sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Quem é o traidor?

Diário da Manhã

Governador faz defesa de secretário
Ao entregar benefícios à população, Alcides endossa críticas de Braga. “Braga não mente. É um homem sério”

Em mais um episódio da crise entre o governo e o PSDB, o governador Alcides Rodrigues (PP) recorreu a metáforas para explicar o fato de ter sido vice-governador por oito anos e só agora reclamar do suposto endividamento causado pelo seu antecessor, Marconi Perillo (PSDB). “Eu já vi muitos casos em que marido e mulher vivem juntos e de repente um descobre alguma peraltice do outro. Então, o fato de estarem juntos não quer dizer que saibam de todos os fatos”.

Ao participar da entrega de cheques reforma, cheques moradia e da assinatura de contratos para construção de unidades habitacionais que vão beneficiar lavadores de carro da praça Tamandaré, Alcides disse que concorda com os ataques feitos na quarta-feira pelo secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga, contra Marconi. Na ocasião, Braga acusou o senador tucano de “mentiroso de mão-cheia”, “ator nato” e “manipulador” por tentar convencer a população que ele não deixou deficit de R$ 100 milhões para o sucessor, conforme sustenta o próprio governador.

“Tenho dito constantemente que herdamos um deficit mensal de R$ 100 milhões e, com muito trabalho e muita desenvoltura, conseguimos superar. Conseguimos zerar esse deficit e agora estamos aplicando esses recursos em todas as áreas e em todas as regiões de Goiás”, afirma Alcides, que defende o secretário dizendo que todas as acusações feitas podem ser corroboradas por dados que correspondem às contas públicas. “O secretário Braga não mente. É um homem sério e tem dados que corroboram o que disse. Ele tem dito que todos os documentos e papéis estão à disposição de quem quer que seja. É um homem sério e zeloso pelo poder público.”

Na solenidade, realizada no Palácio das Esmeraldas, o governador disse estar “feliz” em poder cumprir promessas firmadas em campanha. E, no seu discurso, lembrou das dificuldades encontradas no começo do mandato e da reforma administrativa posta em prática por ele a partir de novembro de 2007, que extinguiu 22 pastas e determinou o corte de parte dos nove mil comissionados.

“Temos que enfrentar de frente as crises, às vezes, calado, mas com coragem. No início do mandato, enfrentamos conflitos, dificuldades. Um deficit mensal de R$ 100 milhões que tirava o sono de todos nós. Fizemos a reforma administrativa, conseguimos zerar o deficit e investir. A reforma administrativa foi uma vacina para enfrentarmos os problemas. Quando a crise internacional chegou a Goiás, estávamos vacinados, sentimos menos que os outros Estados e fomos um dos primeiros a sair da crise. Agora, podemos reverter isso em investimento.”

Laudeni Lemes

A secretária extraordinária e suplente de deputada estadual, Laudeni Lemes (PP), afirmou que “pedir CPI contra o secretário da Fazenda é dar um tiro no pé.” A ex-tucana condenou a ação de deputados do PSDB pedirem questionamento judicial sobre as afirmações de Braga, reparações por danos morais e propor à Assembleia Legislativa uma CPI do deficit deixado pelo governo de Marconi Perillo. “Pedir CPI contra Braga é um tiro no pé. Eles (deputados federais Raquel Teixeira e Leonardo Vilela) foram secretários nos mandatos anteriores. E houve problemas também, fortes rumores, indícios de coisas ilícitas. Não estou afirmando, mas que houve, houve.”

A pepista buscou atingir o partido culpabilizando Leonardo Vilela pela obra inacabada do Centro Cultural Oscar Niemeyer. “Aquilo é uma decepção. Quando chove, molha lá dentro. Tenho certeza que Niemeyer está decepcionado”. Laudeni declarou que é um direito do PSDB realizar uma CPI, mas aconselhou: “Quanto mais mexerem, pior vai ficar”. A deputada disse que o melhor a se fazer, em momento de tantas discussões, é “cada um cuidar do seu trabalho. Tenho certeza que Alcides e Braga não estão fazendo política nesse momento. Estão buscando é diminuir dívidas e equilibrar as contas públicas”. Quanto aos números levantados por Braga, salientou: “Como não tratar desses números, se ele é secretário da Fazenda? Ele precisa falar de números, e isso incomoda muita gente. É obrigação do Estado mostrar isso à sociedade.”

Fipe

Questionada se os números apresentados pelo relatório da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) não estão corretos, como alegou Braga, a pepista discordou. “Não posso dizer que a Fipe não está dizendo a verdade. Eu acredito no secretário. Tenho convicção de que é um trabalho técnico, profissional, sem nenhuma questão política”. Laudeni afastou a possibilidade de que o secretário da Fazenda possa ter agido com intenção de alavancar candidatura. “Ele nunca se ofereceu a ser candidato. Ele não discute política, nunca o vi discutindo política. A competência dele incomoda, a ponto de pensar que é uma questão política. Mas não é. É uma questão de responsabilidade.”

