segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ENTREVISTA





GIUSEPPE VECCI

“Marconi é o sonho com pés no chão”
Ex-secretário de Planejamento diz que o grande desafio do próximo governador será criar condições para geração de 70 mil empregos por ano

Da forma como está colocado, o empréstimo de R$ 3,7 bilhões para resolver o problema da Celg vai acrescentar de uma vez 33% à dívida histórica de R$ 12 bilhões do Estado, por isso tem de ser definido depois da eleição. Essa é a opinião do professor Giuseppe Vecci (PSDB), ex-secretário de Planejamento e da Fazenda na gestão de Marconi Perillo. Para o ex-secretário, o problema da Celg não é só resolver a dívida, mas também o modelo operacional da empresa daqui para frente: “E daí, qual é o modelo que vai ter na Celg? Senão daqui a um tempo estaremos discutindo um novo empréstimo para resolver uma nova situação.”

Vecci também alfineta o governo Alcides Rodrigues, que segundo ele não fez planejamento e só tentou erguer uma obra: a desconstrução da imagem de Marconi como governador. “As pessoas elegem governos para serem empreendedores, ter capacidade criativa, energia, garra para resolver os problemas do Estado e não ficar desconstruindo. A grande proposta deste governo foi falar que houve um déficit no passado, o que foi desmascarado por uma CPI.”

Ele expõe as principais propostas de um futuro governo tucano, baseadas no que chama de eixos de desenvolvimento cobrindo todo o Estado. Vecci afirma que não tem como prescindir da iniciativa privada trabalhando em consonância com o governo para proporcionar mais desenvolvimento e bem-estar às pessoas. “O governo Marconi vai fazer esse chamamento. Ele tem credibilidade para isso”, assegura.

Esses e outros assuntos estão na entrevista que o principal formulador do plano de governo de Marconi Perillo concedeu na quarta-feira, 11.


Euler de França Belém — Saúde tem sido uma reclamação constante da população. Como o plano de governo de Marconi Perillo trata esse tema?

A nossa equipe que elabora o plano de saúde, capitaneada pelo ex-secretário Fernando Cupertino, com outras pessoas, tem uma lógica. Primeiro uma estrutura menor em um município menor, depois uma estrutura mediana por regiões, depois os hospitais de referência em Goiânia. E essas unidades de referência devem ter um grau de autonomia melhor, calcado também em um contrato de gestão para poder prestar o serviço. Entendemos que a saúde não pode esperar. Temos que criar todas as condições. Sabemos que faltam recursos para a saúde, mas com os existentes temos que ser criativos, mais eficazes, para render mais. Uma das formas para render mais é uma gestão moderna.

Danin Júnior — O gestor terá metas a cumprir? Como será?

O contrato de gestão, como tem um lado que é para cobrar resultado, certamente contribui com méritos àqueles que cumprem. Do outro lado certamente haverá penalidades àqueles que não cumprirem. Se não for assim, não teria razão para fazer um contrato de gestão. Se você já tem outros instrumentos, você tem o orçamento, o PPA, um conjunto de outras questões. Entendemos que é preciso segurar efetivamente, criar um Norte e fazer com que toda administração pública se alinhe à estratégia de governo, ao Norte preconizado. Por isso o contrato de gestão, para poder qualificar. Hoje se trabalha muito aliança política e isso é normal, temos partidos os mais diversos que integram a base. E dentro do nosso partido também há pessoas que não necessariamente pensam igual. O governo, o planejamento, a prioridade do governo, dos contratos de gestões que estamos colocando, é nesse sentido de podermos dar ordenamento e trabalhar aliado com o planejamento.

Danin Júnior — Esse trabalho envolveria ONGs, terceiro setor?

Em toda administração pública, secretarias, autarquias, fundações e empresas do Estado, será feito com todas as ONGs que o Estado apoia financeiramente. Creche, por exemplo, nós damos recurso para o Estado para o contrato de gestão, queremos saber, além de apoiar precisamos focar em qual é a meta que queremos. Qual é a meta que queremos no caso das creches, dos asilos. Primeiro com a administração pública, depois com as ONGs que lidam com o Estado, terceiro com as concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas) que o Estado vir a fazer, ou seja, com a iniciativa privada para que ela possa também trabalhar com resultados. Essa prática tem que ser geral na administração pública.

Wilson Silvestre — Sabemos de experiências em que essa parceria, em determinado momento, sofreu interferência do Ministério Público, sob argumento de que além de não ter melhorado o atendimento, aumentou o custo dos repasses. O sr. não acha que nesse projeto pode ocorrer isso?

Temos o exemplo do Crer em Goiás, que está funcionando dentro desse novo modelo há cerca de seis, sete anos, e está funcionando a pleno vapor. O Hospital de Urgências de Anápolis também segue nesse sentido. Não há verdade única em qualquer modelo que você possa estabelecer. Temos clareza que da forma atual não está atendendo as necessidades da população. Entendemos que isso não é para toda a saúde do Estado. Vamos fazer alguns testes desse modelo de gestão nesse campo. Isso não vai ocorrer só na saúde. Não entendo que a questão tem que ser liberal, liberalismo, etc., não. A questão é que temos que fazer concessões dentro do Estado. Por exemplo, temos um número enorme de parques estaduais que precisam de investimento e não há recursos para isso. Não adianta só criar o parque, que é positivo, mas precisa pôr para funcionar. Como é que a gente pode, no interesse público, fazer o chamamento via concessão ou via PPP com a iniciativa privada. De repente não fazer a concessão integral do parque, mas para determinados serviços, para que a gente possa avançar. O Estado não tem recursos para atender a toda a demanda da sociedade, então a gente tem que ser criativo, chamar a iniciativa privada no interesse público e trabalhar conjuntamente. Um exemplo é o aeroporto de Goiânia. Estamos vivendo esse drama há tanto tempo. Se a União chamasse e falasse “vamos fazer uma concessão para o aeroporto de Goiânia”, no outro dia teria certamente muitos empresários, empresas interessadas em tocar. Com certeza ali vai virar shopping, de interesse comercial, econômico. Esse tipo de prática no Estado é que vamos ter de trabalhar. O PSDB tem colocado isso claramente.

