quarta-feira, 24 de março de 2010

CELG: Que os culpados paguem!





ARTIGOS
Humberto Aidar *

CPI da Celg: pizza, não

No Brasil quando se fala em criação de uma CPI, a primeira coisa que vem à mente das pessoas é “vai dar em pizza”. O brasileiro acostumou-se a não ver resultados nesse tipo de investigação, até porque as CPIs se especializaram em promover apurações político-eleitorais. Quando a Assembleia Legislativa criou a CPI da Celg, ouvi de quase todo mundo que seu destino seria o mesmo.

Apesar do pessimismo, trabalhamos na CPI da Celg com muito empenho e a colaboração eficiente do TCE, da Fipe, assessores da casa, do presidente Hélio de Souza e demais companheiros parlamentares. Foram 200 dias debruçados sobre as investigações, números e depoimentos. Além de trabalharmos para desmistificar essa máxima sobre CPI, encontramos pela frente outro desafio, o de tirar a imagem pré-estabelecida de que esta comissão tinha uma finalidade político-eleitoral.

Acredito que conseguimos fechar um relatório estritamente técnico, produzido a partir de números oficiais e fatos históricos. Relatório que mostra claramente que a Celg está nesta situação falimentar por culpa de má gestão de muitos dos seus administradores nos últimos 25 anos. Uns com mais e outros com menos culpa. Mas todos deram suas parcelas de contribuição para essa dívida monstruosa que a empresa acumulou. O que fizeram com a Celg deve servir de case para cursos de administração e gestão pública e privada em universidades. Foi uma lição de como não se deve administrar uma empresa.

A CPI da Celg cumpriu seu papel fiscalizador e abriu à sociedade, de forma transparente e democrática, a vida financeira da Celg. Aqueles que esperavam uma enorme pizza tiveram como resposta um relatório técnico. Fizemos um raioX de tudo que aconteceu de errado na empresa, sem a preocupação de inocentar ou acusar este ou aquele governo. Cumprimos com o nosso dever sem a tradicional pirotecnia que caracteriza muitas CPIs. O resultado está aí, para que Goiás tome conhecimento e as autoridades do Ministério Público e Poder Judiciário busquem os meios legais para punir aqueles que colaboraram para dilapidar um dos nossos maiores patrimônios. Esse resultado deve servir para que Goiás compreenda melhor o que aconteceu com a Celg, e, a partir daí, providências sejam tomadas para que aberrações administrativas como as que aconteceram com a empresa jamais se repitam. Quanto à punição dos responsáveis (ou irresponsáveis) já não é mais da alçada da Assembleia.

* Humberto Aidar é deputado estadual (PT), relator da CPI da Celg.

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