quarta-feira, 24 de março de 2010

Livros descartados!

 



Editorial

Livros no lixão

Constitui grave crime contra a cultura e a educação o que aconteceu na cidade de Iporá: o descarte de milhares de livros didáticos, enciclopédias e dicionários, entre novos e usados, no lixão da cidade.

De acordo com denúncia feita aos vereadores do município, todo o material bibliográfico descartado, e lançado onde já estavam depositados outros dejetos, pertenceria à Subsecretaria Estadual de Educação da Região de Iporá, responsável por escolas de nove municípios. Este desperdício tem de ser apurado por meio de uma investigação muito rigorosa.

Causa espanto que valiosas enciclopédias e até livros didáticos do Programa Acelera Brasil, parceria do Ministério da Educação com o Instituto Ayrton Senna, estejam entre as obras descartadas de modo tão insólito e absurdo. Mencione-se ainda o fato de que grande parte do estoque de livros descartados estava cheirando a novo.

O grande poeta Castro Alves saudou os livros como instrumento de libertação do ser humano em um antológico poema: “Ó! Bendito o que semeia livros... livros à mão cheia e manda o povo pensar! O livro caindo n’alma é germen – que faz a palma, é chuva – que faz o mar”.

No Brasil, não obstante muitas campanhas pela disseminação do livro, ainda se lê bem menos do que seria desejável. Como aceitar que, diante dessa circunstância, tão inominável grau de ignorância continue provocando coisas como esse descarte de livros no lixão?


COMENTÁRIO DO JOÃO AQUINO

O município de Iporá é emblemático na cultura goiana. Lá deram os primeiros passos grandes poetas, escritores e intelectuais goianos, para citar dois amigos pessoais, falo de Pio Vargas, já falecido e Edival Lourenço, vivíssimo e produzindo com qualidade invejável e que, por ironia do destino, é presidente da União Brasileira de Escritores - Seção de Goiás - e também lanou recentemente o livro O Elefante do Cego.

Não é caso de fazer piada, aliás, para que ama a literatura, o que fizeram em Iporá é caso de copiosas lágrimas; porém, quem ordenou o descarte de 12 MIL LIVROS NUM LIXÃO é um cego de ignorância paquidérmica.

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