Danin Júnior — Tem algumas situações específicas, pensadas dentro dessa estratégia?

Tem um conjunto de investimentos, de infraestrutura que é cara e vamos ter que de chamar.

Danin Júnior — Para as estradas o pedágio seria uma solução?

Temos que pensar no que possa dar rentabilidade. Goiás tem poucos trechos que podem dar rentabilidade financeira a uma concessão. Para isso temos que estudar, por que não? Naquilo que deixarmos de gastar dinheiro naquela concessão, além de recebermos, quer seja em termos de recursos, quer seja em pedágios menores. O Estado terá dinheiro para aplicar em outras regiões que necessitam. Temos 23 mil km de estradas no Estado, sendo 10 mil km asfaltados. Dos 13 mil km a serem asfaltados e dos 10 mil km asfaltados, temos 3,5 mil km precisando ser restaurados rapidamente. Isso é um grande investimento que tem que ser feito e vamos ter que ser criativos, chamar a iniciativa privada para poder, no interesse público, nos auxiliar no processo de desenvolvimento da infraestrutura, que é o terceiro eixo estratégico. Para Goiás se desenvolver mais do que se desenvolve, temos que criar uma infraestrutura para um Estado melhor do que nós já temos, uma infraestrutura no sentido mais amplo. Infraestrutura econômica, estradas, energia, telecomunicação, alcooduto, etc. Estradas para poder escoar nossa produção, estamos com o projeto de fazer 300 pontes pré-moldadas nos municípios para escoarem a produção. Precisamos avançar nessa questão. Não podemos ter perda, custos que não sejam produtivos, porque isso diminui nossa produtividade. Para isso temos que melhorar as estradas.

No caso da energia precisamos de linhas de transmissão, subestações que possam gerar. Para não ocorrer o que está ocorrendo no Entorno do Distrito Federal, em Cristalina e Luziânia, onde não há condição de instalar um pivô ou uma indústria a mais. Ou aqui em Goiânia, ou em Catalão. O que precisamos? O Estado já produz muita energia, precisamos de linhas de transmissão, de redes de distribuição e temos que avançar nesses investimentos. E são investimentos que interessam à iniciativa privada.

Danin Júnior — Um dos pepinos do próximo governador será ordenar o caos administrativo. O principal ponto desse caos é a questão Celg. Como isso é contemplado no plano de governo do senador?

Precisamos resolver o problema da energia. Por enquanto o problema está totalmente direcionado à Celg, mas queria primeiro distinguir que o Estado de Goiás precisa de energia. Energia não é de graça para ninguém, a Celg cobra. Para nós consumidores, ou quem quer que seja, precisamos de energia boa para auxiliar no desenvolvimento do Estado. A empresa Celg, da qual o Estado é majoritário, tem dívida muito grande com a Eletrobrás, com o Estado, etc. O que está se propondo nesse empréstimo, hoje o Estado tem R$ 12 bilhões de dívida, paga 15% até 18% do que ele arrecada com o serviço da dívida. O que vai ocorrer com esse empréstimo? Vai resolver o problema da Celg, mas quem é que vai pagar o empréstimo? O Estado, que vai pular de R$ 12 bilhões para quase R$ 16 bilhões de dívida. Acho sim que tem que resolver, só estou colocando um problema grave. Todos nós temos uma paixão grande em resolver o problema da Celg e certamente todos nós que participamos do governo, o senador Marconi Perillo, pensa que não podemos matar a galinha dos ovos de ouro, que é o tesouro do Estado. O tesouro do Estado então pode se endividar em mais R$ 4 bilhões, para atender 6 milhões de goianos, vamos fazer isso ou vai diminuir o grau de endividamento. O governo atual diz que não é dívida nova, é trocar seis por meia dúzia, porque a dívida estava na Celg e não no tesouro, e agora ela vai para o tesouro, o que vai comprometer os investimentos do Estado de Goiás durante anos. Você, de uma vez, está endividando o Estado em 33% a mais do que endividou a vida inteira. O resto, todo o histórico de dívida do Estado de Goiás, é de R$ 12 bilhões de dívida.

Andréia Bahia — O problema pode ser deixado para depois?

Não, não. Tem que resolver o problema da Celg. Mas tem de resolver afundando o tesouro estadual? Será que não há propostas mais criativas?

Danin Júnior — Qual é a proposta que consta no plano de Governo para esta questão?

É discutir alternativas melhores. Estamos entendendo que era para ser feito durante dois, três anos, e agora, no finalzinho, colocou-se uma questão dramática: se agora não fizermos o dinheiro só sai... A questão não é só essa, é achar a melhor alternativa. Os três candidatos têm interesse em resolver o problema da Celg. Nossos adversários, Iris Rezende e Vanderlan Cardoso, também têm interesse. É por isso que estamos preocupados com essa questão, porque é muito grave, tem sim que resolver o problema da Celg, mas temos que criar alternativa melhor.

“Concessão da Celg não vai ser cassada”

Andréia Bahia — Falam que o governo federal pode decretar a caducidade da concessão.

Não decretou em quatro, cinco anos vai decretar agora faltando dois, três meses para terminar o governo? Isso é uma questão política, interessa ao Estado de Goiás. Vai cassar a concessão e dar pra quem? Estamos discutindo, a todos nós interessa resolver o problema da Celg, ao senador nem se fala. E não somos só nós, o candidato Iris Rezende já externou isso. Ele também acha que essa é uma discussão para o próximo governo, tal a envergadura desse endividamento, tal o comprometimento que trará para as próximas gerações no Estado.

