa de Mabel e do Palácio do Planalto de manchar imagem de Marconi com denúncia fajuta 

José Cácio Júnior 

Reportagem da revista Veja dessa semana revela que o dossiê formado contra o senador Marconi Perillo (PSDB) é falso. Divulgado em abril, o dossiê continha documentos que denunciavam a existência de uma conta secreta no nome de Marconi no banco suíço UBS. O dossiê sustenta que até setembro de 2006, Marconi tinha U$ 4,112 milhões depositados em contas de paraísos fiscais.

A matéria explica que a montagem do dossiê teve início no ano passado, quando o deputado federal Sandro Mabel (PR) marcou encontro com o chefe de gabinete do presidente Lula (PT), Gilberto Carvalho. De acordo com a Veja, Mabel tinha uma série de documentos que demonstravam a existência da conta secreta. A Carvalho, Mabel teria dito que os papéis eram uma “verdadeira bomba”. À época da divulgação do dossiê, Mabel era tido como uns dos principais suspeitos da montagem dos documentos.

A reportagem também cita o fato de Mabel e Marconi serem adversários políticos no Estado, e que o deputado federal recebeu de Carvalho promessa de que a Justiça iria investigar o caso. O próximo passo de Mabel, de acordo com a matéria, foi se reunir com o Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, responsável pelo Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), uma área do Ministério que traça a rota do dinheiro ilegal que sai do Brasil para o exterior.

A reportagem explica que o DRCI não poderia aprofundar as investigações sem o pedido formal de outro órgão público de fiscalização. Dessa forma, a Veja conta que Mabel encaminhou o dossiê ao promotor Fernando Krebs, do Ministério Público (MP) de Goiás, que instaurou o processo para a investigação dos documentos. A matéria ainda diz que “os documentos obtidos agora por Veja atestam que a máquina do Estado foi usada para tentar dar ares de legalidade a papéis fajutos”.

A reportagem trouxe alguns dos documentos que integravam o dossiê. Os papéis exibiam extratos bancários da empresa Aztec Group, que tem sede no paraíso fiscal (região com autonomia legal para facilitar a aplicação de investimentos estrangeiros) das Ilhas Virgens Britânicas. Os documentos diziam que Marconi era o administrador da Aztec, que ainda seria a responsável por uma aplicação no valor de R$ 440 milhões (200 milhões de euros). Esse documento, segundo a reportagem, foi impresso com papel timbrado do banco suíço UBS.

O promotor suíço responsável pelo caso, Daniel Tewlin, enviou a resposta do banco UBS, após o requerimento do Ministério da Justiça, dizendo que a conta não existe. “O banco ressalta que o documento apresentado como prova de que haveria relações comerciais (entre o UBS e o Aztec Group) é uma falsificação”, respondeu o promotor suíço em ofício enviado ao Ministério da Justiça. A matéria ainda sinaliza que o coordenador-geral do DRCI, Leonardo de Couto Ribeiro, de posse do ofício, encaminhou a resposta para Krebs. “Ele (o inquérito) foi arquivado”, assinala a reportagem.

Em entrevista coletiva convocada na tarde de ontem, Marconi disse que espera que a Justiça descubra os responsáveis pelo caso. “Eu espero que essa trama toda seja descoberta. Quando eu recebi cópia desse dossiê falso, imediatamente procurei o Ministério da Justiça, o MP, o Ministério Público Federal (MPF) e fui também à Corregedoria do Senado. Eu espero é que os órgãos judiciais desse País, MP e a Polícia Federal (PF) descubram quem está por trás, quem são os autores intelectuais dessa tramóia que tinha como objetivo me prejudicar”. 

O tucano conta que está com a consciência tranquila, pois sabia que a verdade em relação ao dossiê seria revelada com o desenrolar das investigações. “Felizmente eu nunca tive maiores preocupações e fiz questão de denunciar essa farsa porque eu não temo e tenho minha consciência absolutamente tranquila. Eu tenho sempre muita convicção que a justiça às vezes tarda, mas não falta. Eu sabia que mais dia, menos dia, a verdade viria à tona”. 

Questionado pelos jornalistas se Mabel teria algum motivo para processá-lo, Marconi acredita que o deputado tenha agido em resposta às revelações do Mensalão – descoberto em 2005 –, em que Mabel foi indiciado para depor. “Eu não duvido, não. Ele é capaz de qualquer coisa. Eu tenho a impressão que isso deve ter acontecido em razão da denúncia que eu fiz há muito tempo sobre o Mensalão, em que ele era um dos principais envolvidos”.

Na campanha eleitoral de 2006, Marconi declarou que já tinha alertado Lula sobre a existência do esquema de propina, mas o presidente não teria dado ouvidos para o tucano. Desde então, embora o governo federal não admita, Marconi é considerado como inimigo político do Palácio do Planalto. O dinheiro do Mensalão era utilizado para o governo garantir aprovação de projetos na Câmara dos Deputados, mediante pagamento de propina aos parlamentares. 


OUTRO LADO

Em reportagem divulgada pelo portal Terra, o deputado federal Sandro Mabel (PR) negou que tenha qualquer envolvimento na criação e divulgação do dossiê que afirma que o senador Marconi Perillo (PSDB) é titular de contas bancárias em paraísos fiscais. “Isso é papo furado. Meu envolvimento nisso é zero. Nunca tive contato com este dossiê, portanto, nunca o entreguei para ninguém”, completa o deputado, dizendo que o Ministério Público (MP) foi o responsável pela denúncia. 


