terça-feira, 30 de março de 2010






Falta livro didático na rede estadual

Enquanto em Iporá milhares de livros didáticos foram jogados no lixão da cidade, há uma semana, em Goiânia faltam livros em escolas da rede estadual de educação. Prejudicados, alunos que ficaram sem material impresso para estudar reclamam da situação e do tempo gasto pelas escolas para repor os títulos que estão em falta.

Há, no entanto, um jogo de empurra entre os estabelecimentos de ensino e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). De um lado, os colégios afirmam que já fizeram pedido dos livros que estão faltando. Do outro, a Seduc explica que não recebeu esses pedidos de reposição de material didático, mas está trabalhando para resolver o problema.

Até que o impasse seja resolvido, estudantes são obrigados a dividir livros com os colegas e em alguns casos não podem sequer levar o material para estudar em casa. O clima de descontentamento atinge toda a comunidade acadêmica, desde alunos, pais, e até professores que acumulam mais trabalho, que são obrigados a administrar o clima de tensão que fica em sala de aula, já que nem todos recebem o material didático e protesta. Já houve até empurra-empurra em sala de aula porque os estudantes não entendiam porque só alguns eram beneficiados, contou uma professora que pediu para não ser identificada.

Déficit

Nas escolas consultadas pela reportagem do POPULAR, a que apresenta pior situação é o Colégio Estadual (C.E.) Pedro Xavier Teixeira, no Setor Bueno. Lá faltam mais de 70 coleções para os 8º e 9º anos. Cada coleção é composta por exemplares das disciplinas de Matemática, Português, Ciências, Geografia e História. Ou seja, há um déficit de 360 livros na unidade de ensino.

Prejudicados, alunos pedem solução imediata para o problema. É o caso de Higor Rodrigues Vieira, de 15 anos, que está no 8º ano e não aguenta mais ir para a escola sem o material didático completo para seus estudos. "Na maioria dos casos, a gente tem que dividir o livro com outro colega. É horrível. Atrapalha muito", afirmou o jovem.

No colégio, funcionários informaram que a falta de livros é decorrente da não devolução de exemplares utilizados em anos anteriores. Cada livro deve ser usado por três anos, logo, beneficiará três alunos que passarem pela mesma série. Ao final de cada ano letivo, o estudante é obrigado a devolver o exemplar para que outro colega possa utilizar o material. Quando isso não ocorre, os livros que faltam têm que ser repostos pela Seduc, que mantém uma reserva técnica justamente para esses casos - o que nem sempre é possível.

A direção do C.E. Pedro Xavier disse que já tinha feito pedido para a reposição dos livros, mas que ainda não tinha sido atendida. A Seduc rebate e explica que um e-mail foi encaminhado à secretaria ontem, apenas. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da secretaria, requerimentos como esse só podem ser feitos por meio de ofício.

Defasagem

Coordenadora do C.E. Pedro Gomes, em Campinas, Lívia Amélia de Sousa Santos explicou que a falta de livros alterou até a rotina dos professores que, agora, têm que passar quase todas as atividades no quadro para os alunos acompanharem e acabam perdendo tempo. Lá, faltam exemplares de Matemática no 6º ano e de História, no 9º ano.

Na C.E. Teotônio Vilela, no Conjunto Vera Cruz, dos mais de 800 alunos matriculados, pelo menos 30 passam pelo desconforto de não ter livros para estudar.

Pior ainda é a situação no C.E. José Lobo, no Setor dos Funcionários. Em algumas turmas, até metade dos alunos não receberam livros didáticos este ano. A situação seria mais crítica para os estudantes dos 7º e 8º anos o que levou a diretoria da escola a barganhar uma troca de livros com outras unidades, mas apareceu um empecilho: cada escola adota os livros didáticos que preferir.

Segundo a assessoria de imprensa da Seduc, o problema da falta de livros em escolas da rede ocorre principalmente por causa da falta de devolução do material didático ou, ainda, dá má conservação do que é devolvido nos colégios.

A secretaria informou que tem realizado trabalhos para orientar melhor sobre a conservação dos livros e devolução. Ainda, a Seduc lembrou que tem uma reserva técnica de livros correspondente a 3% do total de títulos requeridos pelos colégios estaduais de Goiás para reposição.

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