segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Popular - 23 de janeiro de 2010

O Popular

CASTELO DE AREIA

Empresa teria pago propina a PT e PMDB

Agência Estado

Brasília – Relatório da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, revela que a empreiteira Camargo Corrêa supostamente pagou propinas no valor de R$ 2,9 milhões ao PT e o PMDB, os principais partidos da base governista. O dinheiro, no caso do PMDB, teria sido repassado a aliados do presidente do Senado, José Sarney (AP), corresponde a 3% de uma parcela de R$ 97 milhões liberada pela União para obras na eclusa da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Sarney considerou a denúncia “uma infâmia” e, pela assessoria, disse que não vai se manifestar.

A Camargo Corrêa, por sua vez, informou que não comenta assuntos sub judice, mas em notas anteriores sobre o assunto, considera as acusações “absurdas” e manifesta confiança nos diretores da empresa acusados de envolvimento nas irregularidades. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu a operação depois que a defesa da empresa questionou a legalidade das provas.

Manuscritos Conforme a denúncia, manuscritos apreendidos pela PF em poder de Pietro Bianchi, diretor da construtora, indicam repasses de dinheiro para o PMDB em nome de “Astro/Sarney”. A polícia acredita ter decifrado os dois nomes. O segundo beneficiário seria Fernando Sarney, filho do presidente do Senado e alvo da Operação Boi Barrica, a qual o jornal O Estado de S.Paulo está impedido de noticiar por censura judicial.

O primeiro nome seria uma referência a Astrogildo Quental, diretor-financeiro da Eletrobrás e ex-secretário estadual do Maranhão no governo Roseana Sarney. As direções do PT e do PMDB não responderam à reportagem. Os supostos pagamentos aparecem em documentos digitalizados que foram apreendidos com Bianchi, um dos três diretores da construtora que são alvo de ações judiciais. Para o PT, os pagamentos foram registrados em nome de Paulo, que a PF ainda não decifrou exatamente de quem se trata.

A Castelo de Areia investiga um suposto esquema de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo executivos da empreiteira.

Tentáculos

A investigação alcança, além da Camargo Corrêa, doleiros, políticos e autoridades públicas federais e de São Paulo. Na primeira fase, deflagrada em maio de 2009, a operação só havia apanhado parlamentares e partidos de oposição, como o PSDB, entre os suspeitos de recebimento de caixa 2 da construtora, o que gerou uma onda de desconfianças sobre a investigação.

O prosseguimento do inquérito resvalou nos principais partidos da base governista e em aliados de primeira hora do governo. No início de dezembro, o Ministério Público Federal em São Paulo encaminhou 18 representações a diferentes autoridades pedindo abertura de inquérito sobre 14 obras da Camargo Corrêa. O MP pediu apuração também sobre o conteúdo da planilha, apreendida com Bianchi, que indica pagamentos de caixa 2 a políticos e parlamentares. Fontes policiais observaram, entretanto, que a simples existência da planilha com nomes de pessoas não configura crime se não for encontrada prova de que os pagamentos foram efetivamente feitos.

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