segunda-feira, 1 de março de 2010

Jornal Estado
                                 de Goiás
[ 28 02 2010 ]

POLÍTICA

As entidades classistas são essenciais na nossa história”

Entrevista com o empresário Wilson de Oliveira

Da Redação

O empresário Wilson de Oliveira é um entusiasta do classismo e do voluntariado. Atualmente, cumpre o seu terceiro mandato à frente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SIAA), é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), já foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), é membro ativo do Rotary Clube e de entidades como a Cruzada pela Dignidade. Segundo ele, essas atividades agregam valor à carreira empresarial, porque implicam em valorizar o próximo e servir ao bem coletivo. Na entrevista que segue, Wilson faz uma abordagem interessante sobre o papel, o trabalho e a contribuição que as representações classistas trouxeram e trazem para o desenvolvimento regional. O que, aliás, conhece bem em sua longa militância nas entidades de representação do setor produtivo. Ele ressalta o trabalho do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Goiás que, em sua opinião, teve um papel importante na história da industrialização de Goiás e, em especial, de Anápolis onde foi implantado o primeiro núcleo regional e que virou referência no Estado.


O senhor tem um histórico de participação em várias entidades de classe. Qual é a razão e a importância que o senhor vê nessa participação?

Vejo como fundamental. Tenho participado nos últimos 10 anos do Sindicato das Indústrias da Alimentação, do Núcleo da Fieg, da Acia, do Fórum Empresarial de Anápolis, do Rotary, da Cruzada pela Dignidade, enfim, de diversas atividades fora da minha agenda de empresário. E eu digo que isso tudo agrega experiências, valores, contatos e, acima de tudo, faz com que a gente participe da sociedade trabalhando pelo bem comum. Isso é o mais importante. E, quando estamos envolvidos nesta construção coletiva, estamos fazendo com que a nossa cidade e o nosso Estado se desenvolvam. Isso acontecendo, é bom para nós empresários.

O senhor fala no papel das entidades. Qual é a contribuição que elas têm dado aqui para Anápolis?

Posso dizer que, em grande parte das conquistas da cidade, as representações classistas estiveram presentes e participantes. Temos aí a Acia, desde 1936, engajada na industrialização do nosso município, somando forças para atrair investimentos, para cobrar melhorias no Distrito Agroindustrial, para defender os interesses dos empresários, para somar forças com os políticos para atrair melhorias também em outras áreas, porque podemos ter um belo distrito industrial, boa mão-de-obra e tudo, mas se a cidade não oferece condições, o empresário não vem investir o seu capital e gerar empregos. Temos também o Senai, que desde 1952, desenvolve um extraordinário trabalho de formação de mão-de-obra, que também é um elemento importante para que as empresas possam se instalar na cidade. Temos aí o caso recente da montadora Caoa/Hyundai, que fez a seleção de pessoal e capacitação tudo no Senai, valorizando o trabalhador local e isso acabou virando uma marca da empresa e essa imagem hoje corre pelo Brasil e o mundo.

O Senai e o Sesi são fundamentais para o desenvolvimento...

Sim, nós temos hoje muitos profissionais no mercado que foram formados através dos cursos mantidos pelo Senai. Quem conhece o Sistema Federação das Indústrias fica apaixonado pela estrutura que o mesmo oferece hoje em várias regiões do Estado. O Sesi desenvolve um trabalho excepcional na área social, de apoio aos trabalhadores, mantendo cursos regulares de educação e toda uma estrutura de apoio de lazer, entretenimento e cidadania. O IEL [Instituto Evaldo Lodi] atua na área de estágio, dando oportunidade aos nossos jovens de ter acesso ao primeiro emprego. Temos o ICQ trabalhando a parte de qualidade das empresas. Então, é um trabalho excepcional, hoje muito bem administrado pelo presidente da Fieg, Paulo Afonso Ferreira, que tem feito com que tudo isso funcione muito bem e seja um modelo para Goiás.

Em relação a Anápolis, como é esse trabalho?

Aqui em Anápolis, temos o Núcleo da Fieg, que é por assim dizer a primeira filial no Estado. No Núcleo, estão abrigados seis sindicatos patronais, inclusive o da Alimentação, do qual faço parte e tenho a honra de presidir por três mandatos. Pois bem, o Núcleo da Fieg já completou 10 anos em Anápolis e, se você me pergunta o que ele trouxe para a cidade, digo que foram inúmeras conquistas. Primeiro, a importância que foi dada a Anápolis pelo Sistema Federação das Indústrias, reconhecendo a importância do município como pólo econômico de Goiás. Segundo, tivemos com o apoio do Núcleo a ampliação da oferta de cursos do Senai, atendendo as necessidades das empresas, a ampliação da estrutura, a implantação da Faculdade de Tecnologia, que foi uma conquista muito grande e que teve também a participação do Núcleo. Agora mesmo, o Sesi da Vila Jaiara está passando por reformas e ampliação, também o Sesi do Jundiaí. No próprio Senai, tivemos uma série de benfeitorias no ano passado, por exemplo, nos cursos das áreas de confecção e marcenarias, que ganharam equipamentos novos. E, além disso, a participação institucional. O Núcleo coordenou a formação do Fórum Empresarial de Anápolis, que hoje congrega 19 entidades do setor produtivo, fazendo com que a representação do setor produtivo seja mais fortalecida. Sem contar o trabalho dos sindicatos patronais que atuam na representação legal dos seus segmentos e desenvolvem papéis também muito importantes. Temos dentro do Núcleo uma equipe enxuta, mas muito eficiente e isso é uma retaguarda para que nós, presidentes de entidades, possamos fazer o nosso trabalho. Posso dizer sem medo de errar, que o Núcleo da FIEG em Anápolis, nos seus 10 anos de existência, tem um legado muito grande de serviços prestados a Anápolis, sob a presidência do capital Waldyr O’ Dwyer, que é um pioneiro do classismo em Goiás, que tem seu nome reconhecido em todo Brasil. Ele é o nosso timoneiro, com mais de 90 anos e muita garra. E, ainda, temos a coordenação do Gilson Amaral Brito, que está conosco desde a fundação do Núcleo e tem uma enorme bagagem na vida empresarial e no classismo.

Como tem sido a receptividade a esse trabalho que o senhor mencionou?

O Núcleo da Fieg de Anápolis se tornou uma referência para a própria Federação, que tem apoiado todas as nossas ações. Também temos reconhecimento dos associados dos sindicatos, do setor público e do segmento político, porque buscamos sempre trabalhar em parceria. A sociedade talvez possa não conhecer, mas ela é beneficiada com o fruto das ações. E isso é o que realmente importa. Esse é o espírito do trabalho voluntário.

O senhor também é membro de outras instituições, como o Rotary e a Cruzada pela Dignidade. Qual a importância vê nessa atuação?

Para que as pessoas possam entender melhor, vamos de algo concreto. E um deles é o Projeto AABB Comunidade, que atende mais de 200 crianças carentes de nossa cidade. Lá elas recebem uniformes, participam de atividades esportivas, recreativas e culturais. Recebem, acima de tudo, o carinho de todos nós. Com isso, nós estamos contribuindo para formar bons cidadãos para o futuro; estamos contribuindo para manter esses jovens longe das drogas, do crime. É um trabalho espetacular, feito por dezenas de parceiros e Anápolis também virou modelo e referência no Brasil com este projeto social. A Cruzada pela Dignidade é mais recente. O movimento foi criado pelo juiz Carlos Limongi em 2007 para reunir esforços na luta contra as drogas, a violência doméstica. Um movimento para fortalecer a família, que é o principal núcleo da sociedade. Se temos famílias desestruturadas, certamente, teremos jovens entrando no caminho das drogas e do crime. Isso é ruim para a sociedade. O poder público sozinho não consegue conter esta escalada, daí, acaba sendo fundamental o papel da sociedade. Hoje na Cruzada pela Dignidade, temos mais de 300 voluntários, atuando em 12 comissões trabalhando em diversas frentes. Somos uma entidade não-governamental, devidamente legalizada e já tivemos o trabalho reconhecido por instituições de nível internacional.

Que perspectivas o senhor vê para Anápolis neste ano de 2010?

Anápolis vem caminhando com as próprias pernas. A indústria cresceu, o comércio cresceu e o município ganhou uma dinâmica muito grande. Claro que isso também gera problemas e demandas. Temos a necessidade de ampliar o nosso Distrito Agroindustrial, de consolidar projetos estratégicos como o Aeroporto de Cargas e a Plataforma Multimodal. Não são coisas que acontecem do dia para a noite, depende de muito trabalho, e é isso o que fazemos nas nossas entidades. Além disso, temos aqui a Base Aérea que já é uma referência entre as unidades da Aeronáutica e que deve crescer ainda mais com outros projetos em estudo, como centralização das operações logísticas aqui na Baan, o projeto da Brigada Paraquedista e o já consolidado projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia. O que é mais interessante é que de dois em dois anos, é feita a troca de comando e os comandantes que saem daqui, vão ocupar postos importantes na Aeronáutica, tanto no Brasil como no exterior e nós, pela boa acolhida que damos a esses comandantes no Rotary, nas entidades de classe, acabamos fazendo com que eles sejam verdadeiros embaixadores dos interesses de Anápolis. Ainda na questão econômica, temos ai a Ferrovia Norte-Sul, que será muito importante para o Brasil e, em especial, para Anápolis, que será o seu marco zero, fazendo conexão com a Centro-Atlântica e o ramal até Estrela do Oeste, em São Paulo. Esperamos que realmente as obras sejam concluídas e que este corredor de transporte venha dar mais competitividade à economia de Goiás. Através do Núcleo da Fieg, do Fórum Empresarial, temos nos empenhado em fortalecer a luta por estas conquistas, porque sabemos que nos últimos anos, a representação política de Anápolis não acompanhou a sua pujança econômica. Não é nosso papel interferir, porque somos apartidários. Mas é nosso dever estarmos juntos com todos aqueles que querem o bem e o crescimento da nossa cidade. 

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