Euler de França Belém — Essa sua posição não é só porque o sr. está na campanha do Marconi?

Se isso tivesse sido resolvido no passado não estaríamos discutindo isso hoje. Esperou-se tanto para fazer em agosto?

Euler de França Belém — O problema da Celg pode ser resolvido em 2011?

Pode deixar para resolvê-lo daqui a 90 dias e certamente daqui a menos de 90 dias teremos um governador eleito. Não é questão de ser do PSDB, é questão de ver uma organização do tamanho do Estado, no finalzinho de um mandato, com uma coisa tão grande como essa.

Andréia Bahia — O governo diz que as negociações da Celg com a União foram dificultadas porque o governo Marconi deixou de cumprir uma série de compromissos.

Isso é o que ele diz. Não acho que seja assim. O problema dele é muito mais de estrutura do que fazer acordo. Provavelmente ele não cumpriu inúmeros, essa questão não é relevante. Qual é a ideia para a Celg, claramente? O que estamos discutindo, é só pedir um pouco de tempo para um assunto, para um problema muito grande para o Estado de Goiás. Só isso, sem muita paixão.

Euler de França Belém — Fica ruim para o tesouro estadual, mas fica resolvido o problema da Celg?

Não. Nós temos que resolver o problema da Celg. Não podemos persistir com essa indefinição, que não é só o empréstimo, é o modelo que a Celg vai operar a partir de agora.

Euler de França Belém — Se for feito o empréstimo vai resolver o problema da Celg?


Ex-secretário Giuseppe Vecci fala aos editores Euler de França Belém e Danin Júnior e à repórter Andréia Bahia: "Todas as obras paradas nós vamos terminar. E se tiver alguma deste governo para concluir, temos que terminar também, não vejo motivo nenhum de não terminar obra que seja de interesse da população"


Estão dizendo que sim. Não vi os detalhes do que a Celg se obriga a isso. A questão não é o empréstimo só. E daí, qual é o modelo que vai ter na Celg? Se não daqui a um tempo estaremos discutindo um novo empréstimo para resolver uma nova situação. Qual é o modelo operacional da Celg daqui para frente para que não ocorra novamente o que ocorreu no passado?


Euler de França Belém — Quando o sr. era secretário do governo tentou-se privatizar a Celg. Por que não deu certo?

Foi na época do apagão. Quando começamos a fazer o processo da Celg, já tínhamos clareza da situação difícil, então caminhamos para poder privatizar e ela tinha um bom patrimônio. Logo veio o apagão, que diminuiu o valor patrimonial de todas as empresas de energia do país. A Celg, que tinha pessoas que diziam interessadas, que pagariam naquela época R$ 1 bilhão, no segundo momento pulou para R$ 400 milhões, sem ter licitação. E no final do governo as pessoas foram lá e olharam direito em função do processo e queriam ofertar menos da metade disso. Não aceitamos, preferimos continuar com a Celg. Vender a preço de banana não interessava.

Euler de França Belém — O futuro da Celg é ser privatizada?

Primeiramente, tem de resolver a questão do endividamento, para o Estado, com calma, discutir novo modelo operacional da Celg. Modelo que possa dar a sustentabilidade de energia, que certamente o desenvolvimento de Goiás vai requerer. É isso que precisamos resolver, sem paixão. Precisamos resolver os problemas de transmissão para que as empresas que aqui chegam, que estão modernizando, possam ter energia a tempo e a hora.

Wilson Silvestre — Produção de energias alternativas é viável em Goiás? Já se faz em Goianésia e em outros municípios...

Com certeza. Apesar de Goiás ter uma produção boa, nós precisamos aumentar, criar fontes alternativas de energia, com a agroindústria, com o lixo, ou de outras formas que possam gerar energia, tudo isso é passível. Mas no dia que gerar energia vamos ter que nos preocupar. Essa energia gerada tem que ter uma linha de transmissão, subestações, que é o que estamos precisando hoje. Para não ficarmos só na energia, mas lembrando da infraestrutura, da importância dos investimentos em infraestrutura. Falei das estradas, apresentamos agora ao governo federal a duplicação da BR-60, no Sudoeste goiano, até Santa Rita do Araguaia; a 070, a 080, a duplicação de algumas estradas do Estado de Goiás. A telecomunicação, precisamos instalar banda larga e não é só pela questão da inclusão digital. Economicamente Goiás está devendo para Brasília, que tem uma banda larga com velocidade maior. As empresas, principalmente os bancos que operam dados, estão fazendo isso em Brasília, se mudando para lá. Precisamos ter isso como infraestrutura de desenvolvimento econômico, além da inclusão digital, que tem de ser estabelecida. Precisamos do alcooduto porque hoje somos grandes produtores de combustíveis e precisamos chegar a custo menor aos consumidores. O mesmo com o commodities para exportação. E precisamos também de uma infraestrutura social no Estado. Saneamento, tratamento de esgoto, temos que enfrentar isso para valer. Como vamos enfrentar isso só com recurso público? Temos que criar questões maiores senão não vamos resolver a questão do tratamento do esgoto. Marconi tem um legado nisso, na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Goiânia, que trata 70% do que é recolhido. Temos que avançar muito mais, melhorar essas bacias dos rios do Estado, que estão todas degradadas. É uma vergonha a gente ouvir que Goiânia é uma cidade ecologicamente correta, a cidade mais arborizada do mundo, com o Rio Meia Ponte podre há 40 anos. Isso foi olhado pela gestão do PMDB, dizendo que não era problema da prefeitura. Como que não é? Sei das instâncias e isso é mais Estado e federal, mas é um problema do município. Não dá para largá-lo dessa forma. As usinas de tratamento de esgoto e lixo que precisamos estabelecer no Estado. Tem de haver um trabalho nesse sentido.

Euler de França Belém — Mas no caso do Meia Ponte, o governo Marconi disse que iria despoluir...

