terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Balestra prega união da base!

Diário da Manhã

Política e Justiça



Entrevista - Roberto Balestra

“A base aliada precisa andar de mãos dadas”
Deputado pepista volta a defender união de partidos de oposição ao PMDB em torno do nome que aglutinar mais e diz que cenário pode mudar até julho

As recentes trocas de ataque entre pepistas e tucanos desanimaram o deputado federal Roberto Balestra, mas não o fizeram desistir do sonho de ver a base aliada reunida. Veja os melhores trechos da entrevista que ele concedeu ontem aos jornalistas Ivan Mendonça e Jerônimo Rodrigues, do programa Falando Francamente, da Rádio Mil.

O senhor acredita que a Nova Frente (PR, PPS, DEM, PSB e PTN) terá candidato a governador nestas eleições?

Roberto Balestra - Todo mundo sabe da minha posição, sabe do interesse que eu tenho em continuar no governo. Eu fui da oposição muitos anos e não gostaria nunca de perder isso agora, até porque estamos numa situação boa no Estado. Infelizmente, na nossa base, existe uma briga em que “A” fala de “B”, “A” fala de “C”. Eu tenho muito medo de ficar olhando para trás, porque até na minha vida eu não tenho o costume de ficar olhando para trás, porque todas as vezes que eu vou andar olhando para trás eu tropeço e caio; se eu for olhar de lado, eu corro o mesmo risco, então, é sempre mais interessante olhar para frente, sempre para frente. Eu não tenho nenhuma restrição a lançamento de candidaturas, não tenho. Eu não estou defendendo “A”, “B”, “C” ou “D”. Entendo que o governador tem toda a legitimidade de pleitear uma terceira via, todos nós fazemos parte de um trabalho, de uma ação política há muitos anos. O que nós precisamos é estar de mãos dadas para ganhar a eleição. Então, vamos lutar para poder alcançar a possibilidade de vitória.

Por que, após quase quatro anos como governador e sete como vice-governador, só recentemente Alcides começou a reclamar de Marconi?

Balestra - É uma situação que só ele pode responder, até porque é uma questão de foro íntimo. Hoje, ele faz restrições e está no seu direito. Acredito que, no momento oportuno, ele deve apresentar seus motivos e esclarecer para a opinião pública.

E quando é o momento certo para o governador esclarecer os seus motivos?

Balestra - É uma pergunta difícil, não consigo responder. Como disse anteriormente, entendo que a discussão não compensa, mas não posso me manifestar por ele, porque cada um tem uma maneira de agir.

Marconi deixou de cumprir algum compromisso político com Alcides?

Balestra - Eu não sei, é o governador que precisa esclarecer isso. Nós, que assistimos à distância, não temos detalhe de tudo, não podemos afirmar com certeza se houve uma briga por este ou aquele motivo. Só conhecemos o macro. Eu não conheço a intimidade do governo. Eu não sei das coisas, tenho conhecimento pela imprensa, e isso é muito pouco para entender um problema tão complexo.

O senhor sempre defendeu a união da base aliada, dizendo que quem aglutinar mais deve ser o candidato. A sua postura continua a mesma?

Balestra - Sim. Continuo achando que o governador, com a força do governo, tem todo o direito de lançar candidato, quem sabe o candidato dele pode ser o candidato da base... Tudo depende de como as coisas vão acontecer. Então, como eu não defendo nomes, vejo possibilidade maior de rearticular a ampla aliança de alguns anos atrás. Sou totalmente a favor da realização de um processo transparente para que cheguemos à escolha de um nome, com a participação de todos.

Um ouvinte pergunta: os apelos de Balestra estão inaudíveis à cúpula do PP goiano?

Balestra - Imagino que nada acontece antes da hora. A data limite para formação de chapas e anúncio de candidaturas é 30 de junho, então, dentro deste prazo, tudo pode acontecer. É preciso que todos nós participemos do processo. Às vezes, um prefeito ou vereador resolve não se manifestar porque é muito “pequeno” na hierarquia partidária, mas cada um tem o seu voto e ele vale o mesmo que o outro. É a partir dessa discussão que vamos chegar a uma decisão final lá na frente. É aquela história: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” Se todos nós insistirmos em uma, podemos alcançar nosso objetivo.

Como analisa o acirramento de ânimos tanto tempo antes das eleições?

Balestra - Vou citar o exemplo de Inhumas: lá não existe adversário para nós. Lá trabalhamos em cima de propostas, e na primeira eleição, em 2004, o Abelardo Vaz ganhou por 500 e poucos votos na frente. Na disputa pela reeleição, mostrando que o que nós propusemos foi realizado, ele ganhou com 13 mil votos de frente. Para mim, ficou claro que o povo quer saber o que o político tem como propostas. Ninguém veio me perguntar se “A” ou “B” tinha sido prefeito, se tinha feito coisa errada, ninguém.

