terça-feira, 19 de janeiro de 2010

16 de janeiro de 2010

Tribuna do Planalto

Política

PSDB vence 1º. round

Anapaula Hoekveld

As eleições de 2010 têm tudo para se tornar uma fiel reedição do pleito de 1998: os nomes do PSDB e do PMDB na disputa devem ser os mesmos e os discursos utilizados por eles, também. Apesar da indefinição, o PMDB tende a lançar o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, para disputar o comando do governo de Goiás com o senador Marconi Perillo (PSDB). E, no meio do fogo cruzado entre peemedebistas e tucanos está, mais uma vez, a Celg. A iminência da reedição do confronto direto entre Iris e Marconi esquentou o debate sobre a situação financeira da estatal e acirrou os ânimos entre os dois grupos.

Há pouco mais de dez anos, quando disputou com Iris o comando do Estado, Marconi explorou a venda de Cachoeira Dourada e criticou a postura do PMDB em relação à Celg. À época, o assunto foi amplamente discutido pelos partidos que formavam o "Tempo Novo" e foi usado pela oposição para desqualificar a gestão do então governador Maguito Vilela (PMDB). Nas eleições seguintes, em 2002 e 2006, o tema foi recorrente. O que ainda há para ser dito sobre a gestão peemedebista na Companhia?

Para lideranças do PMDB, tudo o que o partido fez ou deixou de fazer com a Celg já foi exaustivamente explorado pela oposição em eleições anteriores. Peemedebistas ouvidos pela Tribuna foram unânimes em minimizar os efeitos da discussão sobre a dívida da Celg para a disputa eleitoral que se aproxima.

Eles argumentam que a população já foi bombardeada nas últimas eleições estaduais por esse assunto e que agora o enfoque da discussão deve ser outro: a recuperação da estatal. Os erros e acertos das gestões peemedebistas na Celg, segundo eles, não são mais novidade e já geraram todos os desgastes possíveis ao PMDB. Agora, defendem, é hora de pensar no futuro.

No entanto, o que se vê é que o PSDB tem conseguido requentar o debate e, por meio de uma sucessão de declarações e artigos publicados nos jornais da capital, está deixando o prefeito Iris Rezende, visivelmente, irritado. Na última semana, ao comentar o relatório da Fipe (USP), sobre a CPI que investiga o rombo nos cofres da Celg, o prefeito não conseguiu disfarçar o quanto ficou nervoso com as críticas à gestão da companhia durante seus governos. A discussão tirou Iris do sério e o PSDB, desde então, tem se aproveitado da situação.

A atitude do prefeito mostrou aos tucanos que o PMDB ainda não sabe direito como lidar com as críticas à gestão peemedebista da Celg. O partido não definiu o discurso, não se articulou nem se preparou para a discussão, apanhou nas últimas eleições com esse mesmo debate e está apanhando mais uma vez. Se a legenda não estruturar sua comunicação e definir estratégias claras para encarar a artilharia pesada do PSDB, a Celg pode ser, mais uma vez, o ponto central do debate eleitoral.

Isso mostra que a estratégia do PSDB de desacreditar a candidatura de Meirelles e insistir na tese da polarização entre Iris e Marconi foi acertada. Como a Tribuna mostrou em várias edições, os tucanos afinaram o discurso, e, de forma orquestrada, minimizaram os efeitos de uma candidatura meirellista ao governo estadual. E, além disso, trabalharam para reforçar a ideia de que 2010 seria o momento de reviver a disputa entre os dois principais ícones da política goiana da atualidade.

A intenção do PSDB era, justamente, tentar forçar um embate com Iris e se esquivar de Meirelles. Por quê? O presidente do BC é novo, tem prestígio no Brasil e exterior, não sofreu desgastes em Goiás e o partido teria ainda de encontrar um discurso contra ele. Com Iris, o discurso já está pronto, formatado e, como eles têm demonstrado, bem ensaiado.

Os pontos fortes e fracos do prefeito são conhecidos. E suas reações, previsíveis. Ao atacar o PMDB, os tucanos têm conseguido deixar o partido na defensiva. Nos últimos dias, foi assim: após a entrega do relatório da Fipe, Iris perdeu as estribeiras, criticou a lisura da CPI da Celg e pôs em xeque o trabalho da Fipe e as intenções do Tribunal de Contas do Estado. Com isso, o prefeito conseguiu desagradar a gregos e troianos. Em contrapartida, o senador Marconi Perillo aproveitou para elogiar o trabalho da CPI e da Fipe e criticar a postura do prefeito.