Despoluímos um pouco do tanto que é coletado. A ETE trata 70% do que é coletado. Foi feito, mas é preciso fazer muito mais. Desde que o Marconi saiu isso ficou paralisado. Essas questões maiores têm que ter continuação. Cidade com mais de 50 mil habitantes, a maioria dos nossos municípios com os rios degradados, as bacias degradadas. Como é que vamos enfrentar isso?

Euler de França Belém — Nessa questão de recuperação, o programa de tratamento de esgoto paralisado, a Saneago não tem mais trabalho nisso?

Está indo com os recursos que ela dispõe. Precisa primeiro dar ênfase na prioridade de continuar a segunda etapa da ETE de Goiânia, de nós podermos continuar botando duto ao longo dos rios para poder coletar o lixo e o esgoto. Esse trabalho tem que continuar em Goiânia, é contínuo. E tem que ser feito investimentos durante anos.

Euler de França Belém — E no campo da tecnologia, o que se pretende fazer?

Outra infraestrutura, além da social, é a tecnológica. Hoje precisamos de formação para o emprego. Tecnologia para poder dar competitividade aos nossos produtos e tecnologia para poder formar mão de obra para gerar os empregos tão necessários. Para isso há um conjunto de propostas que estamos elencando. A implantação de 100 colégios tecnológicos de ensino médio. Não é construção não, é implantação, já tem espaços a vontade. Nós podemos, de acordo com a vocação da região, implantar um colégio tecnológico. Vai daqui para Brasília, se passa em Alexânia e vemos os móveis do mesmo jeito. Precisamos de uma escola para formar moveleiros. Algo que possa dar aos nossos trabalhadores condições de alcançar os empregos que estão sendo gerados. Temos duas empresas automobilísticas no Estado, a Hyundai e a Mitsubishi, com a possibilidade de ter a Suzuki, ter uma de trator. Mas cadê a mão de obra efetiva para fazer face a esses novos processos.

Euler de França Belém — Como é esse projeto?

Basicamente é uma experiência já exitosa no Brasil, no Paraná, em São Paulo, de criar escola técnica de ensino médio, aproveitando a vocação do município.

Danin Júnior — São as Fatecs (Faculdades de Tecnologia)?

As Fatecs são faculdades, essas são colégios. Por exemplo, voltando à questão do moveleiro, pode-se montar aproveitando um colégio que existe em Alexânia ou em Rubiataba, que são dois polos de móveis. Pode-se ter esse colégio com formação tecnológica para a indústria moveleira, para capacitar as pessoas com novas tecnologias, novos conhecimentos para poder fazer face ao desenvolvimento que a gente quer experimentar. É a instalação das unidades dentro de uma visão de infraestrutura, de tecnologia para Goiás. Nós, por exemplo, queremos implantar um eixo tecnológico de Goiânia a Anápolis. Já temos o projeto detalhado, queremos aproveitar os valores maiores que Goiânia tem do ponto de vista de tecnologia, o que já existe em Anápolis, a plataforma logística, indústria de fármacos, a possibilidade de termos uma base aeroespacial da Aeronáutica na Base Aérea de Anápolis. E somarmos a isso uma indústria digital, de software nessa região, aproveitando também ecologicamente os espaços de ecologia, criando indústrias e também empreendimentos imobiliários de Goiânia para Anápolis, que é um dos melhores espaços de desenvolvimento regional do Brasil.

Queremos criar de Goiânia para Anápolis um eixo tecnológico com incentivos, com apoio. Estimamos a construção desses eixos, na implantação dessa política de software, no polo aeroespacial, na ampliação da plataforma logística, em Goiânia com incentivo também para as empresas de saúde como polo econômico regional, como faculdade de medicina e o polo econômico da saúde. Aproveitar essa área de serviço de tecnologia e transformar Goiânia nesse polo maior. Só aí estamos imaginando, é lógico que isso é só previsão, que esse polo vai gerar 100 mil novos empregos. Foi feito um estudo pelo consultor que está nos auxiliando e ele levantou aí o número maior, fizemos até novos cálculos, são novos eixos e aí como vamos implantar essa infraestrutura tecnológica. Com a iniciativa privada, com projetos transparentes, em que possamos dar segurança jurídica às empresas para participarem dessas concessões, de implantar indústrias, etc. Para isso é importante a estruturação da administração pública, das agências de regulação, para poder fazer esse papel de o Estado estar mais no leme do desenvolvimento e não certamente no remo. No caso dos três eixos estratégicos, o primeiro da área social, estratégia radical da educação, saúde e segurança e proteção. A segunda de estruturação da nova administração pública, porque tudo que vamos fazer é pela administração pública. E o terceiro é essa da infraestrutura, quer seja econômica, quer seja social, quer seja tecnológico.

Danin Júnior — O governo, há uns dois anos, começou a falar que as administrações do Marconi não foram planejadas e que deixaram déficit para administração. O sr., como um dos homens do planejamento do governo Marconi e que respondeu pela Sefaz, qual sua visão sobre essa polêmica do déficit e do endividamento do Estado?

Primeiro, deixe-me corrigir. Sempre elogiaram muito o planejamento do Marconi. O governador Alcides elogiou inúmeras vezes o planejamento e discursou que esse planejamento fez com que Goiás multiplicasse o PIB por três vezes, melhorou os índices econômicos, criou uma infraestrutura que melhorou nossa competitividade, fez programas sociais, criou uma nova postura para a administração pública.

