segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Popular

Assembleia

CPI do déficit divide PMDB

Erika Lettry

Mesmo depois de o prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) ter defendido a criação da CPI do déficit na Assembleia Legislativa, os peemedebistas não fecharam um acordo sobre o tema. Com o partido ainda indefinido em relação ao candidato que vai disputar as eleições estaduais deste ano, houve quem fizesse coro ao prefeito e quem se mostrasse desconfiado ontem com os encaminhamentos de uma nova CPI no Legislativo no ano da campanha para o governo estadual.

A desconfiança parte principalmente do fato de a CPI ter sido proposta pelo senador Marconi Perillo (PSDB), que prometeu estimular fortemente os tucanos a implementarem a comissão no Legislativo. O pedido feito pelo tucano em seu Twitter é uma resposta ao secretário da Fazenda Jorcelino Braga (PP), que reafirmou que o governador Alcides Rodrigues (PP) herdou o Estado com um déficit de R$ 100 milhões mensais. No dia seguinte à declaração, em que Braga também chamou o senador de “mentiroso”, o governador endossou as afirmações do auxiliar, garantindo que o secretário da Fazenda não mente.

Ao deixar claro seu apoio ao prefeito, o deputado José Nelto (PMDB) afirmou que vai conversar com os colegas de partido e com as siglas PP, PT, PDT e PR para que a CPI do déficit tome o fôlego necessário. “Acreditamos que o Braga não mente e é um homem sério. A CPI vai servir para descobrir as peraltices do PSDB”, afirmou, repetindo a expressão usada na semana passada por Alcides.

Nelto diz esperar que o governador assuma uma postura adequada em relação ao andamento da CPI e não deixe que a comissão seja tomada por partidários de Marconi. “Espero que o governo tenha atitude e mostre sua base política, para não permitir que esta CPI seja marconista como a CPI da Celg. Ou o governo reage ou será massacrado pela CPI”, analisou o deputado

O deputado Thiago Peixoto (PMDB) mostra-se reticente diante da iniciativa de instalar esta CPI. O peemedebista lembrou que o secretário da Fazenda disse estar à disposição para mostrar os dados que, segundo ele, comprovariam o déficit nas contas do Estado. “Os dados já estão disponíveis e mostram de forma clara que o déficit existe. Inclusive já vi estes dados”, garantiu.

A preocupação de Thiago é que a CPI seja parcial e promova distorções dos dados. “O que vai acontecer é que CPI do déficit vai ser igual à da Celg. É só para ter palco para mentir mil vezes”, disse. “A Assembleia não tem que se sujeitar às vontades do Marconi. Ele que traga os dados necessários”, cutucou.

Ao ser questionado sobre a defesa de Iris Rezende, Thiago afirmou que o que o prefeito de Goiânia deseja é “transparência” na exposição dos fatos e que seguirá a orientação da bancada caso ela julgue necessária a instalação da CPI do déficit.

O peemedebista Wagner Guimarães afirmou ontem ser contrário a qualquer CPI, mas também irá seguir a determinação da bancada. Já o deputado Paulo Cézar Martins (PMDB) promete não dar sua assinatura para o requerimento, justificando não acreditar nos resultados que as CPIs trazem. “A CPI nunca traz a história verdadeira, não faz realmente a apuração. Este é um problema do governador Alcides Rodrigues com o senador Marconi Perillo. Não estou convencido a fazer esta CPI como não estava convencido com a CPI da Celg”, afirmou.

O deputado Samuel Belchior (PMDB), por sua vez, disse que vai colaborar e que deseja que a comissão seja criada. O requerimento só poderá ser apresentado no retorno das atividades do Legislativo, que ocorre em 18 de fevereiro.

Embate

No fim da semana passada, os deputados do PSDB deram apoio a Marconi em sua intenção de estimular a criação de uma CPI para apurar o suposto déficit do Estado durante sua gestão, que terminou em 2006. O futuro líder do PSDB na Assembleia, Jardel Sebba, vai reunir a bancada para discutir o assunto. Já o deputado Daniel Goulart prometeu colher as assinaturas necessárias para que a CPI seja criada.

No sábado foi a vez de Iris Rezende se posicionar sobre o assunto. Durante o lançamento de obras de parque municipal na região Sudoeste da capital, o prefeito de Goiânia afirmou que Goiás “regrediu muito” após o PMDB ter deixado o comando do Executivo e pediu punição, por meio de votos, dos responsáveis pelas dificuldades do Estado e da Celg. Iris também defendeu a investigação do suposto déficit de R$ 100 milhões que teria sido deixado por Marconi ao deixar o governo, em março de 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário