quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O que eles querem?

Diário da Manhã

A falta de compromisso de Meirelles e Noleto com Goiás

É triste o papel dos políticos goianos do PMDB e do PT: obrigados a defender Lula, Henrique Meirelles e Olavo Noleto sem nenhum argumento concreto a favor. É que tanto o presidente quanto seus dois auxiliares nascidos em Goiás nunca trouxeram benefícios, nem jamais se destacaram no governo federal pelo encaminhamento dos interesses do nosso Estado.

Um articulista do Diário da Manhã escreveu dias atrás um artigo em que chamava a atenção para as mãos vazias de Lula, Meirelles e Noleto. Quanto ao presidente, tudo bem, entende-se a sua falta de compromisso. Ele não tem ligações afetivas com Goiás e dizem que se lixa para o nosso Estado porque temos um reduzido número de eleitores, insuficiente para influenciar as eleições nacionais.

Em relação a Meirelles e Noleto, a situação é outra. Ambos são filhos da terra. Os dois levam nas veias o sangue goiano e teriam a obrigação de usar os cargos que ocupam em Brasília para ajudar no atendimento das demandas que são positivas para Goiás. E ocupam cargos da maior importância: um é presidente do Banco Central, outro trabalha dentro do Palácio do Planalto e, no momento, ainda que provisoriamente, ocupa uma vaga de ministro.

O Governo Lula vem enrolando os goianos, há anos e anos, com obras que são da maior importância para o nosso desenvolvimento. A maior delas é a Ferrovia Norte-Sul, que caminha em ritmo acelerado no Tocantins, porém foi paralisada no seu trecho goiano. Meirelles e Noleto nunca moveram uma palha a favor da Norte-Sul no nosso Estado.

Outra obra de fundamental necessidade para Goiás é a construção do novo aeroporto de Goiânia. Na presença de Meirelles e Noleto, além de todo o PMDB e todo o PT estaduais, Lula prometeu em Goiânia, no dia 13 de agosto do ano passado, que o novo aeroporto seria retomado daí a poucos dias. Qual o quê! Continua tudo parado do mesmo jeito e Meirelles e Noleto nada fazem para ajudar a cobrar o compromisso do presidente.

Existem inúmeros outros projetos de destaque para o futuro de Goiás que aguardam uma definição positiva do governo federal. Mas Lula segue protelando e adiando, provavelmente acreditando que seria desperdício gastar com um Estado onde a massa de eleitores é tão insignificante perto do total de votos do País. Além disso, se ele, Lula, mesmo nada fazendo ou fazendo muito pouco por Goiás, tem o apoio do governador, do prefeito de Goiânia e de partidos importantes como o PMDB, o PT e o PR, e se também tem a complacência dos goianos que estão no primeiro escalão do seu governo, por que motivo gastaria preciosos recursos com o nosso Estado?

Meirelles e Noleto têm aparecido com alguma frequência em Goiânia. Infelizmente, nunca trouxeram boas notícias. Circulam por aqui mais para conversar e articular politicamente. Visitam o governador, visitam o prefeito, posam sorridentes para fotos e dão entrevistas à imprensa. Mas é só politicagem. Nem Meirelles nem Noleto anunciam verbas, informam sobre algum tipo de trabalho para desamarrar alguns das obras federais aqui paralisadas, nada.

O portal Ig publicou matéria, nesta semana, mostrando que os Estados onde os governadores dão sustentação política a Lula foram privilegiados na distribuição das verbas orçamentárias para 2010. Goiás, apesar das constantes manifestações de Alcides Rodrigues apoiando Lula, apesar de Meirelles e Noleto, não está na lista e é enumerado entre os que vão receber menos. Isso prova, matematicamente, que nem mesmo com as declarações apaixonadas do governador, do prefeito, do PMDB e do PP, Lula julga Goiás digno da mesma ajuda extra que dá aos Estados governados por aliados que são tão aliados quanto os daqui. O presidente deve achar que destinar recursos para Goiás é o mesmo que queimar vela para defunto ruim.

Com as mãos vermelhas de tanto bater palmas para Lula, os goianos Meirelles e Noleto as têm vazias para apresentar aos goianos – como disse o articulista do Diário da Manhã. Noleto é ainda pior do que Meirelles, porque este pelo menos é discreto e não bravateia nem fala pelos cotovelos. O ministro provisório, em seu último passeio pela terra natal, arrotou grosso, anunciando-se encarregado de montar uma frente de forças políticas, não para trazer recursos federais para Goiás, mas... para derrotar o senador Marconi Perillo nas próximas eleições.

Isso não tem cabimento. Isso é uma vergonha. Faltou pudor ao “ministro” Noleto. Montar uma frente para apresentar um projeto de futuro para os goianos, para garantir mais verbas federais, para estimular o nosso desenvolvimento econômico, eis uma atitude que mereceria o nosso aplauso. Entretanto, se é para “derrotar” alguém, se é para fazer política de vingança pessoal, isso é uma falta de respeito para com os goianos. É ter a cabeça pequena e o gosto por picuinhas que não engradecem Goiás.

Cid Ramos é jornalista e radialista

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