Desde então, o PMDB se deparou com uma avalanche de acusações por parte dos tucanos e seus aliados e ainda está patinando para conseguir responder às críticas dos adversários. Enquanto o partido não definir o discurso, o PSDB vai tirar vantagem dos resultados da CPI que, aliás, não os isentam de culpa pelo rombo nos cofres da companhia.

O fato é que tudo é uma questão de organização e estratégia. O PSDB também é responsável pela atual situação da estatal. Não há dúvidas. O PMDB poderia, e pode, explorar isso. O problema é que o partido não define suas estratégias, as táticas de ataque e defesa, é movido apenas pela intuição e, por isso, está apanhando tanto.

Se os peemedebistas conseguirem mostrar os erros cometidos pelos tucanos na gestão da Celg e capitalizar isso, pode ser que essa discussão se enfraqueça e o enfoque do debate sobre a Celg se volte à resolução dos problemas e ao futuro da companhia. Afinal, se o PMDB conseguir se articular, esse debate ainda pode gerar muitos desgastes aos tucanos.

Impasse com dias contados

Após mais de dois anos de negociação, finalmente, o impasse entre a Eletrobrás e a Celg para reequilíbrio das contas da estatal parece estar com os dias contados. O bom relacionamento do governador Alcides Rodrigues (PP) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve possibilitar ao governo a chance de salvar a companhia. A próxima reunião do Conselho de Administração da Celg deve ser realizada nesta semana, para apreciação da proposta final do acordo entre o governo estadual e a Eletrobrás.

Mas, essa missão não é nada fácil: a Eletrobrás ainda quer 41% das ações da empresa. Só não se sabe ainda quanto ela pretende pagar por elas. A proposta inicial era de R$40 milhões. No entanto, o governo estadual contratou uma empresa de consultoria que está avaliando o valor da companhia e deve sugerir um acréscimo nesse montante.

De acordo com o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, após a apresentação desse relatório da empresa de consultoria, que está prestes a ser finalizado, o governo deve discutir novamente com a Eletrobrás o preço da venda das ações da Celg. Enquanto isso, o empréstimo de R$1,35 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, poderá ser liberado para o pagamento das dívidas emergenciais da estatal com o sistema elétrico.

Dívida

De acordo com a Fipe, a Celg tem uma dívida calculada em R$4,1 bilhões. Além disso, há três anos a empresa não pode reajustar as tarifas de energia por causa da inadimplência, o que acabou gerando perdas anuais de cerca de R$400 milhões. Com a venda das ações para a Eletrobrás, o governo de Goiás continua no controle da Celg e evita a federalização da companhia.

Vender ações da companhia à Eletrobrás não é a decisão ideal para o Estado nessa negociação com o governo federal. Mas, ao que tudo indica, é a solução possível para tentar cobrir o rombo feito nos cofres da empresa ao longo de sua existência.

Guerra declarada

12/01

“O governo de Marconi deixou déficit de cem Cachoeiras Douradas ao repassar dívida fiscal de R$ 100 milhões mensais para o sucessor e ainda 300 obras inacabadas.”

Maguito Vilela

14/01

“Não adianta culpar outros, como faz o PSDB, quando o problema é falta de competência. Lula pegou um monte de empresas privatizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e nem por isso quebrou o País. Mesmo diante da pressão de FHC, que exigia a privatização de todas as nossas estatais, como a Metago, Crisa e outras, para renegociar a dívida do Estado, vendi apenas Cachoeira Dourada para garantir a rolagem da dívida e o recebimento de créditos por parte do Tocantins.”

Maguito Vilela

13/01

“Maguito é um mitômano contumaz e embarca na mentira do governo sobre o déficit para justificar o fato de ser o carrasco e o coveiro da Celg com a venda de Cachoeira Dourada”.

Marconi Perillo

15/01

“Maguito não tem como sair desta armadilha que ele próprio criou. Ele cavou a crise, a dificuldade da Celg ao vender Cachoeira Dourada. Isto é insofismável. Não adianta arrumar desculpa. A maior demonstração da incompetência do prefeito quando foi governador do Estado é a própria administração dele em Aparecida. Basta ir até lá para perceber que a cidade está se transformando em um verdadeiro queijo suíço.”

Marconi Perillo

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