Justiça precisa punir bandidos, exige senador

O candidato ao governo Marconi Perillo (PSDB) não acredita que o deputado federal Sandro Mabel (PR) tenha agido por vingança em relação ao esquema de propina Mensalão, ainda que o parlamentar seja aliado de Lula. O tucano também cobrou punição aos culpados. “Espero que não tenha sido (vingança). Mas espero também que a Polícia Federal (PF) descubra os verdadeiros autores e os puna. O Brasil precisa de justiça, e de justiça que puna bandidos – pessoas que fazem falcatruas, que montam dossiês”.

Depois da divulgação do dossiê, foi levantada possível participação do governo do Estado na montagem dos documentos. Após Marconi ter eleito Alcides Rodrigues (PP) ao Palácio das Esmeraldas – vice do tucano nos dois mandatos como governador –, os dois se tornaram adversários. Para Marconi, cabe à Justiça descobrir se a atual administração esteve envolvida no caso. 

 “À época me disseram que esse dossiê teria passado pelos escaninhos do governo do Estado. Eu não tenho provas, e espero que o MPF e a PF descubram toda a trama”. O tucano também disse que irá processar todos os envolvidos no caso. “Tendo comprovação, vou processar todos eles. Aliás, todos os que estão ofendendo minha honra estão sendo processados por calúnia”. 

Marconi explicou que ainda não tinha visto o documento enviado pela promotoria suíça e que dessa forma não poderia confirmar se o documento bastaria para comprovar a falsidade do dossiê. “Eu nem tenho posse desse documento, eu vi pela revista. Quem trouxe à tona esse assunto foi a revista”. 


DENUNCISMO 

Fábrica de dossiês do governo federal
Leia trecho da revista Veja que explica como a mentira inventada por Sandro Mabel (PR) foi descoberta pelo Ministério da Justiça 

O que diz a veja sobre o episódio do dossiê 

“Acaba de ser desarmada outra trama que envolve gente graúda do governo. Desta vez, o alvo era o senador Marconi Perillo, do PSDB. Está nas mãos do ministro da Justiça um ofício da Promotoria de Zurique, na Suíça, com notícias desalentadoras para a máquina de bisbilhotagem oficial. O documento revela aquilo que nos últimos anos se converteu no principal método petista para atacar seus oponentes: investigações clandestinas, baseadas em fatos quase nunca verdadeiros, com o objetivo de intimidar, constranger e manchar a biografia dos adversários. O tucano Perillo, hoje candidato a governador de Goiás, tornou-se inimigo dileto do Palácio do Planalto após confirmar ter advertido o presidente Lula da existência de um esquema de desvio de dinheiro para subornar parlamentares – o que mais tarde ficaria conhecido como mensalão.

A armação começou a ser preparada no ano passado, quando o líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), aliado do governo, se encontrou com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, para conversar sobre ‘uma bomba’. O deputado tinha um conjunto de papéis que, entre outras coisas, mostravam a existência de uma conta secreta no exterior em nome do tucano. A papelada continua extratos bancários de um certo Aztec Group, offshore sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Perillo seria o administrador da empresa. Um dos documentos – com o timbre do banco suíço UBS – indicava que a Aztec seria dona de uma aplicação de 200 milhões de euros, o equivalente a mais de 440 milhões de reais. Como o material era apócrifo, era necessário que o governo lhe conferisse autenticidade. Adversário de Perillo na política goiana, Mabel saiu do Palácio com a promessa de que o caso seria investigado a fundo.

Com uma mãozinha de Carvalho, foram abertas as portas do Departamento de Recuperação de Ativos, seção do Ministério da Justiça encarregada de mapear no exterior o dinheiro que sai ilegalmente do País. Após falar com o chefe de gabinete do presidente, reuniu-se também com o atual ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a quem o DRCI está subordinado. Como o DRCI não pode agir sem o pedido de outro órgão de investigação, Mabel fez o dossiê chegar às mãos de um promotor de Goiás – que, de pronto, abriu um inquérito para investigar as supostas contas. Os documentos obtidos agora por Veja atestam que a máquina do Estado foi usada para tentar dar ares de legalidade a papéis fajutos.

Em resposta às consultas do Ministério da Justiça, o promotor suíço Daniel Tewlin afirma que uma das principais contas relacionadas no dossiê simplesmente não existe. À mensagem, ele anexou uma comunicação do banco UBS. “O banco ressalta que o documento apresentado como prova de que haveria relações comerciais (entre o UBS e o Aztec Group) é uma falsificação”, escreveu o promotor de Zurique. Há duas semanas, o coordenador-geral do DRCI, Leonardo do Couto Ribeiro, encarregou-se de informar o vexatório desfecho da empreitada ao promotor de Goiás que abriu o inquérito. Ele foi arquivado.

‘Faço questão de que isso tudo seja investigado’, disse Perillo à Veja. O senador afirmou que processará os responsáveis por orquestrar a trama. No Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou requerimentos para ouvir Gilberto Carvalho e Sandro Mabel sobre o assunto. Mas a dupla até hoje não se dispôs a dar explicações. ‘Que estado é este?’ É mesmo difícil de responder, senhor juiz.

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