Sobre a questão do déficit, foi criada uma CPI que já respondeu isso. Talvez o grande problema deste governo foi tentar desconstruir a imagem do governador Marconi Perillo. A grande obra que este governo tentou inaugurar foi a obra do déficit. E a CPI veio e mostrou que não houve esses valores da forma como foram colocados, de maneira nenhuma. Isso demonstra o que Goiás precisa. Precisamos de governo que não fique chorando dificuldade financeira. As pessoas elegem governos para serem empreendedores, ter capacidade criativa, energia, garra para poder resolver os problemas do Estado e não ficar desconstruindo. Não tem uma proposta deste governo, do ponto de vista de planejamento. A grande proposta é falar que houve um déficit no passado. Esse assunto foi agora desmascarado pela CPI. Foi dado um basta, um ponto final e agora já estamos trabalhando há muito tempo com outras questões.

Danin Júnior — O que é preciso ser feito?

Precisamos sim melhorar a arrecadação de tributo do Estado. Desde dezembro o senador Marconi Perillo nos orientou que discutíssemos novas fontes de financiamento para o setor público, para os programas. Estamos discutindo um conjunto de propostas voltadas em novas engenharias financeiras. Por exemplo, temos cerca de 4 mil km de estradas para serem restaurados. Isso deve custar aí R$ 800 milhões, a R$ 200 mil o km. As pessoas dizem que tem que criar um fundo para poder fazer isso, porque senão a iniciativa privada... Nós podemos criar o Fitic, que é uma nova engenharia financeira poder pegar seja da dívida ativa, ou em cima de ativos que o Estado possa criar um fundo especificamente e lastrear esses investimentos. Não estou dizendo que vai ser assim, estou dizendo que esse é um tipo de alternativa. Fizemos o dever de casa direitinho com o Bird 1, que era para poder fazer todo o investimento do Estado. Infelizmente o governo paralisou, deixou perder o Bird 2, por isso estamos com um conjunto de atividades paralisadas. Ter percepção que temos que criar novas fontes de financiamento, chamar a iniciativa privada. Não pode é ficar chorando. Governo tem que ser ativo, transparente e voltado para o nosso cliente, que é quem paga a conta, o cidadão. Não adianta ficar chorando o dia inteiro. O governo atual há muito tempo está só chorando. O discurso, o diapasão é só um, “déficit público, déficit público”. E agora que mostrou-se que não houve déficit, que foi uma farsa, focou o que o governo?

Acho que águas passadas não movem moinho, temos que falar daqui para frente. Este governo se exauriu, está se acabando, temos que pensar o futuro, e é isso que o plano de governo de Marconi tenta refletir, um melhor futuro para Goiás. Temos uma pessoa bastante amadurecida, que é Marconi. Foi assessor do governo Santillo, deputado estadual, deputado federal, duas vezes governador, senador, uma pessoa amadurecida do ponto de vista político que vem agora somar todos os macro-objetivos que deseja para o Estado, certamente começar uma nova prática política para Goiás. Uma nova prática política de aliança, parceria, política de formação de novas lideranças, uma nova prática política que contemple e municipalize, não só com convênio, mas no processo de delegação e descentralização. Uma nova prática política que tenha uma aspiração e uma ascensão de Goiás a nível nacional. Eu disse em algumas reuniões que Marconi nos pediu que visitássemos alguns Estados. Fizemos benchmarking em oito Estados para poder elaborar o plano de governo e também benchmarking da proposta do plano de governo de Barak Obama. Em Minas Gerais vi uma coisa muito interessante. Aécio Neves, em 2002, colocou no plano de governo dele a proposta de ascensão de Minas Gerais no cenário nacional, do ponto de vista privado, do ponto de vista de ONGs e do ponto de vista de cargos públicos. Minas Gerais é o segundo Estado do País, e mesmo assim montou um programa de ascensão. Então, uma nova prática política que também coloque uma ascensão de Goiás no cenário nacional para a gente poder trabalhar as questões públicas de uma forma diferente. Estamos trabalhando e temos mais objetivos na área social. Desenvolvimento do ser humano. Cidadania já com o desenvolvimento do ser humano. Não há maior sustentabilidade e dignidade do que dar à pessoa carente a possibilidade dela ganhar dinheiro com seu próprio esforço. Temos que ajudar é nisso e não perpetuar o pobre para fazer dádiva com recurso público. Por isso estamos falando no desenvolvimento do ser humano, no sentido de ele gerar seus próprios benefícios e você não ficar com práticas políticas atrasadas, clientelistas, perpetuando condições que não são de interesse para a população.

Segundo, o objetivo econômico. Entendemos que Goiás sempre cresceu ou mais ou menos em relação ao País. A questão não é o crescimento econômico. Se nesta sala aqui um de nós ficar trilhonário o PIB per capita vai aumentar de todo mundo, mas só um ficou trilhonário. Em vez de crescimento econômico temos que nos preocupar mais com desenvolvimento econômico. Qual a diferença? O desenvolvimento econômico permeia a maioria da população. Em outras palavras, não é só crescer, é distribuir melhor as riquezas do Estado, dando oportunidade para todos os goianos. Vou dar um exemplo de que a proposta de governo está caminhando para esse sentido. Há uma crítica de que o Estado, nosso governo, todos, deram muitos incentivos fiscais para grandes empresas e foi verdade. Na política de desenvolvimento nacional, regional, tivemos que praticar, todos os Estados estão fazendo. Dizem que é preciso acabar com esse tipo de coisa. De maneira nenhuma, vamos estender para os micro e pequenos. Isso significa dar ao micro e pequeno o tratamento diferenciado de benefícios que a grande tem. O custo é muito menor e atende a grande maioria. Isso oportuniza e cria um processo de distribuição de riquezas.

O terceiro macro objetivo é na questão ambiental nas cidades. Precisamos melhorar a qualidade e o bem estar da população. Transporte coletivo das cidades, da habitação, do saneamento, do meio ambiente. E um conjunto de propostas que corroboram no sentido de podermos trabalhar efetivamente no desenvolvimento com propostas ambientais mais lógicas. O outro, administração. Nós precisamos reestruturar e estruturar a administração pública, reconstruir... tudo o que estamos dizendo aqui, tudo que os políticos discursam tem que passar pela administração pública. Temos que oxigenar, energizar essa administração pública para poder ajudar o governo que tem planejamento a executar aquilo que foi aprovado pelas pessoas nas urnas e ao mesmo tempo poder prestar um serviço melhor, de qualidade. Para isso não tem jeito. Se não se unir com os servidores públicos, e temos um legado de participação, de apoio, e temos agora um conjunto de proposta para o servidor público. Vamos retomar a questão da data-base do servidor público.