Laudeni afirmou que nos melhores Estados existem dívidas e em Goiás não seria diferente, mas disse que Alcides tem equilibrado as dívidas. “Na condição de acadêmica, fico muito feliz em ver a democracia na sociedade. Alcides é transparente, faz tudo corretamente. Inicia obras e termina. Não persegue ninguém. Paga tudo que o deve. E não está tratando de questões políticas, mas administrativas”, enfatizou.

“Tenho dito que os números não mentem. Mas a oposição não quer ouvir a verdade. Braga é uma pessoa honesta, tem uma equipe super profissional na secretaria da Fazenda, tem trabalhado bastante e dedicado muito do seu tempo. Tenho certeza que esses dados são verídicos. Acontece que o culpado não quer ser encontrado”, afirmou.

Pelo Twitter, Marconi comenta declarações de pepista

O senador Marconi Perillo (PSDB) comentou ontem, via Twitter, as críticas que recebeu do secretário estadual de Fazenda, Jorcelino Braga (PP). “Muitas vezes, pessoas inexpressivas e inescrupulosas utilizam-se de seu ‘poder’ (efêmero) e arrogância para encobrir as próprias fragilidades”, escreveu. O tucano ainda falou sobre inveja. “São seres desprovidos de caráter e com história de vida questionável, que se alimentam, diuturnamente, de ódio, inveja e intolerância.”

Marconi aproveitou ainda para agradecer o empenho dos deputados federais Leonardo Vilela, Raquel Teixeira e Carlos Alberto Leréia em sua defesa. “Agradeço a Leonardo Vilela, Raquel Teixeira, Carlos Leréia e ao PSDB por rebaterem grosserias e leviandades atiradas contra a minha pessoa.”

Goulart

O deputado estadual Daniel Goulart (PSDB) afirmou que Braga é desequilibrado e não sabe conviver com a verdade. “Braga é um marqueteiro de primeira, arquitetou um plano, criou um clima de terra arrasada para aparecer como o salvador da pátria. É um desequilibrado que não sabe conviver com a verdade”. Goulart, que assim como os deputados federais Raquel e Leonardo, irá requerer ação judicial por danos morais pelos ataques feitos por Braga, rebateu as classificações feitas pelo secretário. “Ele me chamou de marionete, mas marionete é ele. Tenho um mandato, não tenho chefe. Ao contrário dele, que nunca teve mandato, mas tem um chefe.”

O tucano alfinetou a afirmação feita por Braga de que não tem intenção de disputar eleições e é apenas um jogador no banco de reservas. “Se Braga continuar desequilibrado e irresponsável, não vai ficar nem no banco de reservas”, disse. “Ele foi desmentido pelo Oton (Nascimento, secretário de Planejamento) que já afirmou que o deficit deixado pelo governo levava em consideração todas as demandas sociais. Por exemplo, se havia uma avenida a ser finalizada, as outras avenidas que também precisavam ser terminadas eram contadas como deficit”, disse.

Goulart afirmou que seu celular está grampeado devido às investigações que tem feito ao governo. “Grampearam meu celular para descobrirem se as pessoas que têm o mesmo sobrenome que o meu e estão na política são meus parentes. Isso porque tenho investigado o governo.”

Leonardo Vilela volta a rebater acusações contra tucanos

O presidente do PSDB goiano, deputado federal Leonardo Vilela, rebateu ontem as acusações feitas pelo governador Alcides Rodrigues (PP) à gestão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Alcides endossou afirmações do secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), que, na quarta-feira, voltou a culpar o governo tucano de ter deixado um deficit de R$ 100 milhões nas contas do Estado. “Nós desconhecemos qualquer deficit. Aliás, o governador tinha conhecimento das finanças do Estado uma vez que assumiu o governo seis meses antes das eleições e, nesse período, enviou balancetes trimestrais assinados por ele à Assembleia Legislativa, mostrando as finanças do Estado.”

Para Vilela, a história do deficit é fantasiosa. “O governo fala que investiu entre R$ 700 e R$ 900 milhões, o que é absolutamente contraditório com a história de deficit”. Reiterou que o partido acionará judicialmente o secretário da Fazenda para provar as acusações. “Discordamos absolutamente do secretário da Fazenda e vamos acioná-lo para que ele responda na Justiça as acusações levianas e falsas que fez contra o senador Marconi Perillo”, reafimou.

CPI

Na quarta-feira (20), o partido divulgou nota oficial na qual refuta as acusações feitas por Braga e sugeriu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia para investigar as contas do Estado no período de 15 de março de 1991 a 20 de janeiro de 2010. A deputada federal Raquel Teixeira (PSDB) concedeu entrevista em nome do partido. “Não adianta xingar as pessoas sem ter dados comprovados”. Raquel disse ainda que protocolou, em maio de 2009, na chefia de gabinete de Braga, solicitação dos dados que comprovariam o deficit, mas até hoje nada recebeu.

O deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) também divulgou nota. “Vou procurar o Ministério Público mais uma vez para que investigue as irregularidades do secretário”, afirma.

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