quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Íris: o social é o seu ponto fraco!

 DIÁRIO DA MANHÃ

Opinião

Iris, o exterminador de programas sociais 

Pedro Azulão Jr.
01 de Setembro de 2010 

Muito corretamente, Marconi Perillo batizou Iris Rezende, no debate promovido por O Popular, de “exterminador de programas sociais”. A afirmação de Marconi calou fundo. Iris, nos seus mandatos como prefeito e governador, sempre canalizou os recursos dos impostos para obras de infraestrutura, principalmente asfalto, e relegou às moscas a área social. Com Iris, Goiás e Goiânia perderam importantes anos em que poderiam avançar em projetos que valorizam o ser humano. Essa opção pelas obras “visíveis” em detrimento das ações sociais sempre foi previsível quando se trata de Iris Rezende. O velho cacique peemedebista é o tipo do político da velha guarda que joga todas suas fichas, concentra todos seus esforços em grandes obras. Ele até diz que quer ser lembrado pela posteridade como o “tocador de obras” ou “o político dos mutirões”, tudo isso, na verdade, uma estratégia política na qual não interessam a localização nem a qualidade, mas sim a quantidade de habitações feitas em um só dia ou a metragem do asfalto implantado em um ano. 

Infelizmente, quando ressurgiu à cena política, em 2004, após ter sido superado pelo chamado Governo do Tempo Novo, capitaneado por Marconi Perillo, que queiram ou não modernizou boa parte da arcaica estrutura do Estado herdada do PMDB, Iris Rezende não se reciclou. Continua dando as costas às políticas sociais e de valorização do ser humano, priorizando obras físicas. E agora, na presente campanha eleitoral, mais uma vez desfralda o discurso das realizações físicas em detrimento da valorização do ser humano. 

Basta lembrar que o mandato iniciado por Iris em 2005 na Prefeitura de Goiânia foi marcado pela construção de trincheiras e viadutos, além do asfalto nos bairros. Particularmente, os viadutos da Avenida T-63 e da Praça do Ratinho se destacam mais pela intervenção paisagística, com os adereços pontiagudos cortando o céu, o que é de valor estético discutível, do que pela melhoria que supostamente trouxeram para a fluidez do trânsito da capital. Pior: descobriu-se agora que são obras mal feitas, com defeitos estruturais e rachaduras que colocam em risco a vida dos que passam por ali, tudo em nome da obsessão de Iris por acumular obras no seu currículo. 

Em nenhum momento, enquanto prefeito, Iris propôs uma discussão séria e ampla sobre a qualidade de vida dos moradores de Goiânia. Que avanços tivemos, durante a administração de Iris Rezende, em relação aos idosos, aos menores, às pessoas com deficiência ou aos grupos de diversidade, seja religiosa, de gênero ou de orientação sexual? Nenhum. Houve alguma discussão humanizada nesse sentido? Não. 

O asfalto é a única marca da passagem de Iris pela Prefeitura de Goiânia. Asfalto sonrisal, que se desmancha com as primeiras chuvas. Os únicos programas que têm algum cunho social, como a construção de casas populares, na verdade foram iniciativa do governo federal, que repassa os recursos necessários para a execução. Iris apenas pegou carona no bonde de Lula. 

As ações sociais não acontecem com Iris por falta de vontade política, e o resultado é que, hoje, Goiânia ficou carente de programas que privilegiem o ser humano. Entre outros absurdos, Iris recusou-se a implantar um programa municipal de ajuda financeira a famílias carentes, que agregaria, assim, esforços com os governos federal e estadual. Faltou vontade política. Iris não se preocupa com isso. Essas ações não fazem parte de seu perfil. Ele não mudou. Acredita que apenas obras físicas dão retorno nas urnas.

Mas Iris está enganado, e muito. Não bastasse a falta de proposições na área humana, quando foi prefeito ele desconstruiu o que existia e funcionava com sucesso. Exterminou os programas sociais, como disse Marconi. Exemplo gritante ocorreu com as crianças e adolescentes em situação de risco social. Iris simplesmente acabou com o convênio de 15 anos que existia entre a prefeitura e a ONG Cidadão 2000, especializada no atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua. Quem denunciou: os promotores de Justiça do Ministério Público Estadual, que são responsáveis por garantir os direitos dos jovens e adolescentes. A situação chegou a tal ponto que os promotores decidiram entrar na Justiça contra Iris, que responde a processo até hoje por ter deixado em situação de abandono dezenas e dezenas de jovens desassistidos.

Distorcendo as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social/Sistema Único de Assistência Social, no que concerne à estruturação dos serviços sociais a partir de um comando único, Iris simplesmente extinguiu o convênio com a Cidadão 2000. O que vemos hoje é um vácuo nessa área, e as crianças e adolescentes estão sem a devida assistência. Iris, cobrado, alegou que as atribuições da Sociedade Cidadão 2000 passaram para a Secretaria Municipal de Assistência Social, que infelizmente não tem correspondido aos anseios e necessidades dessa parcela carente da população.

Por trás dessa verdadeira tragédia que afeta crianças e adolescentes em situação de risco social, em Goiânia, está a visão atrasada de um político que despreza o ser humano e volta seus esforços exclusivamente para obras que “dão voto”. Mas as pesquisas estão aí, e eu pergunto: será que dão mesmo? 


Pedro Azulão Jr. é vereador em Goiânia pelo PSB

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