Euler de França Belém — Porque a data-base?

O servidor público não tem uma data em que possa lutar por melhores salários. Estabelecer a data base é estabelecer um diálogo do ponto de vista salarial com a classe dos servidores. Queremos cumprir imediatamente o piso do professor, queremos instituir política de mérito na administração pública, queremos criar um novo Ipasgo, que estamos chamando de Centro de Excelência do Servidor Público. O senador já se comprometeu a escolher a direção em lista tríplice dos servidores desse novo Ipasgo, que será voltado especificamente para atender o servidor público, ou seja, estamos trabalhando além do processo de capacitação do servidor. Precisamos deles, não tem como agilizar essa máquina, fazê-la diminuir a burocracia se não contarmos com o servidor. Primeiramente o servidor. Segundo usar novas tecnologias, TI para poder modernizar e agilizar a máquina. Criar software de planejamento, desenvolvimento, de controle para que essa máquina de uma forma geral crie as condições de prestar serviço melhor a um custo menor. Se assim dermos conta haverá recursos para a poupança e investimento.

Euler de França Belém — Do jeito que o sr. está falando fica algo meio eleitoral. Os funcionários públicos ficam com 60% da renda do Estado, como enfrentar isso?

Estamos em processo eleitoral e não podemos fugir disso. Não estamos propondo nada inconsequente. A data-base é lei e não está sendo cumprida, estamos dizendo que vamos cumprir. O piso para o professor também é lei e vamos cumprir. Estamos dizendo que vamos criar mérito, se temos contrato de gestão, queremos trabalhar com resultado, estamos dizendo que vamos capacitar. Se queremos modernizar temos que colocar o servidor para se capacitar. Falamos do novo Ipasgo. São readequações que não necessariamente têm custo maior.

“Temos ideia de montar dois orçamentos”

Euler de França Belém — São 150 mil servidores pegando 60% do dinheiro do Estado ou mais. Vocês não falam nada em abaixar, reduzir isso?

Primeiro, não tem como. Como você vai diminuir número de servidor em nível do Estado? Tem cargos comissionados para poder mexer, mas são irrisórios perante a folha de pagamento geral do Estado. Temos que aumentar a produtividade dos servidores para trabalharmos ganhos maiores, trabalhos maiores nessa massa salarial em prol da comunidade. Tem uma ideia ainda embrionária do ponto de vista de discussão, da gente montar não oficialmente, mas do ponto de vista de transparência, dois orçamentos. O orçamento de despesa corrente, no qual teríamos a receita e diminuiríamos aquilo que a gente vai gastar com o custeio da máquina, ou seja, o pagamento de folha, mais o custeio mínimo e isso daria um salto. Uma receita do Estado que recebemos em tributo, menos o custeio do Estado que está ancorado em duas grandes fontes, a conta de salário e a de despesas fixas. O que sobrar disso é o que seria déficit ou superávit para poder fazer o outro orçamento, que é o de investimento, aquilo que o povo necessita. Estou querendo mostrar com isso que cada vez que sobrar dinheiro desse primeiro orçamento de despesa corrente, significa que o Estado foi eficiente e está sobrando dinheiro para poder devolver para a população.

Euler de França Belém — A impressão é que o sr. está fazendo um plano de governo para os próximos 20 anos. Parece os comunistas que imaginam o paraíso na terra e colocam no papel.

Fico feliz de você imaginar que pensamos tão longe assim. Espero nunca perder a capacidade de sonhar, de ser utópico, como os socialistas. Hoje tenho o pé no chão. Vou pegar um exemplo do socialismo, o pragmatismo econômico. Temos que criar condição hoje de alavancar nossa economia. Já imaginou se conseguirmos duplicar nosso PIB, o que isso significa para nós? O que significa do ponto de vista de desenvolvimento econômico, que efeito multiplicador na mineração, na agricultura, no turismo, no comércio, no serviço, em todo o Estado. Para isso todo esse sonho, que não é sonho e sim demandas da sociedade, a gente tem que ter a capacidade de resolver esse conjunto de demandas. Para desenvolver nossa economia precisamos incentivar as indústrias, agregar valor aos produtos, aproveitando o boom que vive a economia brasileira de commodities. O Brasil ainda vai ter oito a dez anos, segundo os economistas, nessa capacidade boa de, via commodities, ter rendas. Mas isso vai acabar e teremos que ter outros valores agregados. Quando se fala no eixo tecnológico para Goiás o cara tem que ser ousado, tem que sonhar. Se não tivessem sonhado Goiás não teria o polo farmoquímico e as indústrias automobilísticas. Sonho é o primeiro passo do planejamento estratégico. Estamos montando 13 novos programas de desenvolvimento regional para alavancar o desenvolvimento do Estado e minorar os desequilíbrios regionais. Um programa, por exemplo, para o eixo do Rio Araguaia., de Luís Alves até Santa Rita do Araguaia, um conjunto de propostas multissetoriais com a cara do Araguaia. Pontes precisam ser feitas, formação profissional do ribeirinho, marca da cidadania para prestar serviço durante os 12 meses do ano para a população ribeirinha, construção de portos, etc. É preciso preservar o rio e ao mesmo tempo criar uma infraestrutura ao longo do eixo do Araguaia. Eixo turístico histórico, Brasília, Corumbá, Pirenópolis, Jaraguá e cidade de Goiás. Hoje se para em Pirenópolis porque a BR-070 não está pronta entre Itaguari até a BR-153. Queremos criar uma estrada à parte para cumprir esse eixo histórico dos nossos bandeirantes, atraindo renda de Brasília.

