POLÍTICA
Caixa de Pandora
Sem Arruda no Entorno, PSDB e PMDB disputam apoio de Roriz
Cúpula Tucana recorre a diretório nacional para tentar selar aliança com ex-governador
Bruno Rocha Lima
Após o escândalo do mensalão que devastou o governo José Roberto Arruda no Distrito Federal, PMDB e PSDB disputam mesmo parceiro no Entorno do Distrito Federal para as eleições de outubro: o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). A região, mais atrelada politicamente ao DF que a Goiás, tem papel fundamental na disputa por concentrar aproximadamente um terço do eleitorado goiano.
Sem a parceria com Arruda, o PSDB tenta através de sua cúpula nacional uma reaproximação com Roriz, que caminha para fechar aliança com os tucanos do DF para dar palanque a José Serra. Esperam repetir a dobradinha na região que ocorreu em 2002, quando Roriz apoiou a reeleição do então governador Marconi Perillo, algo que ocorreu de forma mais velada em 2006, com Roriz ajudando discretamente o governador Alcides Rodrigues (PP).
Só que o PMDB garante que já ter o apoio do ex-governador do DF e espera que a popularidade dele na região ajude a conquistar mais votos no Entorno, considerado o calcanhar-de-aquiles do partido. Roriz já anunciou publicamente que, caso o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, seja o candidato da sigla, vai fazer dobradinha com ele.
“Roriz tem gratidão com o PMDB goiano, que lutou para que o diretório do DF apoiasse sua candidatura. Além disso, sua relação com Iris vai além da política, é pessoal”, afirma o presidente do PMDB goiano, Adib Elias.
Os tucanos de Goiás acreditam que a aliança com o PSDB do DF, vital para que Roriz tenha tempo de televisão considerável no horário eleitoral, possa influenciá-lo a pelo menos não se engajar na campanha de Iris. “No Entorno, Marconi é muito forte e é ligado à maioria dos prefeitos e lideranças políticas expressivas. Por isso Roriz tem sofrido forte pressão dos aliados na região para não ficar contra o senador. Creio que podem até firmar uma parceria novamente”, afirma o prefeito de Luziânia, Célio Silveira (PSDB), aliado de ambos.
O ex-governador do DF já começou a articular com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o restabelecimento da aliança. Roriz teve em seu último mandato como governador (2003 –2006) a tucana Maria Abadia como vice.
Havia, no entanto, se afastado do partido após o PSDB aderir ao governo Arruda, seu adversário. Distanciamento que se estendeu também para a relação política de Roriz com Marconi.
“Roriz tem conversado com o PSDB nacional e caminha para fechar uma aliança, mas já deixou claro que não cogita qualquer acordo que envolva Marconi. Não há nem clima para os dois estarem no mesmo palanque este ano”, conta o deputado federal Marcelo Melo (PMDB), que é afilhado político do ex-governador do DF.
Aliados do ex-governador do DF dizem que sua relação com Marconi ficou estremecida desde 2007, quando teve de renunciar ao Senado para não ter o mandato cassado. Na ocasião, teria reclamado da falta de apoio do colega tucano.
Mas o ex-governador do DF afirma que, mesmo ao lado de Iris, não vai entrar em rota de colisão com Marconi na campanha.
Projeção
Para atrair o apoio de Roriz, o PSDB defende a tese de que Marconi tem luz própria no Entorno e a aliança seria boa para os dois. “No Entorno, o Marconi é mais forte que Arruda e Roriz, tem um eleitorado fiel. Enquanto o PMDB goiano depende do apoio de uma liderança da região, lá o Marconi que é procurado, não depende de votos de outros candidatos”, afirma o deputado federal Leonardo Vilela, presidente do PSDB goiano.
Mas a queda de Arruda atrapalhou um pouco a penetração de Marconi no Entorno do DF, admitem aliados políticos. Ainda que a tese recorrente no PSDB seja de que o tucano mantém intocado o capital eleitoral – de fato tem o apoio de quase todos os prefeitos e tem grande aprovação popular na região – com o escândalo o senador perdeu a estrutura política que o governo do DF lhe oferecia.
“É claro que essa confusão envolvendo Arruda prejudica Marconi. Ele perdeu um parceiro importante”, avalia Célio. Ainda assim, até o PMDB reconhece, nos bastidores, que a força política do senador no Entorno é superior à de Iris – apesar de apostarem que a queda de Arruda o tucano. Daí a importância da parceria do peemedebista com Roriz, que preserva substancial força política na região.
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