quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Marconi: debate franco e aberto!

O Popular

POLÍTICA

FACE A FACE ESPECIAL

Para aliados, reação de Marconi foi desabafo 
 
O staff de campanha que acompanhou Marconi Perillo (PSDB) no Face a Face Especial, realizado ontem pelo POPULAR, justificou o tom mais duro do tucano no debate como uma espécie de desabafo, em razão das críticas que ele vem recebendo dos adversários. Assessores, coordenação de campanha e até o marqueteiro ficaram surpresos com a postura de Marconi, responsável pelo início da troca de farpas entre os governadoriáveis (leia mais na
página 15), já que a orientação no dia anterior era por um debate propositivo, "de paz e amor". Após o debate, coordenadores vitimizaram o candidato. 


"O senador Marconi Perillo não é daqueles candidatos que se adequam num modelo de uma determinada orientação. Ele revela o coração, a alma e o caráter que tem, colocando às claras os seus sentimentos diante de tantas circunstâncias vividas, não aqui agora, mas ao longo desses últimos anos", avalia um dos coordenadores da campanha tucana, José Carlos Siqueira. 
 
Para o tucano, a sociedade é capaz de perceber qual discurso entre os candidatos é mais sincero. "Alguns colocam a alma às claras, outros fantasiam e caminham pelo caminho da hipocrisia", disse Siqueira, acrescentando que "muitas vezes, algo que parece uma violação aos princípios de um bom debate nada mais é que a exteriorização diante de muitos ataques e muitas injustiças sofridas". 
 
Outro coordenador da campanha de Marconi, o ex-presidente do PSDB de Goiás Antônio Faleiros defendeu a postura do candidato. "Não é só receber alfinetadas, receber críticas, como em outros debates já tiveram. Não é só receber e não responder as mentiras que falam. Quando você entra num debate como esse e tem a oportunidade (de responder), acho que tem que ser falado, sim, aquilo que a gente entende ser leviano", ponderou Faleiros, citando as polêmicas do déficit do Estado e o caso Celg. 
 
O debate esquentou quando Marconi citou o suposto falso dossiê que, segundo ele, teria sido montado por adversários do Palácio do Planalto e do Palácio das Esmeraldas. E jogou para Vanderlan Cardoso (PR) responder denúncia de que o presidente do PR (Sandro Mabel) estaria envolvido no caso. 
 
A partir daí, Vanderlan também aumentou o tom e Iris Rezende (PMDB) também não deixou por menos. Enquanto Marconi falava, o staff de sua campanha acompanhava atentamente e em alguns momentos chegou a fazer gestos para o tucano mudar sua postura. 
 
Estavam na plateia do debate acompanhando o candidato, além de Siqueira e Faleiros, os coordenadores da campanha tucana Giuseppe Vecci e João Furtado; o marqueteiro Adriano Gheres; o coordenador financeiro da campanha, Jaime Rincon; a esposa de Marconi, Valéria Perillo, e assessores. 
 
Ataques
A dobradinha entre Iris e Vanderlan para pressionar Marconi foi considerada natural pelos tucanos. Os coordenadores avaliam que "a perspectiva de vitória no primeiro turno da campanha, baseada em pesquisas de intenção de voto" deve reforçar esse comportamento entre os demais adversários neste último mês da campanha eleitoral.
 
 
"Espero que continue um debate de alto nível (na campanha), que (adversários) não usem de leviandade, que não usem mentiras para achincalhar o nosso candidato. Se isso acontecer, o que temos de fazer é dar a resposta a altura", afirma Faleiros. 
 
"Essa questão de jogar pedra, é o seguinte: quando tem um menino jogando pedra numa mangueira na rua, se reúnem muitos meninos para jogar pedra na mangueira. É uma questão de ser a mangueira e de ter os melhores frutos ou de ter as pedras nas mãos. Acho que devemos continuar nos comportando como a mangueira, que apesar de apedrejada, continua a oferecer frutos doces para a sociedade", avalia Siqueira. 
 
Debate esquentou quando candidato do PSDB citou o suposto dossiê que teria sido criado contra ele por adversários dos palácios do planalto e das esmeraldas.


"Não se chuta cachorro morto"

Bruno Rocha Lima

A equipe do candidato Vanderlan Cardoso (PR) interpretou o embate dele com Marconi Perillo (PSDB) como fruto de uma preocupação do tucano com o potencial de crescimento do adversário. Atribuiram a Marconi a iniciativa do ataque e disseram que Vanderlan apenas reagiu às provocações. 
 
"Achei estranho esse ataque. Vanderlan não está à frente nas pesquisas e o pessoal ainda assim partiu para cima dele. Como é sabido que não se chuta cachorro morto, deve ter algum motivo para isso", ironizou Jeovalter Correia, coordenador do plano de governo da campanha de Vanderlan. 
 
Para Jeovalter, o bate-boca com Marconi mostra uma preocupação dos tucanos com um avanço de Vanderlan sobre o eleitorado do PSDB. No entanto, o coordenador critica a troca de farpas. "É normal as emoções aflorarem nesse período da campanha, quando vai ocorrendo um acirramento natural. Mas os ataques pessoais não acrescentam em nada", reclamou Jeovalter. 
 
Para ele, quanto às propostas, Marconi e Iris Rezende (PMDB) ficaram "muito presos ao passado" ao dedicarem grande parte de suas falas durante o debate para lembrarem ações de seus governos. Essa postura, acredita Jeovalter, mostraria uma falta de projetos consistentes para apresentarem. 
 
"Tanto Iris quanto Marconi estão muito presos ao passado. Estão apresentando muito pouco em termos de propostas, não souberam se reinventar", alfineta o coordenador de campanha. "O que fizeram (Iris e Marconi) foi uma disputa para ver quem apresentava a proposta mais inviável. Faltou mostrarem a viabilidade de seus projetos." 
 
Já o comitê irista considerou positivo o embate entre Vanderlan e Marconi. Embora o duelo tenha colocado de certa forma Iris em segundo plano no Face a Face Especial, acreditam que o fato de ele ter se envolvido menos que os dois na troca de farpas o poupou de desgastes desnecessários. 
 
Iris acabou aproveitando o acirramento para fazer dobradinha com o republicano nas críticas à gestão tucana. Para o PMDB, o adversário a ser batido é Marconi, e Vanderlan indo para o ataque é uma ajuda valiosa para desgastar o tucano. 
 
"Nosso candidato ficou numa situação mais confortável e o desgaste maior sobrou para Marconi, que mostrou um descontrole desproporcional para quem diz que está tão bem nas pesquisas", afirmou Thiago Camargo, um dos coordenadores do plano de governo de Iris. 
 
"Marconi estava inseguro e agiu com raiva contra os adversários, perdeu o foco. Iris foi mais tranquilo, expôs suas propostas com clareza", acredita Camargo. Membros da campanha irista também comemoravam a melhora do desempenho do candidato no debate, conseguindo concluir as repostas antes de estourar o tempo. Contudo, peemedebistas lamentavam o fato de Iris ter perdido algumas oportunidades de fustigar Marconi.

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