Tem o programa da Grande Goiânia, com uma marca de Goiânia, aglutinando todas as ações setoriais. Marconi vai lançar isso. Temos o programa do Nordeste de Goiás, o programa do Oeste, que está estagnado economicamente, do Sudoeste, do Entorno. Ontem tivemos a oportunidade de casar as propostas do Marconi na infraestrutura, que dependem do governo federal, com as propostas do governo Serra, através do coordenador dele, Chico Graziano. Elencamos um conjunto de propostas de interesse do Estado, como a duplicação de BRs, anel viário de Goiânia, construção do aeroporto de Goiânia, o apoio para a instalação da UFG em Catalão e Jataí, onde já existe câmpus avançados. Pedimos apoio para o VLT (veículo leve sobre trilhos) de Goiânia, que estamos retomando. Pedimos estudos do VLT de Luziânia até o DF, pois já existe a linha.

Euler de França Belém — É necessário VLT?

Não tenho dúvida, precisamos de transportes mais rápidos. Todos esses meios de transporte já testados no mundo inteiro, certamente proporcionam mais bem-estar e qualidade de vida à população.

Euler de França Belém — As propostas modernizantes de Marconi resistem à campanha eleitoral?

Elas são âncoras da campanha, são discutidas em tudo que é lugar. Fizemos cerca de 15 encontros regionais para apresentar o plano de Governo. E muitas ideias importantes e simples têm surgido desses encontros. Em Rialma um senhor sugeriu cercar as nascentes do Estado para preservar o meio ambiente. Incorporamos isso ao plano.

Euler de França Belém — Vocês devem enfrentar algumas duras críticas na campanha de que fizeram algumas obras e não concluíram, como o centro de excelência, o Oscar Niemeyer.

O Oscar Niemeyer é vergonhoso, faltava muito pouca coisa para terminar, foi uma birra política. O centro de excelência aumentou muito do ponto de vista do que era originalmente, dependendo de recurso do governo federal e não houve certamente as condições de que isso ocorresse a tempo e a obra também foi paralisada neste período inteiro. Todas essas obras vamos terminar. E se tiver alguma desse governo para concluir, acho que temos que terminar também, não vejo motivo nenhum de não terminar obra que seja de interesse da população. Lá no Entorno, por exemplo, todo mundo está pedindo para criar uma subsecretaria de Segurança, de Saúde, Agricultura... por quê? Eles estão dando o recado de que o Estado está longe da população. Estamos estudando para fazer em torno do DF um escritório regional de governo, descentralizar o governo inteiro para poder aproximar da população. É como se fosse um Vapt Vupt governamental do Entorno. Tudo que estamos falando aqui tem a ver com a capacidade do Estado de gerar empregos, para acolher as pessoas que estão chegando ao mercado de trabalho. Goiás tem 6 milhões de habitantes. Se fizermos os cálculos vamos chegar ao resultado de que é necessário gerar, por ano, 70 mil novos postos de trabalho só para os jovens que completaram 18 anos, para não aumentar o estoque de desempregados. Quem está à frente do governo tem que criar o ambiente necessário para que isso seja possível. E é esse ambiente que o Marconi representa efetivamente, numa visão de futuro, de enxergar lá na frente. Para potencializar a criação de 70 mil novos empregos por ano não é qualquer governador. Para isso, tem de ser um sonhador, ancorado em propostas factíveis, com visão para ver o nicho que Goiás pode ganhar no mercado nacional e internacional. Marconi representa essa visão. Aliás, Marconi sempre ousou sonhar, ele é o sonho com pés no chão, com senso de realidade, mostrou isso nos dois governos dele.

Andréia Bahia — As metas de geração de empregos já estão delineadas no programa de Marconi?

Cada proposta do plano de governo tem uma meta. Do ponto de vista de emprego estamos ainda somando todas as metas setoriais para quantificar melhor os empregos. Se nós executarmos conforme o planejado, geraria no Estado. Sabemos que esse projeto, se o implantarmos em quatro anos, gerará 100 mil novos postos.

Andréia Bahia — O Programa Bolsa Universitária será readequado?

Faremos a readequação. E é importante dizer que vamos usar as unidades da UEG para cursos tecnológicos, isso para atender do ponto de vista de ensino superior. A grande formação profissional e tecnológica que queremos fazer é dos colégios tecnológicos, que vai ser a escola técnica do governo Marconi.

Andréia Bahia — E a Renda Cidadão?

A formação profissional, ou seja, a questão da qualificação, da formação tecnológica somado a crédito, Banco do Povo, coisa barata, focada ali é que dará a porta de saída para as pessoas que momentaneamente necessitam do Estado para poder sobreviver.

Andréia Bahia — Explique melhor a questão dos incentivos fiscais para pequenas e médias empresas.

Queremos dar a eles os mesmos incentivos que damos às grandes. Hoje é permitido, mas há um conjunto de entraves e burocracias que dificultam a entrada de pequenas e médias empresas. Vamos abrir isso, estender de forma menos burocrática os incentivos, quer seja do Produzir, quer seja de outros que possamos implementar.

Acho que vamos ter que envolver muito o que a gente tem chamado de trabalhos extras, não excluindo o papel do Estado, mas de nos somar a um trabalho de voluntariado para algumas questões sociais. Já há uma grande rede de voluntários formada por grupos de serviços e queremos estender isso não só para as igrejas, maçonaria, como outros. Mas poder fazer isso do ponto de vista de pessoa física mesmo. Temos que ser mais solidários aos problemas que afligem outros que não são nossa família. Morei uma época no Canadá, em Vancouver, e me lembro que lá famílias inteiras se inscrevem em programas de voluntariado. No Brasil já existe essa cultura, mas é feita por esses clubes e associações e precisamos fazer um chamamento. Para fazer esse chamamento é preciso ter credibilidade.

