sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marconi: Maguito é culpado!

Diário da Manhã

Marconi critica venda de Cachoeira Dourada
Senador tucano reafirma que privatização da usina, em 1997, é o elemento que mais contribuiu para o endividamento da Celg, estimado em R$ 5,7 bi

“Está claro que foi a venda de Cachoeira Dourada que quebrou a Celg.” Com esta afirmação, o senador Marconi Perillo (PSDB), ex-governador do Estado, respondeu ao ser questionado a razão pela falência da companhia durante homenagem do Fórum Sindical aos senadores de Goiás. Marconi sucedeu o governo de Maguito Vilela (PMDB), que autorizou a venda da usina. Para o senador, seu governo não teve culpa na dívida de R$ 5,3 bilhões da empresa. A Celg virou briga política entre os partidos que disputarão as eleições em outubro deste ano.

Após o relatório da Fipe, explicado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na semana passada, figuras políticas do Estado culpam o peemedebista. A troca de farpas é diária desde a apresentação. O relatório destacou que a principal causa da dívida atual da empresa foi provocada pela venda da usina no governo de Maguito. O ex-governador alegou que seguiu ordens do presidente na época, Fernando Henrique Cardoso (FHC), e que foi pressionado para vender Cachoeira Dourada. Não parou por aí. Maguito não teve o apoio do prefeito Iris Rezende (PMDB), que afirmou não ter concordado com a negociação na época e que só responde pelas ações de seu governo.

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) e o presidente do diretório estadual do PSDB, deputado federal Leonardo Vilela, foram os primeiros a soltar bravatas contra o prefeito de Aparecida de Goiânia. Ontem, foi a vez de Marconi. Caiado foi incisivo. Lembrou a Maguito que governador não é eleito para agradar presidente ou qualquer outro político, mas apenas ao seu povo. O tucano se juntou ao democrata. Leonardo afirmou que Maguito não tem firmeza de caráter. “Maguito fez de tudo na época  para vender a hidrelétrica, chegando a apresentá-la ao mercado externo para atrair investidores, agora, quer culpar o ex-presidente Fernando Henrique pelo erro que cometeu. Isso é covardia.”

Maguito respondeu aos seus algozes. “Quarenta e seis por cento dos prejuízos acumulados pela Celg entre 1984 e 2008 são de responsabilidade do PSDB frente ao governo do Estado.” A informação do ex-governador está presente no relatório. “Do prejuízo total apurado pela instituição em 25 anos (3,07 bilhões), a quantia de 1,4 bilhão foi detectada nos oito anos do governo de Marconi.”

Até o filho de Maguito, o vereador Daniel Vilela (PMDB) entrou na briga dos tubarões para defender o pai. “O deputado Leonardo tem que parar de assinar notas e dar declarações que não são de sua autoria. Que ele pare de ser mero boneco de ventríloquo.”

Daniel Vilela também atacou Ronaldo Caiado. “É inegável a contribuição dele a Goiás. Mas ele precisa reavaliar suas práticas políticas e não dar pitacos na vida de ninguém.”

Encontros

O senador Marconi Perillo tomou café da manhã ontem com o Fórum Sindical dos Trabalhadores de Goiás. Ele e a senadora Lúcia Vânia (PSDB) foram homenageados pela entidade. O senador Demóstenes Torres (DEM) não foi ao encontro. Em seguida, Marconi foi à Câmara de Diregentes Lojistas de Goiânia (CDL) para um almoço com o Fórum Empresarial de Goiás. Durante o almoço, Marconi conversou de política com os empresários e disse estar “otimista” com a disputa eleitoral.

Diário da Manhã

PSol vê PMDB como maior culpado pela crise na Celg
Pré-candidato do PSol a governador diz que venda de Cachoeira Dourada e transferência de Corumbá I para Furnas comprometeram saúde da empresa

O diretor-executivo do Sindicato dos Trabalhadores Urbanos do Estado (Stiueg) e pré-candidato do PSol a governador, Washington Fraga, considera fatores determinantes para a inviabilização financeira da Celg a transferência da usina hidrelétrica de Corumbá I para Furnas, em 1986, no mandato do ex-governador Iris Rezende (PMDB), e a venda da usina de Cachoeira Dourada em 1997, no governo Maguito Vilela (PMDB). Em visita ao Diário da Manhã, na quarta-feira passada, ele falou a respeito da polêmica levantada pelo relatório da Fipe sobre o desequilíbrio da Celg.

Fraga concentra as críticas em Maguito, que, na sua opinião, “foi fraco ao se curvar diante da chantagem do governo federal”. O ex-governador e hoje prefeito de Aparecida de Goiânia afirma que, à época, foi forçado pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a privatizar empresas do Estado em troca da rolagem da dívida goiana com credores internacionais.

“A novidade é que, 13 anos depois, o ex-governador confessa sua fraqueza. Agora, é preciso lembrar que ele foi muito firme com os trabalhadores, firme além da medida. Quando administrava o Estado, ele demitiu mais de mil trabalhadores na Saneago, mais de mil servidores na Celg, perseguiu sindicalistas, exonerou mais de 14 dirigentes sindicais, suspendeu a contribuição do sindicato e levou à beira da falência quase todas as entidades de classe. Contra pessoas que não têm poder, ele é firme. De mão beijada, Maguito entregou o patrimônio do povo, sendo o maior mandatário de Goiás. Isso é muito grave”, afirma o diretor do Stiueg.

O pré-candidato do PSol ao governo acusa Maguito de vender a usina “a mando de Iris” e estranha recentes declarações do prefeito de Goiânia, em que se diz que sempre foi contra a privatização. “Todos nós sabemos que Iris é o dono do PMDB. É lorota sem tamanho ele dizer que foi contra a negociação. Por que, em 1997, Iris ficou calado, não se levantou em defesa dos interesses da população? Ele manda até hoje em Maguito, foi quem o levou ao poder. Que expressão política tinha Maguito para ser eleito governador? É aquele típico político mochila, que se elege nas costas dos outros”, afirma.

Fraga faz ressalva ao trabalho da comissão de deputados formada na Assembleia Legislativa para investigar a origem da dívida da crise da Celg. Na sua opinião, em vez de optar pela intimação do ex-presidente da companhia, os parlamentares deveriam intimar os três ex-governadores que administraram o Estado nos últimos 25 anos, a conferir: Maguito, Iris e o hoje senador Marconi Perillo (PSDB). Henrique Santillo, que governou Goiás entre 1987 e 1991, faleceu em 2002. “Sabedores das dificuldades que a empresa enfrentava, estes três nunca fizeram nada para alterar o perfil gerencial da Celg. Muito pelo contrário: estrangularam a companhia com contratos superfaturados de terceirização e pagamento de honorários advocatícios milionários, irresponsabilidade absoluta”, dispara.

A sua avaliação sobre a CPI diverge da avaliação dos peemedebistas, que acusam quatro dos cinco parlamentares da comissão de agir em conformidade com os interesses do PSDB. “Creio que o propósito desta CPI seja encontrar um bode expiatório, chegar a conclusões que não impliquem em responsabilizar os candidatos do PMDB e do PSDB ao governo. Porque todos estão ali pra disputar as eleições contra mim.”

O sindicalista é contra a venda de 41% das ações da companhia para Eletrobrás, conforme a exigência do governo federal para viabilizar o empréstimo do Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o saneamento da empresa. Acredita que a saída para o endividamento é uma mudança total no estilo de gestão da Celg, com a participação de entidades da sociedade civil organizada, como sindicatos de trabalhadores e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e cada vez mais imune a ingerências políticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário