quinta-feira, 25 de março de 2010

Aparecida: caos na saúde!


 


CIDADES

Usuários chegam de madrugada e mesmo assim são obrigados a enfrentar fila para conseguir atendimento médico no Pronto-Socorro da Região Central de Aparecida

Fila da saúde dobra o quarteirão
Pacientes do pronto-socorro do centro de Aparecida têm de chegar de madrugada para conseguir atendimento

Adriano Marquez Leite

A rotina de quem depende de atendimento médico em Aparecida de Goiânia começa cedo – antes mesmo do amanhecer. Para garantir o primeiro lugar na fila dos pacientes do dia e, com isso, uma consulta médica, alguns moradores do município chegam ao Pronto-Socorro da Região Central da cidade pouco antes das 2 horas. Quando o sol nasce, a fila já está fazendo volta no quarteirão.

São adultos, mas também idosos e às vezes até crianças que passam praticamente toda a noite no sereno. Como não têm condições de pagar um plano de saúde, dependem do atendimento público, conforme relataram algumas pessoas que passaram a madrugada na fila do Pronto-Socorro da Região Central de Aparecida, na madrugada de ontem. A reclamação geral é que a situação chega a ser humilhante.

São inúmeros os casos de esforço de doentes que ficam a noite na fila para garantir atendimento ou de gente que precisa ficar horas aguardando para pegar senha de consultas para parentes e amigos que não têm condições de enfrentar a maratona de espera na porta do pronto-socorro. E, segundo os moradores, o mesmo se repete em diversas unidades de saúde espalhadas no município.

José Victor da Costa teve sorte e esperou só quatro horas

ESPERA

O pedreiro José Victor da Costa, de 48 anos, apresenta fortes dores na coluna e chegou às 7h20 de ontem ao pronto-socorro. Quatro horas depois, José foi atendido, “graças a um pouco de sorte”, já que muitos conhecidos fizeram o mesmo e não foram recebidos por um médico. Perderam a viagem, o tempo, dinheiro e continuaram doentes, explicou o pedreiro.

Ontem, José acabou deixando o posto às 13 horas mas porque implorou que fizessem os raios X que precisava ainda no dia. “Queriam que eu retornasse na semana que vem para continuar com os exames. Mas conheço a situação daqui. Tem gente que pega a senha em um dia, volta na outra semana para atendimento, na outra para exames e até receitarem um remédio já se passou o mês”, disse.

O mesmo se repete em outras unidades de saúde, como o Posto do Residencial Santa Luzia, afirmou o pedreiro. Lá, a espera é tão longa quanto no pronto-socorro. “Fica abarrotado de gente. Todo mundo reclama”, diz.

Em agosto do ano passado, o POPULAR mostrou que Moradores do Jardim Nova Era tiveram dificuldades de atendimento no Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) do setor por falta de médicos. Quem estava passando mal precisou aguardar por várias horas até aparecer um médico. À época, a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida (SMS) informou que o problema ocorreu porque profissionais do Cais foram remanejados para outros postos de atendimento, que estavam em situação ainda pior.

TELECONSULTA

Está em negociação o início da operação, a partir do mês que vem, do sistema de marcação de consultas pelo telefone, conhecido como teleconsulta. Com isso, quem precisar de atendimento eletivo poderá agendar a visita ao médico sem sair de casa e terá horário marcado para realizar exames.

A previsão é de que o serviço funcione todos os dias da semana e quando toda a estrutura tiver sido montada, será feita uma campanha de divulgação dos telefones para os interessados em fazer o agendamento tanto para as unidades básicas de saúde, que contarão com pediatra, clínico geral e ginecologista, como para o Centro Médico Especializado, onde médicos de outras especialidades farão o atendimento.

De acordo com a superintendente de atenção integral à saúde da SMS, Márcia Gasparini, o novo modelo de gestão acabará com as filas e humanizará o atendimento de saúde à população. Outro ponto positivo apontado por Márcia é que, pela primeira vez, a prefeitura terá conhecimento real da demanda e oferta dos serviços de saúde do município. Atualmente, não se sabe se a quantidade de médicos que presta serviços na cidade é suficiente para a quantidade de pacientes que procuram por atendimento.

Com isso, situações como a vivida pela dona de casa Nilza Gomes de Oliveira, de 43, devem acabar. Ela teve de chegar às 3h30, em plena madrugada, para tentar atendimento para ela e a filha, de 16 anos. Para Nilza, a teleconsulta vai ser ótima, desde que “saia da promessa”.

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