terça-feira, 5 de janeiro de 2010

03 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

Artigo

A tática suicida do governo

A nova rodada da pesquisa Ecope/Diário da Manhã, publicada na última quinta-feira, 31, constitui-se no maior e mais detalhado levantamento estatístico realizado até aqui em Goiás a respeito das eleições para governador. Foram ouvidos quase sete mil eleitores em nada menos que 50 cidades do interior e na capital ao longo de 15 dias de dezembro. Ou seja, foi uma pesquisa de fôlego longo, completa, pormenorizada. Daí a margem de erro inferior a dois pontos percentuais, 1,8% para ser exato, admitida pelo Ecope. É a menor entre todas as pesquisas realizadas até hoje.

E o que as tabelas de percentuais revelaram? Nada que o mundo político, e aqui se inclui todos os partidos e suas lideranças e bases, não soubesse: o senador Marconi Perillo, do PSDB, lidera com ampla margem as intenções de voto para governador. Com tanta folga na liderança que é permitido afirmar que, se as eleições tivessem sido realizadas em dezembro, Marconi seria eleito governador já no 1º turno.

Também esse fato, a possibilidade de o virtual candidato tucano vencer as eleições sem necessidade de 2º turno, igualmente não se constitui numa novidade. Desde meados de 2009, quando todos os partidos de Goiás, especialmente os grandes e mais representativos, começaram a natural movimentação interna para criar a ambientação política para as eleições deste ano, com reflexos evidentes em parcelas cada vez maiores da população “externa”, percebeu-se que Marconi liderava a preferência do eleitorado em geral.

Naquele momento sim, metade de 2009, essa liderança do tucano era uma grande surpresa. Muitos não acreditavam que Marconi mantinha tanto respaldo popular depois de sofrer o mais terrível, arrasador e longo período de sistemáticos ataques contra aquilo que se convencionou chamar de seu “patrimônio político”. E não há dúvida sobre a grandeza desse tal patrimônio.

Um rápido olhar sobre a campanha de 2006 dimensiona com exatidão essa simbiose criada por Marconi com a esmagadora maioria da população de Goiás. Jamais, até então, Goiás tinha visto uma campanha em que até o principal candidato oposicionista, o hoje prefeito de Aparecida, Maguito Vilela, se recusava de forma peremptória a atacar as ações administrativas e políticas dos governos do tucano. Mais além, igualmente é feito inédito um candidato a governador com baixíssima expressividade popular sair de índices insignificantes nas pesquisas e chegar a uma consagradora vitória por prometer de maneira escancarada e sem nenhum constrangimento apenas e tão somente dar continuidade ao que estava sendo administrativamente realizado. Para fechar esta análise sobre o elo de confiança estabelecido por Marconi em seus governos com a população, basta dizer que ele é o único político de Goiás a receber mais de 2 milhões de votos numa única eleição.

Apesar de todos os ataques que sofre desde janeiro de 2007, as pesquisas de todos os institutos, em todas as possibilidades simuladas, mostram que o tucano continua sendo o grande favorito deste novo ano. Aliás, conforme o Ecope, favoritismo que continua em crescimento. Até onde isso vai não se sabe, mas é inegável que permanece como dantes apesar da política de destruição praticada pelo atual grupo que ocupa o poder. É uma tática suicida, simplesmente, que tem se revelado derrotada.

Não há outro sentido político ou eleitoral naquilo que o Palácio das Esmeraldas continua patrocinando e incentivando: o objetivo não é o de vencer, mas o de tentar impedir que o povo eleja Marconi novamente. É a estúpida tese de que existe alguma forma meritória de se colher uma derrota. É isso que o grupo que ora ocupa o poder tenta plantar. Uma derrota. Nada, além disso.

Afonso Lopes é jornalista.

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