IRIS OU MARCONI
Afonso Lopes
Pode nem ter segundo turno
Prefeito de Senador Canedo, o empresário Vanderlan Vieira trabalha terceira grande candidatura, mas Iris ou Marconi pode ganhar já no primeiro turno
Tudo aponta para eleição épica esta deste ano. Daquelas que pelo menos uma geração inteira irá relembrar ao longo dos tempos. A confirmação da candidatura do ainda prefeito Iris Rezende e a sempre esperada e confirmadíssima candidatura do senador Marconi Perillo retocam os contornos daquela que será a mais empolgante e disputada eleição da história de Goiás. Jamais, em tempo algum, duas lideranças tão expressivas eleitoralmente se enfrentaram nas mesmas condições em que Iris e Marconi estão colocados. Ambos no auge. Ambos com vontade. Ambos decisivamente candidatos e com chances praticamente iguais. E Vanderlan Vieira (PR), prefeito de Senador Canedo, que trabalha para entrar no meio desse choque eleitoral de colossos? Pode ser, pode não ser.
As dificuldades de inserção de Vanderlan no meio dessa disputa entre Iris e Marconi são evidentes e inegáveis. Não há muitos pontos realmente importantes e decisivos de apoio. Seu partido, o PR, é médio. A militância e lideranças republicanas não são coesas. Seu alcance pessoal é ainda uma enorme dúvida. E o apoio, se vier, do Palácio das Esmeraldas não será fator determinante por causa das ainda enroladas manifestações e ações políticas desencadeadas dentro do governo ao longo dos últimos anos. Enfim, o que há favorável a Vanderlan? Pouquíssima coisa.
É óbvio que todas essas dificuldades atuais poderão, ou não, serem superadas ao longo da campanha. Vanderlan tem, teoricamente, um bom perfil para o confronto com Iris e Marconi. Principalmente numa linha cravada de contraditório. Os dois são lideranças políticas, experientes em disputas eleitorais e, portanto, conhecidos pelos eleitores. Vanderlan é um ilustre desconhecido. Suas empresas, entre as quais se destaca uma fábrica de salgadinhos, a Mico’s, dá nele de 10 a zero em popularidade. Tanto que na primeira de suas até hoje duas únicas eleições que disputou, em 2004, adotou o nome de Vanderlan da Mico’s.
Para os adeptos da candidatura do prefeito de Senador Canedo, uma cidade que somente agora procura se livrar da condição de dormitório de Goiânia, esse desconhecimento dele pela população é um fator positivo. Pode ser trabalhado como o “novo” durante a campanha. É, pode ser sim, mas até onde a população quer algo que não conhece? Até agora, conforme todas as pesquisas feitas por variados institutos, os goianos estão divididos praticamente meio a meio entre aqueles que conhecem muito bem, tanto nos acertos quanto nos erros: Marconi e Iris.
Historicamente, também não se encontra nada que sirva de alento a Vanderlan. Desde a redemocratização do Brasil, em 1982, jamais um empresário venceu as eleições para o governo. Particularmente, em 1990, um empresário muito mais e melhor conhecido, oriundo de uma capital política, Anápolis, Luiz Antonio de Carvalho, dono de um ótimo discurso, naufragou completamente. Vá lá que ele era candidato do PT, partido que naquela época estava longe de exibir a musculatura nacional que a Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva desenvolveu. Mas aqui se analisa o efeito “novo” e o “empresário bem sucedido”. Nenhum deles deu certo naquela eleição.
Bem, mas Vanderlan poderá sair numa outra faixa, diferente daquela de Luiz Antonio na década de 1990. Isso é verdade. Caso seja confirmado como candidato, o dono da Mico’s vai poder contar, provavelmente, com o apoio palaciano e com alguns partidos médios. O problema é que sua missão será superar pelo menos um dos dois grandes favoritos: Marconi ou Iris. Se ele irá conseguir ou não, somente será possível saber depois, mas aí também será muito tarde para arrependimentos se a coisa sair errada. Por enquanto, nenhuma análise poderia ser diferente dessa que aí está.
Quanto a Marconi e Iris, pode-se recorrer às pesquisas ou não para observar o que eles representam dentro das perspectivas da eleição deste ano. Todos os levantamentos mostram que ambos estão neste momento com chances praticamente iguais. Neste caso, não é nem empate técnico, como costumam dizer os institutos de pesquisa. É empate mesmo, nas arquibancadas e no placar.
E olha que existem pesquisas para todos os gostos e, dizem, até para todos os bolsos. Certamente, essas últimas aí fazem parte do folclore de maldades que a política sempre carrega em cada eleição. Ou não, vai saber. As duas mais recentes pesquisas publicadas, Verus e Fortiori, mostram resultados não apenas conflitantes como divergentes em relação aos demais institutos, como Serpes, Ecope e Ibope. Questão de bolso? Claro que não. Os porcentuais sofrem alterações mesmo. Não há nada mais efêmero do que uma pesquisa. Essa volatilidade é tão grande que no momento em que alguém lê as informações sobre os porcentuais de um levantamento estatístico como esse, já está observando algo velho e superado.
Mas não totalmente, é claro. As pesquisas são um instrumento extremamente poderoso para se avaliar situações de momento na política. E registram, ao longo do tempo em que são realizadas, uma tendência, oferecendo assim informações decisivamente importantes.
Independentemente dos números e porcentuais deste ou daquele instituto, há um fator absolutamente comum em praticamente todas as pesquisas feitas até agora: a polarização entre Iris Rezende e Marconi Perillo é absoluta, sem qualquer espaço para erros de interpretação, na coleta de opiniões ou na metodologia empregada. Verus e Fortiori, embora com números diferentes entre si — o Fortiori indica liderança de Iris, ao contrário de todos os demais institutos — igualmente registram essa polarização, já identificada anteriormente em outros levantamentos.
Não há, portanto, informação mais relevante do que essa: a não ser que todos os institutos tenham errado toscamente em todas as pesquisas que fizeram, a disputa entre Iris e Marconi será intensa, eletrizantes e poderá ser decidida nos detalhes. Nos pequenos erros ou acertos de campanha.
O que isso significa? Que, neste momento, e até que algo muito diferente aconteça, é grande a possibilidade de a eleição em Goiás ser decidida no primeiro turno, apesar da possível candidatura de Vanderlan Vieira. E não há qualquer favoritismo. Iris ou Marconi tem plenas condições de vencer esta que deverá ser a maior, mais emocionante e empolgante eleição da história de Goiás. Será um privilégio para todos os goianos atuais viverem esse momento épico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário