sábado, 2 de janeiro de 2010

30 de dezembro de 2009

Diário da Manhã

O escândalo dos parquímetros

O advogado e controlador-geral da prefeitura, Andrey Azeredo, em artigo publicado ontem pelo Diário da Manhã, se arvorou no papel de dono da verdade sobre a tenebrosa operação para instalação e operação do sistema de parquímetros eletrônicos em Goiânia. Do ponto de vista do melhor aproveitamento do espaço público urbano, é inegável que essa medida poderá aliviar de certa forma o estrangulamento quase total do sistema de tráfego de Goiânia. Mas os parquímetros não são a solução final e definitiva. Eles se constituem somente em mais um instrumento e não devem paralisar as discussões e estudos sobre todos os problemas que tumultuam a qualidade de vida de milhares de goianienses nas ruas da Capital.

Isso posto, faz-se necessário descortinar o caso dos parquímetros de Goiânia, coisa que o funcionário da prefeitura não procurou fazer. Ao contrário, preocupou-se em tentar transformar uma lista de sérios indícios de crime em mera discussão e disputa política, distribuindo acusações contra todos aqueles que, na defesa dos interesses maiores de Goiânia e seus moradores, apontam as muitas e graves irregularidades do contrato acertado entre a prefeitura e a CDL, entidade da classe empresarial. Aliás, o papel do controlador é o de zelar pela observância das normas das licitações públicas e não defender o contrário, como tem feito Andrey.

Andrey afirma em seu artigo que a Prefeitura de Goiânia sempre observou os princípios constitucionais, como legalidade, economicidade e eficiência. Esqueceu-se de um dos maiores princípios a serem observados na administração pública: a impessoalidade. Principalmente, como é o caso, de administradores que há muito se veem em meio a sérios danos ao patrimônio dos goianos, como nos famosos casos Astrográfica e Caixego e a falência do BEG, utilizado para criar até uma rede de abastecimento financeiro para agiotas. Este governo que Andrey entende que não deve ser investigado no caso dos parquímetros é o mesmo que, há pouco tempo, se viu envolvido numa operação mesquinha, pequena e rasteira de furto de arroz na antiga Sociedade Cidadão 2000. Até comida destinada às crianças de rua já roubaram. E como foi resolvido o escândalo? Com a extinção da Sociedade Cidadão 2000.

Em nenhum momento Andrey fala sobre as suspeitas de que uma das figuras mais sorrateiras da República, Delúbio Soares, o operador nacional do “mensalão”, que responde a processo na Justiça como um dos 40 ladrões do dinheiro público conforme denúncia do Ministério Público Federal, pode estar por trás dos parquímetros de Goiânia. Pelo menos, foi o que a revista Veja publicou recentemente, mostrando inclusive que o contrato com a CDL foi feito sob medida para ser terceirizado para uma empresa cujos donos são íntimos de Delúbio. Empresa esta que foi criada há somente três meses e, aparentemente, com o único propósito de operacionalizar esse contrato da Prefeitura.

É curioso que se tenha desconhecido que o TCM, Tribunal de Contas dos Municípios, órgão de origem do funcionário público Andrey Azeredo, considerou todos os indícios sérios o suficiente para suspender imediatamente a sua aplicação. Sem falar no Ministério Público Estadual, que igualmente se posicionou contrário ao nefasto conjunto de suspeições sérias e fundamentadas contra a Prefeitura de Goiânia. Essas são instituições absolutamente avessas às disputas político-partidárias.

Portanto, conclui-se que “a verdade” preconizada pelo funcionário Andrey no artigo de ontem do Diário da Manhã é uma fantasia. Na prática, esse é um negócio nebuloso, como todos aqueles em que centenas de milhões de reais da população escapam para o bolso dos poderosos. É para evitar exatamente isso que todos querem que tudo seja devidamente investigado.

Por fim, Andrey Azeredo deveria falar sobre outra verdade. A que diz respeito à sua meteórica mudança de classe socioeconômica desde que, no primeiro mandato do atual prefeito, ocupava a Auditoria Geral do Município, estando agora como controlador-geral. Sem fantasias, desta vez.

Geovani Antônio é economista e vereador pelo PSDB

Nenhum comentário:

Postar um comentário