segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Popular - 23 de janeiro de 2010

O Popular

SUCESSÃO

Marconi já articula CPI sobre déficit
Senador afirma que apuração vai acabar com “a farsa dos que tentam justificar sua inoperância”

Fabiana Pulcineli

A Assembleia Legislativa deve ser palco dos primeiros embates mais fortes entre PSDB e governo estadual. Incentivados pelo senador Marconi Perillo, os tucanos ensaiam mais uma ofensiva contra o governo ao propor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Déficit.

Marconi evita atender a imprensa, mas vem comentando no Twitter os últimos ataques feitos pelo secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, com respaldo pelo governador Alcides Rodrigues (ambos pepistas). “Vou estimular fortemente a bancada do meu partido, o PSDB, a lutar pela instalação da CPI do ‘déficit’, na Assembléia”, declarou ontem o senador, para continuar: “Precisamos acabar em Goiás com a farsa daqueles que procuram bode expiatório para justificar sua inoperância e incompetência”.

O senador disse ainda que, por meio da comissão na Assembleia, “a verdade emergirá, da mesma forma que aconteceu com a CPI da Celg”.

A investigação sugerida pelos tucanos refere-se ao déficit de R$ 100 milhões mensais que o atual governo afirma ter herdado da gestão anterior. O secretário lembrou as dificuldades em entrevista coletiva na quarta-feira para falar do balanço das contas de 2009. Questionado sobre o fato de Marconi ter dito que a tese do déficit era mentira, Braga chamou o tucano de “mentiroso de mão cheia”.

O presidente estadual do PSDB, deputado federal Leonardo Vilela, sugeriu ontem em entrevista ao programa Papo Político, da rádio CBN Goiânia, que o partido tem arquivado gravações com elogios do governador ao antecessor e ex-aliado para utilizar na campanha eleitoral.

Leonardo repetiu que, como vice-governador, que assumiu o comando do Estado em abril de 2006, Alcides sabia da situação financeira do Estado. “Pode haver essa indisposição. Mas só ocorre agora. Não ocorreu, por exemplo, no segundo turno da eleição, quando Marconi, já eleito com mais de 2 milhões de votos, enfrentou chuva, sol, poeira e lama, para pedir votos para Alcides, que foram fundamentais para sua eleição, como o próprio governador reconheceu em discurso em 21 de outubro de 2007, quando tomei posse na presidência do diretório do PSDB. Isso está tudo gravado, documentado.”

Para Leonardo, o governo ataca o senador para desconstruir o patrimônio político e justificar promessas não cumpridas. “Parece-me que há nítida conotação eleitoral. Um pré-candidato a governador (Braga) tentando denegrir a imagem de um fortíssimo pré-candidato, que é o senador e, ao mesmo tempo tentando justificar o fracasso da sua administração”, disse. “Governantes foram eleitos para gerir, melhorar a vida das pessoas, e não para ficar criticando o passado”, afirmou.

Estado aguarda parecer sobre negociação

Fabiana Pulcineli

A negociação para equilibrar as contas da Celg entrou na pauta da reunião de ontem do Conselho de Administração da Eletrobrás, mas o governo goiano não foi informado sobre uma decisão diante da proposta. A aprovação do conselho é necessária para que a estatal federal assine com o governo estadual o pré-acordo, que prevê liberação de empréstimo de R$ 1,35 bilhão, além de outras premissas para vencer as dívidas de R$ 5,7 bilhões.

O POPULAR apurou que a proposta final foi submetida aos conselheiros que, inclusive, solicitaram internamente documentos para tirar dúvidas sobre a situação da companhia goiana. Segundo fontes da Eletrobrás, a reunião ocorria ainda por volta de 19h20.

O secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, que comanda pelo Estado as negociações com o governo federal, disse que não havia obtido qualquer informação sobre os avanços do acerto. Até as 21 horas, petistas goianos que acompanham as discussões também não sabiam detalhes sobre a avaliação do conselho da estatal federal.

A expectativa do governo é que haja reunião na próxima semana. A reportagem apurou também que deverá ser feita uma alteração na lei que criou um fundo que vai aportar recursos para cumprir com obrigações do contencioso passivo da Celg.

