terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Honor: coerência e honra!

Diário da Manhã

“Ainda é possível unir a base aliada”
Em visita ao DM, deputado diz que caminho da Nova Frente é difícil: “Os companheiros querem a união de todos”

Vice-presidente da Assembleia, Honor Cruvinel (PSDB) declarou que não é impossível a base continuar aliada. Em visita ao Diário da Manhã, ele disse que o PSDB nunca faltou com o apoio ao governador Alcides Rodrigues (PP). Falou, ainda, que acredita que o senador Marconi Perillo (PSDB) será o novo governador de Goiás. “Não é só porque eu acredito, mas é porque pesquisas que estão sendo feitas mostram que ele ocupa o primeiro lugar com certo distanciamento dos outros pré-candidatos.” Ele comentou sobre a administração de Marconi enquanto governador do Estado e afastou a possibilidade de haver hostilidade entre tucanos e pepistas.

Diário da Manhã – Quais as perspectivas para 2010? O senhor vai sair candidato?

Honor Cruvinel – Eu sou candidato. Em momento nenhum vacilei que não poderia ser candidato. Vou me reeleger a deputado estadual com a ajuda dos meus amigos, dos meus eleitores que não são poucos no Estado inteiro. Tenho tradição, dentro do meu partido. Fui vereador em 1992 pelo PSDB. Em 1996, outra vez pelo PSDB. Em 1998, fui candidato com o então deputado federal Marconi Perillo. Ele foi eleito governador, eu fui eleito deputado estadual. Depois fui eleito sucessivamente com o Marconi em sua eleição de governador, e depois na eleição do doutor Alcides Rodrigues. Portanto, não tenho por que reclamar de nada e nem duvidar que serei eleito este ano.

DM – Como está a situação dos tucanos na Assembleia depois da crise na base aliada?

Honor – A Assembleia há muito tempo reflete a situação que chamo de anormal que tivemos aqui em Goiás. A Assembleia não tem oposição. Eu fui líder do Marconi e sei o que é enfrentar a liderança de um governo quando você tem uma oposição acirrada na Assembleia. Desde a posse de Alcides, como todos aqueles já que tinham pretensão de lançar suas pré-candidaturas, começaram a namorar o governador. E esse namoro tem se prolongado, de maneira que tem um vácuo muito grande na Casa com relação à oposição. Quem foi eleito para fazer oposição realmente não desempenha o papel que o povo deu a eles como responsabilidade. Então é muito mais fácil hoje a condução dos trabalhos. Alcides não teve dificuldade nenhuma no Legislativo até hoje. E o PSDB, que até pouco tempo era a maior bancada, também nunca faltou com apoio à governabilidade durante esse período todo. Nós sabemos que temos responsabilidade na eleição e na administração atual e estamos respondendo a esse compromisso feito com o povo goiano.

DM – E mesmo depois desse racha, entre Alcides e Marconi, o PSDB não teve um ou outro integrante que ficou mais hostil em relação ao governo?


Honor – Não, não chamo de hostil. Mesmo tendo a governabilidade, é provável que em alguns momentos a bancada ache que é preciso realmente manifestar, dar uma demonstração de que ela está viva, atuante e vigilante. Não foi nada além disso. Nós não deixamos de forma alguma que nenhum projeto do governador não fosse votado no tempo e momento que era preciso ser votado.

DM – O senhor acredita hoje que Marconi se reelegerá mais uma vez a governador de Goiás?

Honor – Não há o que discutir. Acredito piamente que o novo governador de Goiás vai se chamar Marconi Perillo. Mas não é só porque eu acredito, é porque vejo as pesquisas que estão sendo feitas e colocadas, em que ele ocupa o primeiro lugar com certo distanciamento dos outros pré-candidatos. Claro que nós entendemos também que pesquisa reflete um dado momento. Mas é bom que nesse momento nosso pré-candidato esteja distanciado dos outros. O povo de Goiás e o Estado realmente desenvolveram muito no governo do Tempo Novo. O povo reconhece nele (Marconi) uma pessoa trabalhadora, inteligente, ousada, que pode, sendo eleito governador, promover desenvolvimento ainda maior para Goiás.

DM – E como o senhor vê a Nova Frente encabeçada pelo governador Alcides? O senhor acredita que ela irá emplacar?

Honor – Até agora tenho visto com muita dificuldade qualquer iniciativa que possa culminar em candidatura nessa via. Para mim, é indiferente chamar de primeira, segunda ou terceira via. Vejo com dificuldade porque as pessoas que são colocadas até agora como candidatas na terceira via, todos têm compromissos, suas eleições praticamente asseguradas para as funções que desempenham agora. Penso que, daqui até o mês de abril, achar uma candidatura que possa realmente ocupar um espaço importante, ter densidade eleitoral, ter facilidade de comunicar com o povo, será difícil. Impossível não é. Assim como não é impossível a base continuar aliada.

DM – Mas o próprio Alcides já deixou claro que não tem como voltar atrás. A base está rompida. Mostra isso quando se aproxima de Iris Rezende (PMDB) e quando junta um grupo para disputar as eleições contra vocês.


Honor – Você já imaginou algum dia que o PT podia se aliar ao PMDB numa eleição em Goiânia? 25 anos de oposição ao governo de Iris Rezende. Hoje eles não têm um vice do próprio PT e não conseguem fazer uma administração razoável? Então, política não tem isso de impossível. Sempre trabalhei para que a base continuasse unida e é o sentimento que vejo onde realmente vou atrás dos meus companheiros, das minhas lideranças. E o sentimento da base e de todos esses partidos é o de que nós precisamos continuar unidos.

DM – O senhor acha que a cúpula pepista demonstra ressentimento com os tucanos?

Honor – O que demonstram são pensamentos que acabam predominando em quem está acompanhando os momentos políticos de Goiás, que não conseguem ter uma outra explicação para que nós, que realmente estivemos na trincheira do Tempo Novo, estivemos na trincheira que elegeu o nosso governador Alcides Rodrigues, conseguimos ter uma outra explicação.

DM – O que o senhor pode dizer de discrepante entre o governo Marconi e Alcides?


Honor – O campo da determinação e da ousadia. Marconi, quando foi eleito, conseguiu primeiro em Goiás a política de desenvolvimento que suscitou a admiração do Brasil como um todo. Um governador sem experiência, que foi eleito numa determinada situação, herdou um governo que não tinha nem banco: o Banco do Estado de Goiás (BEG) tinha sido federalizado. Mesmo assim, ele fez uma reforma administrativa, conseguiu fazer uma política de desenvolvimento importante para Goiás e ainda criou uma série de programas de distribuição de renda que são exemplos pra Goiás e para o Brasil inteiro. Eu, que fui secretário de Cidadania e Trabalho, recebi aqui várias delegações de outros Estados vindo para Goiás ver a política de distribuição de renda colocada para funcionar no governo de Marconi.

DM – Mas e o governo Alcides?

Honor – O governo Alcides é um governo que teve como objetivo ajustar o Estado, criar condições pra que o Estado possa se desenvolver outra vez. Teve trajeto que pôde mostrar que ele tem realmente o seu valor. Alcides é uma pessoa seríssima e comprometida e não teve as facilidades que o Marconi encontrou na época.

DM – Mas o senhor falou que o Alcides pegou o Estado e precisou dar uma parada pra reorganizar e começar a desenvolver. Tem algum momento em que o Estado esteve estagnado?

Honor – Ele não pegou o Estado estagnado.

DM – Mas ele teve que reestruturar?

Honor – Quando Marconi passou o governo para Alcides, as principais coisas que a gente cobra de governadores anteriores estavam em dia. Salários dos servidores estavam em dia, programas sociais estavam em dia. O que é que não estava em dia? Que estava estagnado?

DM – Mas e o deficit?

Honor – Nunca vi alguém que me desse uma documentação e falasse: “Olha aqui, esse aqui é o deficit!” Essa história de falar que é só ir ao Ministério Público, à Secretaria da Fazenda (Sefaz), ao Tribunal de Contas do Estado, isso é um jogo do campo político. O que a gente precisa é materializar, é pegar e mostrar o deficit. Até hoje, também nunca vi Estado em que quem foi eleito conseguiu pegar o Estado com tudo direitinho, muito dinheiro em caixa para ele. Quando o Iris pegou o Estado, não falou que tinha uma dívida de R$ 250 milhões de herança do governo do Pedro Wilson? Tem que haver entendimento entre as pessoas que trabalham com administração pública de que o superavit é o sinal de que o governo arrecadou em dinheiro o que não precisava ser arrecadado, enquanto o deficit é o de que ele usou e aplicou até mais do que era a demanda da sociedade.

DM – Em relação a 2010, temos ouvido conversas sobre comissão que quer se unir ao PMDB para formar frente ao Marconi. O senhor acredita que, com isso, a eleição ficaria mais acirrada?

Honor – Em política, você não pode fazer uma frente sem saber se a base vai acompanhar. Esse é o grande problema. Se fosse fácil, a aliança já estava feita, não tenha dúvida. O que estão tentando fazer aí realmente é uma coisa que está preocupando muita gente. E acordo de cúpula, quando tem que explicar muito, é sinal de que a base não vai entender nada ou não vai acompanhar. Aí não interessa se ele vai fazer a união da cúpula. Então, precisa ter entendimento.

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