segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CONEXÃO!





VANDERLAN CARDOSO






Afonso Lopes 



Sozinho e sem Palácio
Quase cinco meses depois de deixar a Prefeitura de Senador Canedo, e a pouco mais de um mês da eleição, republicano está cada vez mais isolado 

A candidatura do ex-prefeito de Senador Canedo, o republicano Vanderlan Cardoso (PR), nasceu embalada num otimismo exagerado. Contra todas as evidências, ele não articulou nada, foi levado por promessas miraculosas, e deixou uma boa prefeitura e possibilidade de fácil crescimento político futuro. Vanderlan hoje está bem menor do que era antes de ser oficialmente candidato ao governo. De esperança eleitoral passou a ser um perambulante de uma campanha que jamais se alterou substancialmente. É claro que ainda falta uma boa caminhada até as urnas, e a realidade atual poderá ser bem diferente no futuro. Mas atualmente não há como não ver que a candidatura dele está no corredor à espera de um milagre.

É incrível como a candidatura de Vanderlan sai de uma crise exatamente no mesmo instante em que outra começa. Vá lá que o início sem planejamento algum indicava nessa direção, mas o quadro atual superou tudo o que se poderia naturalmente imaginar. O número de apoiadores, inclusive, é cada vez menor, e quem ainda o apoia o faz de forma tímida.

Sempre se soube que Vanderlan estava entrando em uma campanha extremamente difícil contra dois colossos eleitorais, Marconi Perillo e Iris Rezende. Teoricamente, somente uma candidatura muito bem planejada, inclusive com apurada visão histórica do processo, e fortíssimo apoio estrutural poderia, ainda que de maneira remota, buscar a construção de um caminho alternativo entre Marconi e Iris. Isso não foi sequer tentado.

A candidatura de Vanderlan Cardoso não surgiu como fruto de uma abrangente articulação política, como deveria ter sido. Ao contrário, ela nasceu como solução à deriva da falta de alternativa real. O candidato não era para ter sido ele, mas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB). Vanderlan, então, virou candidato para preencher uma vaga aberta e não preenchida. Acabou assim ocupando o vácuo político-eleitoral sem nenhuma preparação prévia.

Talvez tenha se apostado que Iris Rezende não abandonaria sua confortável posição na Prefeitura de Goiânia para disputar o governo do Estado contra Marconi Perillo. Mas no exato momento em que se percebeu que Iris não iria recuar, Vanderlan é quem deveria se recolher. Hoje, não apenas a posição dele, como o cenário eleitoral como um todo seria diferente.

De qualquer forma, se houve esse erro de interpretação inicial, não foi o único cometido até aqui. Ao manter a sua candidatura, e receber nela o carimbo de representante dos interesses políticos do Palácio das Esmeraldas, Vanderlan teria que comandar as ações do governo e da coligação que se formou ao seu redor. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. Sua candidatura foi edificada por terceiros, e se mantém dessa forma ainda agora.

Alguns decidem por ele no Palácio, outros mandam nas coligações e partidos. Ele próprio não dá pitaco em nada. Se alguém quiser resolver qualquer assunto político ou administrativo na administração estadual jamais o procurará. A mesma coisa irá ocorrer se o problema for partidário. É claro que uma campanha ao governo do Estado é evento muito grande para que um candidato decida tudo sozinho. Mas a esse candidato cabe pelo menos delegar as tarefas, indicar as responsabilidades, e todos lhe devem prestar contas dos resultados.

Compare-se a situação de Vanderlan enquanto candidato com a de Iris ou Marconi. Não é difícil ter acesso ao prefeito Paulo Garcia (PT), mas qualquer tema que possa de certa forma interessar a candidatura de Iris, naturalmente ele será consultado a respeito antes de a decisão ser anunciada. O mesmo acontece nas hostes do tucano. Com Vanderlan não tem nada disso. O Palácio faz o que acha que tem que ser feito e pronto. No PP e no PR também é assim.

Ora, como poderia uma candidatura governista acumular musculatura sem ter qualquer influência dentro do governo que ela representa? Isso simplesmente não existe. Não tem como. Chega a ser um completo absurdo imaginar outro resultado que não a desidratação que se observa a cada dia. E as más notícias estão por todo lado. É candidato que desiste — o que, no mínimo, enfraquece a chapa proporcional e compromete o quociente eleitoral —, dirigentes partidários que se metem em crises de relacionamento na coligação, desentendimentos que afloram e desânimo geral. E isso acontece de forma crescente tanto em número quanto em relevância. A última grande perda foi a de Alexandre Costa, dirigente do PP em nível nacional. Ele não apenas abandonou sua candidatura de deputado estadual como anunciou que estará reforçando o exército de Marconi. E se Alexandre falou com alguém antes de fazer o que fez, certamente esse alguém não foi Vanderlan.

E agora, ainda existe conserto? Certamente, não. Vanderlan pode até disparar na campanha e vencer as eleições, e se isso acontecer não será por alguma correção de rumo. O vício na origem de sua candidatura é irreversível. Eleição é eleição, e nesse sentido até Marta Jane, do pequeno PCB, e Washington Fraga, do um pouco maior PSol, também têm chances. Mas seria um milagre do acaso para zombar da lógica da realidade. Só isso.

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