Segundo aliados do governo, as demais premissas estavam acertadas entre a Eletrobrás e o governo estadual e não teriam grandes dificuldades de aprovação no conselho. Na negociação, ficará em aberto o valor das ações da companhia goiana. A Eletrobrás ofereceu pagar R$ 40 milhões por 41,08% das ações. Na contraproposta, o governo goiano solicitou que o preço fique em aberto até que haja avaliação de empresa contratada pelo Estado.

Segundo Braga, a avaliação da Celg varia de acordo com as premissas aprovadas pela Eletrobrás. Assim, ficou acertado que haverá a consultoria (para estabelecer o preço) após a assinatura do pré-acordo. O governo goiano e a estatal federal voltariam a se sentar para discutir o valor, enquanto outros pontos do acordo já seriam adiantados, como a liberação do empréstimo para pagar dívidas com o sistema elétrico.

Na negociação, o governo estadual aceitou dividir o comando da Celg com a Eletrobrás, mesmo que continue sendo sócio majoritário. A estatal federal indicará o nome dos quatro diretores e do vice-presidente, que assinará atos junto com o presidente.

Bancada na Assembleia defende investigação

Erica Lettry

A maioria dos deputados tucanos promete atender a reivindicação do senador Marconi Perillo (PSDB) e lutar pela instalação da CPI do Déficit na Assembleia Legislativa. O deputado Jardel Sebba (PSDB), que assume a liderança do partido no retorno das atividades do Legislativo, garantiu que vai trabalhar para que a CPI seja aprovada.

“Vou reunir a bancada e pedir a instalação da CPI, para que não pairem mais dúvidas sobre esse assunto”, disse. “O secretário (Jorcelino Braga) não fala que existe um déficit? O Marconi não diz que não existe? A quem essa CPI pode não interessar?”, questionou, defendendo que a comissão terá apoio de outros partidos dentro da Assembleia.

O deputado Daniel Goulart (PSDB) afirmou que vai colher as 14 assinaturas necessárias para o pedido de instalação da comissão. “Quero apresentar o pedido no primeiro ou segundo dia útil da Assembleia”, afirmou o deputado. A Assembleia retorna aos trabalhos no dia 18 de fevereiro. “Espero que o governo não venha jogar pesado para derrubá-la, como fez com o requerimento que apresentei pedindo mais informações sobre este déficit”, afirmou.

Daniel Goulart afirma que espera que a CPI possa investigar não apenas o déficit, mas também o problema do endividamento do Estado. “(Marconi) ligou me pedindo apoio para a CPI do Déficit e sugeri o endividamento todo. Ele disse que poderíamos fazer tudo junto, sem problemas.”

O presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB), afirmou que é preciso conversar com os colegas do Legislativo para saber do interesse em levar adiante o pedido, mas que a princípio é favorável. O vice-presidente, Honor Cruvinel (PSDB), também acredita que a comissão é uma boa maneira de esclarecer as dúvidas sobre o suposto déficit.

Mas o recesso na Assembleia pode minimizar os efeitos desta discussão entre os deputados e arrefecer a disposição de batalhar pela CPI. Pelo menos é o que espera o deputado Júlio da Retífica. “A esperança é de que a paz volte a reinar. Se não, que se proponha a CPI do Déficit. Mas que ela não seja política, mas sim para mostrar a verdade”, disse. Os deputados Fabio Sousa e Padre Ferreira também se mostraram favoráveis à CPI do Déficit.

Nelto denuncia suposto superfaturamento na Celg

Erica Lettry

O deputado José Nelto (PMDB), membro da CPI da Celg, apresentou ontem ao relator Humberto Aidar (PT) uma denúncia de suposto superfaturamento e irregularidades na licitação do contrato entre uma locadora de veículos estabelecida em São Paulo e a Celg.

O peemedebista mostrou ontem à imprensa cópias do contrato da locadora, feito em 29 de dezembro de 2005, no valor de R$ 4,782 milhões, para locação de 76 veículos. O contrato sofreu um aditivo em 28 de maio de 2008, subindo para R$ 5,285 milhões.

A suspeita do deputado é que o contrato seja superfaturado em até 30% em relação ao que se pratica no mercado e prometeu questionar os ex-presidentes da Celg responsáveis pelos contratos.

Nelto citou auditoria da Celg que revela economia de R$ 2,3 milhões anuais com a desativação de 17 veículos em 2007. O documento da estatal não menciona a palavra superfaturamento. A CPI também deve investigar neste caso as supostas irregularidades no contrato constatadas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). A Celg já cancelou o contrato com a locadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário