segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Anápolis: a nossa cidade!




O Jornal de Anápolis



Anápolis em busca de uma identidade política
A idéia de se formarem grupos locais, com a proposta de “defender os direitos do Município” esbarra na modernidade que tomou conta da política em nível nacional

Considerada uma cidade jovem (102 anos de emancipação política) ao se comparar com outras comunidades goianas e brasileiras, Anápolis reúne particularidades que a diferem, muito, do que se pode chamar convencional. Nascida como a grande maioria das cidades no final do Século XIX e início do Século XX ela, contudo, buscou vertentes variadas, motivo pelo qual, superou comunidades mais antigas no Estado de Goiás, como Rio Verde; Silvânia; Pirenópolis; Niquelândia; Porto Nacional; Pilar; Silvânia e dezenas de outras que já existiam há décadas, algumas há séculos no Planalto Central do Brasil.

Possivelmente por conta da localização geográfica estratégica e, muito mais, pela qualidade de vida oferecida já naquela época, o desenvolvimento sócio/econômico chegou mais cedo. Com ele, o desenvolvimento político. Em pouco tempo após suas implantação concretizada, Anápolis passou a gerar lideranças políticas importantes, muitas das quais brilharam no cenário regional e, até, nacional durante muitas décadas.

Hoje Anápolis apresenta ares de uma comunidade cosmopolita (cidade onde vivem pessoas de variadas origens) o que a remete para uma nova e diferenciada proposta política. Não é mais possível, por exemplo, se criar as chamadas “bancadas de Anápolis”, ou seja, grupos de políticos locais, tendo em vista os rumos que a cidade tomou. Para Anápolis, ao longo das últimas décadas, vieram centenas, talvez milhares de famílias oriundas de outras cidades do Estado e do País. São pessoas atraídas pela generosa quantidade de cursos superiores, oferecidos por três universidades e mais uma dezena de escolas do Terceiro Grau. Isto, sem contar o atrativo das empresas, principalmente do Distrito Agro Industrial e de uma série de outros fatores econômicos que oferecem milhares de empregos.

Política diversificada

A presença de grupos oriundos de outras regiões, com outras vertentes políticas, mudou o quadro existente na cidade até a década de 70, quando ainda era possível se eleger políticos com os votos locais. Os exemplos são muitos. Diversos deputados federais, e deputados estaduais, à época, saíam de Anápolis praticamente eleitos. Hoje, em que pese existirem mais de 200 mil eleitores na cidade, isso não é mais possível. Os moradores que vieram de outras regiões, deixaram lá suas raízes políticas, sentimentais e afetivas. Assim sendo, mesmo votando em Anápolis, milhares desses eleitores escolhem candidatos de suas regiões de origem. Daí, o registro, em todas as eleições, de votação surpreendente em candidatos que sequer visitaram Anápolis durante as campanhas e, mesmo, fora delas.

Solução

A idéia de se criar uma forte representação para Anápolis esbarra nesses fatores. A não ser que surjam nomes extraordinários, capazes de aglutinar as mais fortes tendências, independentemente das siglas partidárias, dificilmente Anápolis voltará a ter representantes exclusivos. As últimas eleições mostraram isso claramente. Candidatos por demais conhecidos e acostumados a ganhar eleições na cidade, acabaram se decepcionado com a votação obtida. Enquanto outros, sem muita presença na mídia local, levaram milhares de preciosos votos dos eleitores da cidade.

Diante disso, o que resta aos partidos políticos em Anápolis é buscarem nomes comprometidos com a cidade, sejam eles residentes aqui, ou não. Certamente que nos quadros locais existem nomes consistentes e qualificados para representarem, muito bem, o Município. Mas, conforme a análise de grande parte dos envolvidos no processo, não se vê como os mais de 200 mil eleitores votarem, somente, em candidatos registrados em Anápolis. Da mesma forma que candidatos anapolinos vêm sendo votados em outros municípios. Em eleição não existe “reserva de mercado”, valendo mais a qualidade do candidato, suas propostas e seu poder de convencimento. Este é o resultado, portanto, da direção tomada por Anápolis. A cidade cresceu e evoluiu nas questões econômicas e culturais. E, também, no aspecto político. Não há como retroceder e restaurar a antiga proposta de se ter bancada política própria. Ao contrário de algumas outras cidades no Estado, onde ainda é possível se canalizar a votação em torno de representantes paroquianos.

História

Ao longo de sua história, Anápolis formou importantes lideranças políticas. É o caso de Zéca Batista, considerado o principal político da história antiga da cidade. Depois dele vieram muitos outros. A partir da década de 50, surgiram nomes que brilharam no cenário político como deputados estaduais, deputados federais, senadores, suplentes de senadores, vices governadores, governadores e outros líderes. Anápolis gerou para a política três vices governadores (Jonas Duarte, Ursulino Leão e Onofre Quinan) todos tendo assumido, em épocas distintas, a Governadoria do Estado. Também elegeu governador o ex-prefeito e ex-deputado e ex-senador Henrique Santillo, que embora fosse paulista de nascimento, era tido como anapolino de fato. Santillo foi, ainda, Ministro da Saúde no Governo Itamar Franco. Para o Senado da República, além de Henrique Santillo, foi eleito outro anapolino: Onofre Quinan.

Como deputados federais foram destaques, nas últimas décadas, nomes como Fernando Cunha Júnior, Haroldo Duarte, Henrique Fanstone, Elcival Caiado Adhemar Santillo, Pedro Canedo, Lídia Quinan, Aldo Arantes, Rubens Otoni e outros.

Anápolis elegeu para a Assembléia Legislativa, dentre outros, nas últimas décadas, Haroldo Duarte, Henrique Santillo, Luiz Fernando, Milton Alves, Anapolino de Faria, Adhemar Santillo, Romualdo Santillo, Onaide Santillo, Habib Issa, Pedro Canedo, Wolney Martins, Rubens Otoni, Frederico Jaime Filho e, mais recentemente, Carla Santillo e Frei Valdair. Houve épocas em que Anápolis contava, simultaneamente, com três deputados federais e quatro deputados estaduais. Na última eleição, entretanto, somente um deputado federal (Rubens Otoni) e um estadual (Frei Valdair) conseguiram se eleger, assim mesmo, com o respaldo de votos obtidos em outros municípios.

Explica-se, também, a baixa quantidade de anapolinos eleitos, pela falta de renovação dos quadros políticos locais, atribuindo-se parte disso, ao período em que a cidade foi considerada de Interesse da Segurança Nacional e não tinha eleição para prefeito durante 11 anos. Mas, além disso, muitos líderes da época abandonaram a política, outros faleceram e muitos outros se mudaram de Anápolis. A expectativa fica para as eleições de 2010, com a possibilidade do surgimento de candidatos competitivos e que possam levar adiante a proposta política do Município. Voltar ao status político que existiu nas décadas de 60 a 90 é praticamente impossível. Os tempos são outros.

Autor: Nilton Pereira

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