Qual dos nomes cotados pelo Pálácio tem respaldo para disputar o governo?

Balestra - Muitos nomes foram apresentados, mas até agora eu não vi nenhum que tenha despontado, que tenha caído na graça do povo, que tenha sido aclamado pelas forças políticas da terceira via. E a gente começa a ver que nomes que estão sendo apresentados na terceira via já negociam possível candidatura a vice na chapa do PMDB. Isso me traz uma confusão mental que você nem imagina.

O governador disse que, se Meirelles estivesse filiado ao PP, seria o próximo governador de Goiás. O senhor concorda?

Balestra - É impossível prever uma coisa dessas. Creio que, na Nova Frente, Meirelles teria mais força que no PMDB. Ao optar pelo PMDB, ele deixou muito claro que não tem compromisso com ninguém. O eleitor acompanhou a discussão e a movimentação política feita dentro do partido, dentro do governo e até algumas manifestações de afirmação de que ele seria o candidato do governo. De repente, Meirelles aparece filiado ao PMDB. Isso não dá segurança ao eleitor. Eu não estou discutindo aqui os méritos dele como cidadão, como um homem honrado, mas, politicamente, o eleitor fica em dúvida.

Qual a opinião do senhor sobre essa CPI que se desenrola na Assembleia Legislativa de Goiás?

Balestra - É CPI, como é CPI em Brasília. Você está vendo a CPI do GDF (governo do Distrito Federal). CPI é CPI, isso não tem muita definição não.

O presidente Lula cobrou na Praça Cívica, no dia 13 de agosto, a resposta sobre “quem quebrou a Celg?”. Essa CPI vai dar a resposta?

Balestra - Ela é uma CPI que não vai dar uma resposta, vai ficar nessa discussão...

Mas vai influenciar?

Balestra - Vai chegar o momento da eleição e o pessoal vai ter que terminar a CPI, até porque a sociedade...

Está marcado o dia do sepultamento, o dia 2 de março...

Balestra - O pessoal vai começar a cobrar. É muito esforço, acredito que o dr. Helio (de Sousa, deputado e presidente da CPI que investiga o endividamento da Celg) está fazendo um esforço muito grande, mas a própria natureza da CPI é que não permite que as coisas aconteçam.

Do ponto de vista político, a CPI pode desequilibrar a favor de um ou outro candidato?

Balestra - Não vai. Não vai porque ela falará de todo mundo. Não tem nada definido.

Vai sair esse empréstimo para a Celg resolver essa situação?

Balestra - Me parece que está definido. Pelo menos é a conversa que ouvi dos membros do governo que estão tratando disso, que agora está definido. Faltava acertar aquela participação da administração, o governo resistiu, mas não teve alternativa. Então, agora, acredito que esteja definido.

A Nova Frente vai apoiar a ministra Dilma Rousseff. O senhor vai apoiar a ministra?

Balestra - Isso é um processo futuro e o futuro só a Deus pertence. Eu sou companheiro, como diz o Abelardo. Vamos ver o que o partido vai decidir.

O senhor foi apresentado aqui como ex-articulador político do governo. O senhor sente falta do cargo? A precisão dessa figura do articulador?

Balestra - O problema é que o governo está numa situação boa. Está com o controle absoluto de todas as secretarias, está fazendo obras, está agindo. Então, ele pode, agora, perfeitamente, num trabalho mais simples de menos articulação e de mais ação, resolver esse problema político.

O carro-chefe da estruturação dessa Nova Frente seria a eleição de uma forte bancada federal. O senhor acha que esses partidos que integram a Nova Frente têm condições de fazer quantos deputados federais?

Balestra - Primeiro, precisamos saber quem se dispõe a ser candidato, quais são os nomes que vão se apresentar, porque, com os atuais, já sabemos quantos nós podemos fazer. Então, quais os novos...

O senhor concorda com as críticas do secretário Jorcelino Braga (Fazenda) contra o PSDB e, indiretamente, a Marconi?

Balestra - A gente sempre fala de acordo com o comportamento que a gente tem. Eu, como nunca fiz crítica a ninguém, tenho dificuldade de aceitar. Tenho ouvido que as críticas são muito fortes e que existem outras maneiras de se chegar a alcançar as pessoas ou a tentar traduzir aquilo que a gente acha que está errado. Então, existem muitas formas de se chegar a isso. Talvez um termo mais pesado não é bem aceito pela população, pelas pessoas porque todos nós temos amigos em todos os lugares e, quando falo de um amigo para outro, isso não fica bem, a pessoa não se sente bem. Ele não aceita aquilo. Ele julga aquele que está falando e não aquele a que está se referindo. Então, é preciso ter muito cuidado com isso aí. Acho que se ele tem razão, existe outras formas de se chegar a essa crítica, de alcançar esse objetivo. E nós todos temos que ter um nível que seja suficientemente aceitável pela população.

Fonte: Da redação

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