Euler de França Belém - Qual a lógica ter um ramal da Ferrovia Norte-Sul para Santa Helena e não ter para Rio Verde?

Não quero acreditar que tenha alterado o trajeto da Norte-Sul por questões políticas, isso e uma obra nacional. Quero acreditar que está passando por Santa Helena porque estudos mostraram a necessidade, porque se não for assim é uma vergonha. Deve ter sido por motivos técnicos.

Euler de França Belém - Você quis lançar o Teleporto e não conseguiu. O que aconteceu?

Não fui eu. A prefeitura que não deu o uso do solo e o Ministério Público entrou com uma ação contra o Estado na época para montar o Teleporto. O Teleporto casa direitinho no centro do que estamos colocando no eixo de desenvolvimento tecnológico. Em 1999 já estávamos com essa ideia, imagina se naquela época a gente tivesse montado o polo de desenvolvimento tecnológico no Estado, hoje estaríamos longe. E Brasília pegou a ideia. Estamos retomando agora. Estamos pensando para aquela área um parque ambiental com mirante, elevador, coisa pequena, já que não precisa torre grande. E temos outras propostas para Goiânia, como fazer um mirante no Morro do Além; criar um memorial na Praça Cívica, onde é a antiga prefeitura; transformar a antiga rodoviária de Goiânia em um centro gastronômico. Infelizmente naquela época a ideia não foi encampada, não houve uma compreensão, mas ainda dá tempo. Estamos estudando o eixo de desenvolvimento tecnológico daqui para Anápolis..

Andréia Bahia - Se José Serra não for eleito Marconi terá como implementar o plano dele em Goiás?

Acho que todos os governadores eleitos no regime republicano ainda é uma forma de referenciar os desejos. Marconi sendo eleito, com o cacife que tem, e se por acaso não for o Serra o presidente, ele vai apresentar para a nova presidente do País como reivindicação do Estado. Essas picuinhas políticas existem e são naturais na época de eleições, mas depois há que haver convivência administrativa. Há o interesse do Estado de Goiás, pode ter menos apoio, etc., mas não acredito que haveria um desencontro dos interesses do Estado de Goiás junto a União.

Euler de França Belém - Se um eleitor lhe perguntar qual a diferença entre Serra e Dilma, o que o sr. responde?

Para mim tem uma diferença brutal. Admiro muito o José Serra.

Euler de França Belém - Eles são desenvolvimentistas?

Os dois tem linhas parecidas do ponto de vista político, começaram na esquerda brasileira, trabalharam em movimentos políticos, sociais, mas o Serra se preparou a vida inteira, é uma pessoa que tem uma capacidade grandiosa, que não esconde o que pensa. Tem uma posição definida há tempos sobre economia, sobre o que pensa. E entendo eu que ele é um cara moderno. Na minha percepção é uma pessoa importante para o Brasil fazer as reformas tão necessárias. É uma pessoa com estabilidade e compreensão da grandeza de nosso País. Ele não é um boneco, tem posição definida. Se Serra conseguir multiplicar isso, mostrar com clareza suas propostas e o antagonismo e a confusão a que a nossa adversária está submetida, do ponto de vista político e ideológico, certamente conseguirá reverter o que as pessoas estão demonstrando agora nas pesquisas. Há uma caricatura montada em cima da Dilma, ancorada na alta popularidade de Lula, mas o problema é que não será Lula que vai governar. O Brasil precisa de um presidente que tem estabilidade e compreensão da grandeza do nosso País. O Brasil precisa de José Serra.

Euler de França Belém - Serra fala de um programa de modernização que não é excludente. Mas ao mesmo tempo tem que fazer concessões, quando diz que vai dobrar o Bolsa Família. Por que isso?

Não acho que está fazendo concessões não. O Bolsa Família nada mais é que o programa do Fernando Henrique Cardoso. O Serra está dizendo que vai continuar o programa que teve origem no PSDB.

Euler de França Belém - Estou questionando a ampliação do programa. Parece ser uma questão eleitoral.

Acho que Serra tem que ser claro quanto a isso. A nossa adversária tem dito no Brasil que Serra vai acabar com faculdades, com Bolsa Família, vai privatizar o Banco do Brasil, acabar com a Petrobrás. Há um terrorismo do ponto de vista político. Serra tem de ser claro, dizer que vai continuar o programa que nasceu com o PSDB, que Lula ampliou. Ele dado exemplo na área de preenchimento de cargos públicos, tem sido muito enfático. Ele diz que parlamentar vai ajudar com emenda, mas em agências reguladoras vai colocar pessoas com capacidade de desenvolver. Tem colocado com clareza a questão dos juros, ele sempre se posicionou contra juros altos como esses do governo Lula. Ele tem colocado claramente a necessidade de avançar na capacitação para o trabalho. Há muitas propostas eficazes do PSDB.

Wilson Silvestre - O PT tomou o discurso da social-democracia do PSDB?

Tem oito anos de massificação publicitária no Brasil inteiro. Foi realizado o PAC, não sei o que, a mãe dos pobres, todo um discurso. O PSDB precisa retomar suas linhas programáticas que ao longo do tempo criou e defendeu claramente. O PSDB tem um legado de reformas feitas pelo Fernando Henrique que não podemos esquecer. Lula está surfando nessa onda, ele não fez nenhuma reforma. Ele aproveitou o momento, acho que de forma positiva. Na questão tributária continua uma questão tremenda, na questão política também, a previdenciária volta e meia aparece. E outras, a trabalhista. Imagine se nosso País continuar crescendo em média de 6%, 7% ao ano? Isso interessa para todo o Brasil. Por isso é importante ter pessoas como o Serra que não têm medo de fazer reformas, para que o País possa lançar os qualitativos de crescimento como estamos vendo em outros países.

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