segunda-feira, 29 de março de 2010


 






CILEIDE ALVES

Jogo continua na prorrogação

As desincompatibilizações dos prefeitos Iris Rezende e Vanderlan Cardoso (Senador Canedo) até sexta-feira, mais a previsível candidatura do senador Marconi Perillo definem o quadro eleitoral em Goiás: serão três candidatos a governador, excluindo os partidos nanicos, certo? Quase. O encerramento do prazo para desincompatibilização habilita os candidatos à disputa, mas ainda não garante os cargos que disputarão.

Atualmente é possível afirmar com alguma segurança – não toda, pois também aqui pode haver mudanças – que Iris e o senador Marconi Perillo serão candidatos a governador. Vanderlan também está habilitado, mas sua candidatura ainda continuará em processo de construção. O prefeito de Senador Canedo entrou no páreo muito recentemente. Até um mês atrás, seu nome nem sequer aparecia entre os prováveis candidatos da base governista em Goiás.

O PR começou a construir seu nome depois de perceber em pesquisas qualitativas que há espaço para um nome novo, fora da velha polarização entre o PMDB e o PSDB. Somou-se a esse projeto a falta de alternativa dos partidos da base do governador Alcides Rodrigues.

Vanderlan poderia unir o útil ao agradável: apresentar-se como a novidade para atender à demanda do eleitor e ser o candidato que falta ao governo. Os estrategistas de sua candidatura acreditam que ele une o PP, dividido entre os fiéis seguidores de Alcides e os defensores de Marconi, casos do prefeito de Inhumas, Abelardo Vaz, e do deputado federal Roberto Balestra.

A julgar pelo envolvimento de Abelardo com a candidatura de seu colega prefeito, esse objetivo parece ter sido atingido, mas vem do próprio governador a cautela com a nova candidatura. Alcides passou o fim de semana em conversas com lideranças do PP. Durante a semana passada, evitou dar qualquer sinalização antes dessas conversas. O governador já apareceu em público diversas vezes com Vanderlan, como ontem em inauguração de casas em Senador Canedo e deve comparecer ao ato político de desincompatibilização do prefeito. Mas só ontem ele deu a declaração mais contundente pró-Vanderlan: “(Ele) tem projeto que seguramente vai defender ao lado de todos nós. Será vitorioso porque Deus gosta de quem trabalha e se esforça”, disse.

Isso indica que Vanderlan deve ser o candidato da base governista, mas que ainda falta a conclusão do processo de consolidação de sua candidatura. É bom lembrar que o tempo para definição de candidatos não terminou, já que os prazos para as convenções partidárias só se encerrarão no final de junho. Até lá Vanderlan terá de arrancar uma atitude mais explícita de Alcides.

O DEM já anunciou que só tomará sua decisão lá na frente. A direção do partido está indecisa. Ficar com Marconi não agrada o deputado federal Ronaldo Caiado, mas ele tem consciência de que o DEM precisa escolher um projeto eleitoral que favoreça a reeleição do senador Demóstenes Torres. E o histórico das eleições tem mostrado que é um candidato forte a governador que puxa a chapa majoritária e não o oposto, ou seja, que um candidato competitivo ao Senado alavanca o candidatura ao governo. Por isso o DEM vai esperar a consolidação da candidatura de Vanderlan.

Por esses motivos, PT e PMDB não perderam a esperança de chapa única da base aliada do presidente Lula em Goiás. Não por outro motivo, o PT decidiu em seu encontro regional no sábado não bater o martelo sobre sua participação na chapa majoritária do PMDB. Os petistas exigiram apenas um dos cargos majoritários, ou a vice de Iris ou uma das vagas de senador. O objetivo é manter duas vagas abertas para negociar com o PP e com o PR na hipótese de a candidatura de Vanderlan não se consolidar.

Independentemente disso, o PMDB já está pronto para deixar a prefeitura de Goiânia e entrar de mala e cuia na campanha eleitoral. O partido viveu um pesadelo por duas longas semanas desde o dia em que Iris revelou o sonho sobre sua indecisão de ser candidato a governador. O pesadelo só terminou terça-feira da semana passada, quando líderes partidários arrancaram do prefeito o compromisso de aceitar o desafio.

Esse episódio, independentemente de ter sido intencional ou não, serviu para inverter o processo que se consumava no PMDB. Até o dia do tal sonho, era Iris que queria ser o candidato e o PMDB apenas dobrava-se a seu desejo.

A partir da reunião da semana passada, é o PMDB quem quer Iris, pois precisa dele para eleger deputados federais e estaduais. Isso faz diferença, pois compromete as lideranças com sua campanha, já que seu projeto eleitoral agora é também o do partidário. Não é por outro motivo que a rebelde bancada federal, à exceção do dissidente Luiz Bittencourt, confirmou presença amanhã no ato político de lançamento da candidatura de Iris.

As jogadas de consolidação de candidaturas continuam na prorrogação do jogo, que começa com o fim do prazo para desincompatibilização e vai até as convenções, em junho. Os adversários dos tucanos, que chegaram ao final da semana passada com um jogo muito emaranhado, conseguiram se desvencilhar de seus nós e recuperar terreno. Já têm um forte candidato, o prefeito Iris Rezende, e praticamente confirmaram a candidatura de Vanderlan.

Mas é bom não esquecer que esse jogo só termina em junho.

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