quarta-feira, 4 de agosto de 2010





POLÍTICA

Campanha morna em Anápolis
Esperava-se uma disputa bem movimentada, mas o que se viu até agora foram desistências e candidatos que pouco aparecem ao eleitor

Marcos Vieira

Praticamente um mês depois do seu início oficial, as campanhas eleitorais dos candidatos a deputado com domicílio eleitoral em Anápolis seguem mornas. A expectativa de uma disputa acirrada pelo voto deu lugar a desistência e políticos que pouco tem promovido eventos nas ruas.

As exceções são dos dois nomes da cidade que buscam a reeleição: Frei Valdair de Jesus (PTB) na Assembleia Legislativa e Rubens Otoni (PT) na Câmara Federal. Experientes, com bases já definidas há um bom tempo, os dois conseguem se movimentar um pouco mais. Pesa a favor também de ambos uma estrutura de campanha mais visível – em parte porque os recursos chegam mais fácil para aqueles que com maiores chances, pelo menos teoricamente.

A semana passada terminou com a desistência do vereador Assef Naben (PMDB) de tentar uma vaga na Assembleia. O peemedebista não deu detalhes porque saiu da disputa. Antes da campanha, Naben declarava nos bastidores que contaria com o apoio do prefeito Antônio Gomide (PT). Foi, inclusive, um entusiasta na cidade da aliança entre PMDB e PT.

Outro que deixou a disputa foi o vereador Fernando Cunha (PSDB), que assumiu a campanha de Marconi Perillo em Anápolis. Segundo mais votado em 2008 para a Câmara Municipal, Cunha era cotado como uma das promessas nesta campanha. Acabou preferindo passar para os bastidores.

Na Câmara Municipal seguem na disputa ainda para o cargo de deputado estadual os vereadores Carlos Antônio (PSC), Dinamélia Rabelo (PT), Gina Tronconi (PPS) e Sírio Miguel (PSB). Para a Câmara Federal, continuam na campanha Mirian Garcia (PSDB) e Domingos Paula (PTB). João Feitosa, do PP, é primeiro suplente de senador na chapa encabeçada por Vanderlan Cardoso (PR).

A presença de metade da Câmara na disputa eleitoral acabou deixando também mornas as sessões ordinárias, que recomeçaram nesta segunda-feira (2). O pepista Pedro Mariano voltou do recesso com dez projetos, o prefeito apresentou outros dois e o debate no plenário relembrou algumas ações da administração municipal, algumas críticas disparadas contra a Saneago e ficou por isso mesmo.

Os vereadores-candidatos estão evitando temas polêmicos. Mais do que isso, evitam um envolvimento maior em alguns momentos, pois precisam estar com a cabeça voltada para a campanha, que suga as forças físicas e provoca um desgaste mental, sobretudo naqueles que estão dispostos mesmo a ganhar a eleição. Quem apenas entra para competir se contenta com o que tem.

A campanha em baixa voltagem dos candidatos de chapas proporcionais pode ser motivada não só pela falta de dinheiro, mas também pela recepção recebida nas ruas. Alguns novatos neste tipo de disputa precisam exercer uma paciência monumental para cativar o eleitor. Para quem busca um mandato de deputado, o programa na televisão pouca ajuda, já que o tempo para cada um é medido em segundos.

Aos estaduais também resta uma dobradinha que garanta estrutura de campanha. Pelo menos até agora, essas parcerias são pouco conhecidas. Algumas já consolidadas, como era o caso de Sírio Miguel e Barbosa Neto, acabou naufragando – o presidente do PSB desistiu de retomar uma cadeira na Câmara Federal.

Outro ponto que impressiona na campanha de deputados é a falta de bandeira de alguns candidatos. Muitos não se dão o trabalho de demonstrar ao eleitor que, caso eleitos, pretendem focar parte de seus esforços em determinada causa. Os candidatos genéricos podem até justificar que estão aptos a buscar votos em todas as camadas da sociedade, mas por outro lado perdem a chance de cativar determinado grupo.

E quando não se tem bandeira, o improviso sai bem pior. O eleitor, atento, já percebe que um político que tenta ser eleito para deputado não pode prometer asfalto ou outro tipo de obra. O motivo é simples: o cargo não tem essa atribuição, que é do Poder Executivo. Sutilmente, ao falar que a sua bandeira é infraestrutura, determinado candidato não promete o que não poderá cumprir, mas também não deixa de tocar em um dos temas de principal apelo para o eleitor. 

A quantidade de candidatos em uma chapa também faz com que o nome na disputa majoritária, ao visitar a cidade, tenha que dar atenção a todos. Nem isso tem se visto com tanta ênfase em Anápolis. Quando um dos três nomes principais da disputa ao governo aparece por aqui (Marconi, Iris e Vanderlan), a briga dos candidatos a deputado para aparecer na foto praticamente não existe.

Anápolis tem o 3º maior colégio eleitoral de Goiás com um eleitorado independente, que não se deixa levar pela simples proposta do bairrismo. O pedido para que se vote em nomes da cidade pode até parecer bem no papel, mas precisa de um apelo maior. A contrapartida são nomes com ideias, projetos e currículo.

Quando se fala em campanha morna não se pensa na ideia de santinhos espalhados pelas ruas, carros de som perturbando o sossego, comícios ou carreatas. O que se espera é uma disputa quente na apresentação de propostas. Entre experientes, novatos, eternos candidatos e alguns que estão na campanha apenas para fazer número, isso ainda foi visto em Anápolis nesta eleição de 2010.


Calendário

Agosto

17/8 – Início da veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV


Setembro

23/9 – Prazo para pedir a segunda via do título de eleitor

30/9 – Encerramento do prazo para debates e propaganda em páginas institucionais na internet


Outubro

1/10 – Encerramento do prazo para veiculação de propaganda paga na imprensa

2/10 – Encerramento do prazo para distribuição de propaganda política, carreatas e passeatas

3/10 – Primeiro turno das eleições

5/10 – Início da propaganda eleitoral para o segundo turno

31/10 – Segundo turno


Termina prazo para envio de 1ª parcial

Terminou nesta terça-feira (3) o prazo para que candidatos, comitês financeiros e partidos políticos que ainda não entregaram a primeira parcial da prestação de contas apresentem os documentos à Justiça Eleitoral. A divulgação desses dados será feita no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima sexta-feira (6). Até o momento, o TSE registrou o recebimento de aproximadamente 10 mil prestações de contas pelo Sistema de Prestação de Contas Eleitorais – SPCE, sendo seis de candidatos a presidente da República. O prazo para o envio da primeira parcial começou no dia 28 de julho.

Nesta primeira fase, devem ser entregues os relatórios discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro recebidos para financiamento da campanha eleitoral e os seus respectivos gastos realizados até o momento.

O SPCE é o sistema que os candidatos, comitês financeiros e partidos devem utilizar para enviar as informações e ele está disponível para download na página de internet do Tribunal.

De acordo com a Lei 9.504/97 (artigo 28, parágrafo 41), nesta primeira fase serão publicados os saldos de receita e despesa de candidatos, comitês financeiros e partidos. A indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente serão exigidos na prestação de contas final, que deve ser entregue em 2 de novembro. Quem for disputar o segundo turno deve apresentar as contas referentes aos dois turnos no dia 30 do mesmo mês.

A segunda parcial deve ser apresentada entre os dias 28 de agosto e 3 de setembro e os dados deverão ser divulgados pela Justiça Eleitoral no dia 6 de setembro.

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