quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CELG: PMDB quebra tudo!

Diário da Manhã

Celg: análise da polêmica entre o PSDB e o PMDB

Os leitores do Diário da Manhã estão acompanhando os lances da polêmica entre o PSDB e o PMDB a respeito da Celg. Diariamente, o espaço generoso que este jornal dedica à publicação de artigos é tomado por articulistas que se revezam na argumentação sobre culpas e responsabilidade na difícil situação em que aquela empresa se encontra hoje.

Como especialista em marketing, tenho lido todos os artigos e acho que já é possível adiantar algumas conclusões. Observo, em primeiro lugar, que os articulistas que defendem as teses do PSDB são mais conhecidos, como os deputados federais Leonardo Vilela e Carlos Albeto Leréia, o presidente do PPS Gilvane Felipe, o ex-diretor da Celg Perinácio Saylon e o vereador Pedro Azulão Jr. São eles figuras públicas, detentores de mandatos ou então de credenciais de currículo que justificam a sua participação no debate, todos eles, aliás, concluindo que foram os governos do PMDB que tomaram as medidas que inviabilizaram a Celg.

Já o PMDB tem a sua defesa nas mãos de autores até agora desconhecidos do grande público, como Luciano Joka , funcionário da Prefeitura de Goiânia, e Marco Aurélio Souza, presidente de uma ONG aparecidense de que ninguém ouviu falar. Surgiram para elogiar Maguito Vilela, por exemplo, alguns cidadãos obscuros de Aparecida, que obviamente não podem ter e nem realmente demonstram ter conhecimento sobre o assunto em questão. Que mereça destaque, registre-se um artigo do deputado José Nelto e dois do vereador Bruno Peixoto. Mas o conteúdo comum dos artigos contra o PSDB é muito virulento e é sobre esse aspecto que passo a discorrer a seguir.

É notório, pela leitura dos textos, que os articulistas ditos do PSDB se concentram na questão da Celg e apontam questões concretas que podem ter levado a empresa à situação falimentar atual. Todos citam fontes confiáveis, como os relatórios que a Fipe e o TCE fizeram para a CPI da Celg. Raramente extrapolam, mantendo a discussão sobre os pontos que justificam a conclusão de que foram os ex-governadores Iris Rezende e Maguito Vilela os responsáveis pela decadência da estatal elétrica goiana, principalmente pela doação da usina de Corumbá ao governo federal e pela privatização da usina de Cachoeira Dourada.

Os defensores do PMDB não respondem ao conteúdo das críticas, mas por intermédio de ataques pesados ao senador Marconi Perillo. A leitura dos seus artigos indica que eles preferem desqualificar o adversário a entrar no mérito das questões levantadas por eles. E desqualificam com truculência, batendo com força e usando uma linguagem que deve chocar os leitores do DM, na medida em que o jornal cede espaço para que articulistas com pouca representatividade utilizem de linguagem pesada para se referir a um político, Marconi, que não está participando da discussão. Eles acham, por exemplo, que, se Carlos Alberto Leréia ou Pedro Azulão Jr. fazem algum comentário, é só porque Marconi ordenou. Eu, particularmente, considero que essa estratégia contraria o compromisso que o próprio DM estabeleceu em editorial de primeira página, quando disse que recusaria a publicação de artigos com agressões gratuitas a quem quer que seja – e é justamente o que os articulistas do PMDB estão fazendo com Marconi.

Os artigos peemedebistas começam invariavelmente desqualificando o autor do texto rival e vão em frente dizendo que são todos pau-mandados de Marconi e que Marconi é o pior governador que Goiás já teve, ladainha que é repetida cansativamente. Não formei ainda a minha convicção sobre as responsabilidades pelo caso Celg, mas, na polêmica pelas páginas do DM, estou convencido de que o PSDB está levando a melhor. O motivo é simples: palavrório à parte, os artigos que defendem Iris e Maguito simplesmente não apresentam resposta para as dúvidas suscitadas com competência pelos artigos supostamente atribuídos ao PSDB. Não respondem, só atacam. Confirmando a minha opinião, o jornal Tribuna do Planalto, tradicionalmente hostil a Marconi, também avaliou a polêmica pelo DM e deu em manchete que o senador tucano levou a melhor, pelos mesmos motivos que aponto aqui.

Recentemente, assistimos a uma bela polêmica nas páginas do DM. Os deputados Nilo Resende e José Nelto debateram com inteligência e respeito mútuo a propósito do funcionalismo público. Para Nilo, Iris sempre perseguiu e vai continuar perseguindo os servidores, enquanto para José Nelto isso nunca aconteceu e, antes pelo contrário, Iris sempre apoiou e vai prosseguir apoiando a categoria. Tivemos a oportunidade de ler vários artigos, cada um defendendo o seu ponto de vista, com serenidade e alto nível – que é o que o leitor do jornal merece.

É necessário que os polemistas de Goiás aprendam uma regra sobre como debater: não adianta desqualificar o adversário, o que importante é contrapor o seu argumento. Desqualificar o adversário jamais será boa dialética porque mostra má fé, no sentido de que se tenta vencer o debate apelando para golpes baixos contra o opositor e não apostando na força superior das ideias e das opiniões fundamentadas em fatos. E não é possível também baixar o nível, na tentativa de desclassificar com palavras chulas o antagonista. O bom debate é o de uma inteligência contra outra inteligência.

Luiz Faleiro é gestor municipal, graduado em Administração e MBA em Marketing pela Uni-Anhanguera

Nenhum comentário:

Postar um comentário