sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Maguito: mentindo e sorrindo!

Diário da Manhã

Caso Celg: a irresponsabilidade de Maguito

Durante anos o Estado de Goiás reclamou da venda da hidrelétrica de Cachoeira Dourada, nada mais nada menos que a maior usina geradora de energia elétrica pertencente à Celg. E durante todos esses anos, o ex-governador Maguito Vilela, que, no comando do Estado, pulverizou esse grande patrimônio, se desdobrou em desculpas frágeis e desencontradas. A CPI da Assembleia Legislativa, por meio do relatório Fipe, que mostrou o histórico da Celg desde os anos 80, finalmente provou o que todos sabiam: a venda de Cachoeira Dourada comprometeu gravemente o futuro da maior empresa de Goiás, a Celg.

Seria natural que, após essa comprovação absoluta, feita por uma das entidades de estudos econômicos mais prestigiadas das Américas e ligada à USP, Maguito se rendesse às evidências e admitisse que errou, que calculou mal, que pecou gravemente contra os interesses públicos de Goiás. Mas, não, ele prefere continuar dizendo que não teve nenhuma culpa, que outras pessoas o induziram ao erro.

Seu alvo agora é o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Maguito diz que se viu obrigado a vender Cachoeira Dourada, naquilo que seria uma autêntica conspiração federal. Não importa se, na época, jamais se ouvira dele uma só frase denunciando essa ‘chantagem’ do Governo Federal. Aliás, como igualmente nunca se registrou que algum outro governador daquela época tenha alegado tal disparate para justificar alguma privatização. O máximo que se viu foi o gesto simbólico do então governador mineiro, Itamar Franco, que mandou tropas da PM para evitar que Furnas privatizasse hidrelétricas localizadas em Minas Gerais.

A desculpa de Maguito só apareceu anos depois, quando os problemas financeiros da Celg se tornaram muito graves. Só então Maguito ‘se lembrou’ que teria sido, em seu mundo distante da realidade dos fatos, obrigado a vender Cachoeira Dourada. Ele também jamais explicou se aquela ‘obrigação’ de vender incluía igualmente comprar energia dessa usina, após a privatização, com preços muito acima daqueles praticados pelo mercado.

O ex-governador sempre agiu dessa forma, como se nada daquilo que ele fez fosse assunto pertinente a ele próprio. Em tantos anos, só recentemente é que Maguito ao menos admitiu que a venda de Cachoeira Dourada foi um equívoco, como ele próprio afirmou em nota oficial após o inquestionável levantamento realizado pela Fipe dentro do âmbito da CPI da Celg. Ao mesmo tempo, porém, procura alimentar fantasias em seu mundo de faz de conta, como quando disse que a situação econômico-financeira do Estado como um todo representa 100 vezes Cachoeira Dourada. Ora, uma simples conta de multiplicação mostra o quanto Maguito Vilela está, ele sim, equivocado por completo. Cachoeira Dourada foi vendida por R$ 1 bilhão. Esse valor multiplicado 100 vezes daria a fantástica soma de R$ 100 bilhões. No seu desprepeparo para fazer contas, Maguito acha que esse é o tamanho das dificuldades do Estado de Goiás.

Não é a primeira vez que o prefeito de Aparecida de Goiânia comete desatinos com declarações desconectadas com o mundo real. Quando era governador, diante de um natural e salutar processo de reivindicação por melhorias de trabalho por parte dos policiais civis, Maguito, ao se negar discutir o assunto, disse que valorizar o servidor público era o mesmo que “salgar carne podre”. Por sinal, frase que ganhou nova versão recentemente de setores da atual gestão do Governo do Estado, que afirmaram que o funcionalismo é “o câncer da administração pública”.

Maguito está sozinho nessa empreitada de se escudar com fantasias, diante da verdade absoluta e inquestionável sobre o real efeito da venda de Cachoeira Dourada nas finanças da Celg. Até seu criador e mentor, Iris Rezende, disse que nunca concordou com aquela privatização.

Assumir a responsabilidade por seus atos é um dos atributos característicos do ser humano em idade adulta. É isso o que esperamos de Maguito Vilela, que ele assuma, como homem adulto que é, a sua responsabilidade pelos erros que cometeu quando foi governador, em vez de agir como criança, transferindo a culpa a outrem.

Gilvane Felipe é mestre em História pela Universidade Sorbonne Nouvelle, França, e presidente do PPS em Goiás

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