quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Negro Jobs: boas lembranças!

DIÁRIO DA MANHÃ

Opinião

Lembranças de um rapaz que mudou Goiás

Negro Jobs

A minha relação com a política teve muita influência de um jovem determinado que conheci ainda no final da década de 1970. Esse rapaz tinha 14 anos e estava chegando em Goiânia. Eu já morava no fundo de uma residência no Setor Sul. Era jardineiro da casa da dona Maroca e ali passei minha juventude. Lembro que aprendi a ser responsável e nutrir as amizades que hoje alimentam meu coração. Esse rapaz chegou na Capital para fazer o segundo grau e crescer espiritualmente.  E tornou-se um líder, um dos maiores do Estado. 

O jovem que hoje recordo chegava de Palmeiras de Goiás com muitos sonhos. No Colégio Pré-médico, esse rapaz se revelou curioso, gostava de ler e ser entendido das coisas. Lia poesias e falava de histórias. E logo estaria no comando da juventude do PMDB, à frente de muitas lideranças políticas do Estado. Assim que Henrique Santillo voltou do PT para o PMDB, surgiu o grupo de jovens que estaria ao lado deste rapaz que hoje descrevo. Daniel Goulart, Gilberto Correia, Tiãozinho Costa, Pio Vargas e tantos outros estavam juntos nesse núcleo. Tal grupo pregava os ideais do PMDB, da juventude, da cultura e da redemocratização. 

Eu acompanhava de perto esse jovem. Literalmente, esse grupo me adotou. Tiveram cuidado de dar orientação política para mim, além de ofertar um banquete cultural de excelente qualidade. 

Esse grupo se reunia na casa da Amália Hermano, na banca do Paulo Araújo (Feira Hippie), na casa da dona Olga (mãe de Júlio Pimentel), no bar Monjolo, para ouvir Francisco Aafa e tantos outros. Esse rapaz que agora revelo o nome chamava-se, para os íntimos, Guará, um apelido carinhoso que demos para o ex-governador Marconi Perillo. Foi com ele que aprendi a escutar Chico Buarque, Geraldo Vandré, Geraldo Azevedo, Elomar (grande disco Consertão!) e vários outros monstros sagrados da MPB. 

É dessa época que andava ao lado de Marconi Perillo. Ele sempre alinhado e eu (do lado) de bermuda e tênis, apesar de um pouco mais velho. Detalhe: Marconi nunca teve vergonha de mim. E eu sempre fui esse Jobs que brinca, é feliz e protesta. 

Eu tinha o espírito de um artista caprichoso e pós-moderno e ele aceitava numa boa. Nessa época, Marconi me chamava de Zé. Além de manter a jardinagem na casa de Tia Maroca, a tia de Marconi, eu ganhava dinheiro fazendo placas para namoradas, endereços e comércios. Criava abajur de capim trançado, sandálias e entalhes artísticos. As madames adoravam e o grupo fazia a festa com as moças mais jovens da sociedade goiana. 

Esta amizade durou para sempre. O pit dog Jobs Burger, localizado no Setor Oeste, Praça Leo Lynce, República do Líbano e esquina com Rua K, tornou-se point político no final da década de 1980. Marconi Perillo levava toda raça de político para lá. Naqueles anos, Marconi estava na equipe de Henrique Santillo e já era um grande agente público, pronto para alçar voos mais altos em sua vida. Depois, foi ocupando cada vez mais altos cargos. 

Neste ano, encontrei com ele na Avenida Bernardo Sayão. Marconi falava com os comerciantes da região. E de repente ele perguntou para todos: “Alguém aqui conhece José Batista da Silva? Eu conheço, é o Jobs.” 

Tenho orgulho de lembrar desta história e narrar, através da minha opinião singela, que este grupo hoje governa Goiás. Estamos na Câmara Municipal de Goiânia, na Assembleia Legislativa e no Senado. Sonhamos e estamos prontos para mudar o mundo, que tantos dizem ser impossível. O impossível não existe. Mora longe e não combina com utópicos. Todos nós somos sonhadores. 


Negro Jobs é vereador, presidente da Câmara Municipal de Goiânia e artesão

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