quarta-feira, 31 de março de 2010

Cadê o poder público?


 


Editorial

Mazelas penais

A liberação de 240 presos da Casa do Albergado, no Jardim Europa, a fim de que as vagas sejam ocupadas por detentos do regime semiaberto do complexo penitenciário de Aparecida de Goiânia, foi uma decisão judicial justificada como inevitável e única saída.

É procedente, no entanto, o temor dos moradores do Jardim Europa e bairros vizinhos em relação à segurança na região. A Polícia Militar prometeu reforçá-la e tem de cumprir a promessa com total rigor. Os moradores não têm culpa na formação das mazelas penais.

A precariedade das instalações do regime semiaberto é tão assombrosa que muitos detentos do regime fechado que aguardam liberdade condicional e que poderiam assim receber o benefício da transferência para o semiaberto preferem ficar detidos em tempo integral.

Em uma situação tão degradante, claro que nem faz sentido a expressão reeducando para definir os detentos, pois o local em que ficam não contribui para a reeducação e para a ressocialização desses prisioneiros.

As deficiências do sistema penitenciário brasileiro atingem todos os Estados, mas em Goiás as mazelas se agravam em maior escala do que nos demais, como têm mostrado há algum tempo reportagens deste jornal. Em face disso, toda a urgência tem de ser imprimida às medidas recomendadas, que estão com atraso e algumas na verdade ainda nem foram acionadas.

A sociedade tem de cobrar mesmo as ações que estão faltando – e que dizem respeito à segurança de todos.


COMENTÁRIOS DO JOÃO AQUINO

É intrigante confrontar a realiade de Goiás, no que tange aos seviços públicos municipal, estadual e federal de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Nas propagandas oficiais, milhões de reais estão sendo aplicados; nunca neste país a educação recebeu tanto investimento; a segurança pública duplicou os recursos e tais e coisas. Mas, então por que tantas mazelas? Bairros investados pelo mosquito da dengue, com matagais amazônicos e limpeza pública deficiente; presos em cadeias superlotadas, escolas sendo invadidas por vândalos, sumiços e assassinatos sem solução, avenidas saturadas pelo trânsito e tantas outras reclamações diárias, que fica parecendo que os governos só ouvem o que querem e fazem o que lhes interessa mais politicamente, deixando as verdadeiras necessidades sociais em segundo, terceiro ou plano nenhum.

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