segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

Academia Goiana de Letras - 70 anos de labor cultural

A Academia Goiana de Letras foi criada e oficialmente instalada no dia 19 de abril de 1939, por iniciativa de um grupo de intelectuais, tendo à frente o professor Colemar Natal e Silva, cuja primeira diretoria foi presidida por Dr. Pedro Ludovico Teixeira.

A solenidade de posse dos novos membros foi realizada no Salão Nobre do Palácio das Esmeraldas; na ocasião o prof. Colemar (vice-presidente) com um discurso eloquente (O Patrimônio intelectual de Goiás) fez um relato histórico sobre o nascimento da novel Academia Goiana de Letras.

O destino é caprichoso e muitas vezes emociona o observador dos fatos; seus tentáculos são arranjados, como em uma colcha de retalhos, onde alguns remendos que foram distribuídos ao acaso, de repente se juntam, harmonicamente, no desenho final.

A história da criação da Academia Goiana de Letras teve a participação desta mão invisível, senão vejamos:

Em 1904, no dia 12 de outubro, na cidade de Goiás, nossa antiga capital, foi criada a Academia de Letras de Goiás que infelizmente não conseguiu se firmar, funcionando por apenas quatro anos; presidia aquele movimento uma jovem sonhadora com apenas 19 anos de idade, de nome Eurídice Natal, futura mãe de Colemar Natal e Silva.

A posse dos membros e da nova presidenta, Srta. Eurídice, ocorreu, semelhantemente como em nossa Academia, na sede do Governo, o Palácio Conde dos Arcos.

Uma história tão inacreditável como esta, com enredo embasado no amor, estava fadada a dar certo e foi o que aconteceu; os sonhos de Eurídice e de Colemar estão consentâneos com a nossa realidade: A Academia Goiana de Letras tem participado, nestes 70 anos de existência, ativamente da vida cultural do nosso Estado de Goiás.

Adentraram seus umbrais algumas das mais importantes figuras da nossa literatura, cujas obras, muitas delas, tornaram-se clássicos de consulta obrigatória para os estudiosos.

Quem visita nossas instalações e observa o painel fotográfico das figuras (acadêmicos e patronos) que adorna nossa galeria, sentirá os influxos positivos da memória viva das letras goianas; quantas páginas da nossa literatura podem ser sugeridas pela lembrança das suas presenças.

Somos orgulhosos em poder preservar esta memória, principalmente proteger o acervo bibliográfico destes homens e mulheres que escreveram e continuam a escrever a nossa história, a história da literatura goiana.

O ano de 2009 foi um ano de muitas realizações e, infelizmente, também, de tristezas para a Academia Goiana de Letras; ao lado de inúmeros acontecimentos festivos, perdemos, de maneira inesperada, o confrade Helvécio de Azevedo Goulart já no apagar das luzes do ano. Poeta de grande inspiração deixa um rastro de saudade em cada canto do nosso sodalício, em cada coração dos seus confrades, antes de tudo, seus companheiros de viagem no barco das ilusões literárias.

Três novos acadêmicos: Emílio Vieira das Neves, Licínio Leal Barbosa e Delermando Vieira, assumiram as cadeiras que estavam vagas por passamento dos inesquecíveis Leolídio de Ramos Caiado, José Luiz Bittencourt e Modesto Gomes; é a roda do tempo, os que foram, viveram de acordo com Rodrigo Otávio “A vida só vale quando se a pode viver. E viver não é ver passar as horas, no desperdício do tempo, na despreocupação dos sentidos; viver é aproveitar, do melhor modo, a hora que vem, passa e não volta”.

A Academia realizou cinco sessões festivas, com presença de grande número de convidados, que lotaram nosso auditório: comemoração do centenário de nascimento do jornalista e nosso confrade, Jaime Câmara; centenário de falecimento do escritor Euclides da Cunha; cinquenta anos de literatura do confrade Geraldo Coelho Vaz; comemoração dos 70 anos de existência da nossa Academia e, por último, porém, não por derradeiro, a posse da nova diretoria para o biênio 2009-2011.

No final de agosto, foi realizada a semana cultural de homenagem ao fundador da AGL, prof. Colemar Natal e Silva.

A Academia Goiana de Letras, consentânea com a sua finalidade participou, ativamente, de várias manifestações da cultura goiana, quer atividades intramuros (lançamento de três livros, dois deles de autoria de nossos confrades, Luiz de Aquino e José Fernandes), várias recepções a caravanas de estudantes da rede pública com as quais, além de distribuirmos livros do nosso acervo, discutimos, com a presença de vários acadêmicos, principalmente a literatura goiana.

Fora do recinto da nossa sede, participamos com exposição e venda de livros dos acadêmicos da AGL, da Bienal do livro de Goiânia e de São Paulo e da 1ª. mostra do livro goiano do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Nossos acadêmicos publicaram, somente neste ano de 2009, cerca de vinte livros, escrevemos, semanalmente, nos jornais da nossa cidade, mais de vinte textos culturais(crônicas, ensaios); publicamos, quinzenalmente, como encarte do Diário da Manhã, um Suplemento Literário.

Temos consciência de que conseguimos toda esta movimentação com a ajuda dos poderes públicos e da iniciativa privada que, por entenderem a utilidade cultural da nossa entidade colaboraram, ativamente, para a sua manutenção.

O governo do Estado, na pessoa do Dr. Alcides Rodrigues Filho fez uma dotação orçamentária, no começo do ano, que permitiu que a Academia atravessasse o ano em dia com os seus fornecedores; a Prefeitura de Goiânia permitiu que quatro de seus funcionários continuassem à nossa disposição para ajudar-nos na rotina de trabalhos de secretaria e limpeza.

A empresa Novo Mundo doou-nos um aspirador de pó (limpeza dos livros) e uma máquina de lavar pisos, a Unicred (Cooperativa de Créditos da classe médica), dois computadores.

Graças a uma dotação orçamentária do senador Marconi Perilo, será mantida a premiação cultural Colemar Natal e Silva, faremos um concurso nacional de prosa, romance e crônica, lançaremos quatro números da revista da nossa Academia, editaremos três “Antologias”, reeditaremos dez livros já esgotados e de autoria de nossos acadêmicos, e utilizaremos as instalações da nossa “Casa Altamiro de Moura Pacheco” para a realização de oficinas de contos, poesias e crônicas.

Cabe destacar a figura do Senhor Prefeito Iris Rezende Machado que, constatando a exiguidade física das nossas dependências, doou uma casa contigua à nossa, onde pretendemos, ainda com a promessa da sua ajuda, construir um novo prédio.

Esta construção será a redenção do nosso sodalício e a consecução de um sonho acalentado por todos os nossos acadêmicos e acadêmicas, muitos deles, infelizmente os que ficaram na beira da estrada, não poderão participar, de corpo presente, porém, em nome deles, aplaudiremos e agradeceremos a iniciativa do Senhor Prefeito.

A Academia tem muitos planos para o ano que vem; vamos manter as atividades que foram desenvolvidas no ano que está findando e ampliaremos nosso relacionamento com a comunidade.

Hélio Moreira Academia Goiana de Letras Academia Goiana de Medicina (drhmoreira@gmail.com) www.heliomoreira.blogspot.com)

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